-Você não tá conseguindo dormir também?- perguntou Austin, suspirando exasperado.
Abri meus olhos e os fixei no teto, deixando meus ombros relaxarem, eu estava muito tensa.
-Não.- falei baixinho.
Ficamos em silêncio por um tempo, provavelmente, assim como eu, Austin também mantinha seus olhos fixos no teto descascado.
-Eu espero que você esteja sentindo falta de mim, tanto quanto eu estou sentindo de você.- ele disse, quebrando o silêncio, aquilo me pegou totalmente de surpresa, Austin sentiu minha falta, Austin está sentindo minha falta! Eu quis pular no colo dele e o beijar loucamente, mas a minha consciência gritava dentro da minha cabeça. Me mantive intacta debaixo dos cobertores, arfei e finalmente encarei os olhos deles no escuro, ele já me encarava, isso me fez estremecer.
-Austin.- falei em um fiapo de voz.- Eu...eu..
-Shhh...Não diga nada.- ele sussurrou. Me calei e engoli grosso. Voltei a fixar meu olhar no teto, quando de repente sinto a cama afundar e logo depois sendo preenchida, mantendo o equilíbrio, em seguida sinto o toque quente da pele de Austin fazendo contato com a minha pele, estremeci, meu corpo todo foi tomado por uma corrente elétrica, me manteve ligada e acordada sobre o toque dele, Austin estava ali do meu lado deitado e eu simplesmente não sabia o que fazer.
-Austin...- sussurrei de olhos fechados, ele pediu que eu ficasse em silêncio, mas estava impossível, meu corpo estava inquieto debaixo daquelas cobertas, eu estava tremendo. Até que isso cessou, quando senti os braços quentes dele envolta da minha cintura, me tirando todo o ar e me fazendo respirar de uma maneira descontrolada, ele me abraçou e aconchegou minha cabeça no peito dele, como ele sempre fazia, afagando meus cabelos em suas mãos, como se ele nascerá para fazer aquilo. Levantei minha cabeça e deixei meus olhos percorrerem a extensão de seu corpo, desde o peitoral até os seus fios de cabelo desgrenhados, ele se arrepiou, eu pude sentir. Ao meus olhos pararem nos seus, ele me encarou com um sentimento nos olhos, não sei qual, mas aquilo estava estranho. Então ele beijou minha testa, beijou minha bochecha esquerda, depois a direita, meu queixo, meu nariz e quando seu nariz roçou no meu, eu me deixei afogar naquilo, quando eu menos pude perceber, seus lábios se encostaram nos meus, com um misto de desejo e ternura, seu toque era quente e delicado, e ele deixava aquilo se desenrolar com muito carinho. Meu corpo ficou eletrizado, como se eu tivesse tomado vários choques ao mesmo tempo, e tudo dentro de mim foi colorido denovo, como se meus órgãos estivessem dormindo calmamente e Austin os tivesse acordado, até o sangue em minhas veias queimavam. Por um momento eu esqueci de tudo e todos, como era quando eu estava com Austin, ali era só eu e ele. O beijo foi acabando, mas Austin parecia não querer que aquilo acabasse, e eu também não queria, mas acabou. Ficamos ainda com os lábios colados, os olhos fechados e a nossa respiração ofegante se confundiam de tão perto.
-Queria que isso nunca tivesse um fim.- falou.- Eu nunca disse isso pra ninguém, a não ser pra minha mãe e meus irmãos e minha tia, mas...- abri meus olhos, esperando pelo que ele iria dizer, ele também abriu e me encarou.- Calí, eu te amo.Eu abri e fechei a boca diversas vezes, meu coração estava pior que escola de samba, e tudo dentro de mim não estava funcionando corretamente. Meus olhos marejados, já os de Austin brilhavam. Tomei fôlego e sorri, depois puxei Austin para perto de mim e embarquei em mais um beijo daqueles.
-Eu também te amo, meu Augusto.- falei parando o beijo, ele me encarou surpreso, e depois sorriu feliz, nós dois começamos a chorar, e depois o choro foi se tornando em dor.
-O que nós vamos fazer agora?- perguntou baixinho como se estivesse medo da resposta. Suspirei.
-Eu te amo, mas não quero atrapalhar sua vida.- falei.
-Para, Calí.- disse.- Você não me atrapalha e nem vai. A gente precisa um do outro.
-A gente precisa é dormir.- falei me virando para o lado oposto, encarando a mesa de centro, meu coração não estava normal, demorou um tempo, mas Austin respirou fundo e saiu do colchão, voltando para o seu sofá."Calí, eu te amo..."
Não saia da minha mente as palavras dele. Era a única certeza que eu tinha, Austin me amava e eu o amava.
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A Filha de um Milionário
De TodoE quem diria que uma esquina que eu cruzaria transformaria minha vida de uma maneira absurda.