Acordei com a minha cabeça girando, estava com um pouco de dor. Olhei para o lado e vi Austin dormindo, seu rosto angelical, seu peitoral subindo e descendo, sua respiração calma. Sorri ao vê-lo daquele jeito, eu nunca sorri por ver alguém dormindo comigo, isso estava estranho. Fui até o banheiro e tomei um banho, escovando os dentes e lavando o rosto. Fiz uma maquiagem super básica e sai, só de toalha, para minha sorte ele ainda dormia. Abri minha mala e retirei uma blusa xadrez, uma calça preta e meu tênis branco. Pus a roupa, pentiei os cabelos e passei perfume, eu estava pronta para ir embora.
-Austin.- falei chamando ele, ele se virou para o outro lado, fazendo manha, como uma criança que diz "Ei mãe, só mais 5 minutinhos". Então não sei o que deu nele e ele meio que tomou um choque de realidade, eu estava com o rosto bem próximo do dele, e assim que ele abriu os olhos, eles se arregalaram e eu gritei, e ele gritou, e o mundo continuou silencioso. Não sei como, mas ele caiu sobre mim, eu bati minhas costas no chão e confesso que doeu um pouco, mas aí eu fui tomada por uma corrente de risos, que contagiou Austin, dois idiotas caídos no chão, rindo de sua própria desgraça. Que lindo, chega a ser emocionante. Paramos de rir aos poucos e o olhar dele foi me filtrando, e eu comecei a estudar o rosto dele de perto, ele era muito lindo de perto, a íris dos seus olhos eram as mais atraentes que eu já havia visto, ele tinha um jeito de homem com essência de menino, então eu percebi, ele era um menino, confuso e medroso, que tinha que vestir essa capa de homem, esperto e realista, para poder ter uma vida sociável. Seu sorriso foi desaparecendo, até seus lábios ficarem entreabertos, assim como o meu, não sei se por instinto ou atração, mas, seu rosto foi descendo, e sua respiração já era bem próxima da minha, então elas se tornaram uma só, nossos olhares iam diretamente para as nossas bocas, parecia que o mundo ao redor havia parado, eu só conseguia ouvir a sua respiração forte muito próximo de mim, fechei meus olhos quando nossos narizes roçaram um no outro, e quando eu senti o ar quente saindo de sua boca e encostando na minha, a campainha soou, fazendo-nos despertarmos do nosso transe, nós arregalamos os olhos, assustados com o que estávamos prestes a fazer, então ele saiu de cima de mim e correu pro banheiro, eu levantei, um pouco extasiada e fui cambaleando até a porta, tudo dentro de mim dançava, e uma pequena euforia se criava dentro do meu estômago. Abri a porta e lá estava um funcionário do hotel.
-Café da manhã senhorita.- ele disse empurrando uma mesa para dentro do meu quarto, eu permaneci ao lado da porta, intacta.
-Senhorita?- ele chamou novamente. Foi quando eu acordei e fui até minha bolsa, tirei um dinheiro e lhe dei de gorjeta, o senhor agradeceu e saiu do quarto.Nós tomamos nosso café e enfim saímos do hotel, já estávamos na estrada, o silêncio dominava o carro, estava uma tensão envolta de nós, ele parecia estar arrependido e assustado, já eu me sentia viva, mas ainda sim, assustada.
Foi uma viagem longa então chegamos a noite em casa, as luzes da sala estavam ligadas, suspeitei que todos estavam lá. Saímos do carro e ele colocou minhas malas no hall de entrada da minha casa.
-Tem certeza que não quer ajuda com as malas, senhorita?- ele disse, voltando aos costumes anterior, me chamando de "senhorita".
-Tenho Austin, muito obrigada por tudo.- disse e o abracei, ele demorou um pouco até me enlaçar com seus braços, estava ainda assustado. Meu estômago fazia uma festa, mas aquele vazio dentro dele me deixava mole, eu estava com aquele friozinho na barriga, que não era nada bom. Me afastei do corpo dele e cravei meus olhos nos dele.
-Austin... Não precisa ficar assustado pelo que aconteceu hoje de manhã.- falei tentando sorrir, ele parecia desconcertado.
-O que aconteceu hoje de manhã?- perguntou uma voz, alguém estava ali atrás de Austin, eu gelei, Austin estremeceu, evitando se virar para encarar a pessoa que estava atrás dele. Era meu irmão, Alex. Sorri falsamente para ele e disse:
-Austin estava com medo, porque eu perdi uma reunião, ele achou que papai fosse demiti-lo por irresponsabilidade.- falei, parando ao lado de Austin, ele finalmente se virou para meu irmão e acenou com a cabeça, logo depois a abaixou. Meu irmão parecia estar se divertindo com aquilo, como se tivesse pegado o rato na ratoeira, seu sorriso perverso nos lábios não me deixava mentir.Acabei com aquela conversa, alegando que precisava descansar, então vi Austin sumir pelos fundos de casa, falei com todos na sala e recebi um olhar sombrio do meu pai. Subi pro meu quarto e fui tomar um banho, coloquei uma camisola e me deitei para ver meus email's, acabei pegando no sono em cima dos teclados do computador.
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A Filha de um Milionário
De TodoE quem diria que uma esquina que eu cruzaria transformaria minha vida de uma maneira absurda.