Capítulo 21 - A Descoberta.

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Quase um mês depois...

A semana nunca esteve tão tedioso como estava hoje. Eu estava jogada na minha cama, apenas observando o sol radiante que adentrava o meu quarto, o dia parecia calmo e silencioso, o vento também estava dando as caras, ricocheteando as folhas das árvores do jardim da minha casa. Suspirei pela décima vez e fui até a minha escrivaninha, onde estava meu celular, a tela ascendeu ao meu toque e no visor marcava 15h59 da tarde. Joguei o celular denovo na escrivaninha e pus minhas havaianas, então desci para a cozinha.

-Olha só quem decidiu aparecer?!- falou Mia, sorrindo, era a primeira vez em um mês que eu vi ela sorrindo denovo. Sorri de volta e pus as mãos no bolso do shorts, parei no portal da cozinha e observei a cena. Mia, Alex, Amber e meu pai estavam sentados a mesa, tomando um café e dando risada, eu sempre ficava de fora...
-Mia estava comentando aqui sobre a faculdade dela.- Alex disse sorrindo por trás da xícara.
-Essa menina é adorável.- Amber disse sorrindo e afagando os cabelos da filha, com as mãos.
-É...é mesmo...- falei baixinho e encarando o chão.
-Algo errado, Calíope?- perguntou meu pai, com os olhos semicerrados e o queixo empinado.
-Não...não pai.- falei, mordendo meus lábios e olhando pra parede de vidro da cozinha, dava direto para o jardim.
Eu não sei porque estava tão sentimental, estava me sentindo só, Austin ultimamente mal se esbarrava comigo, mas depois sempre compensava.
Eles voltaram a conversar, me ignorando completamente.
-Vou dar uma volta no jardim...- falei, mas duvido muito que eles tenham ouvido, mesmo que eu tenha falado alto.
Então me virei e fui para os fundos da casa, passando rapidamente pela cozinha, percebi que havia alguém na cozinha bebendo água provavelmente, mas passei mais rápido que um furacão.
Então chegando ao jardim eu comecei a caminhar por toda a grama verdinha, até dar de cara com uma pequena casa de vidro, lá estava ela, a tal estufa. Fazia muito tempo que eu não vinha até aqui, mas ela continuava limpa e bela, bem conservada. As flores podadas exalavam um cheiro doce, parecia mais com o cheiro da minha mãe. De repente lágrimas atingiram os meus olhos, como um verdadeiro tsunami. Comecei a chorar, e só então percebi o quanto eu estava fraca e vulnerável. Me assustei terrivelmente com os meus soluços, deixei meu corpo deslizar pela parede de vidro e sentei ao chão gelado, deixando as lágrimas caírem sem dificuldades. Até que sinto alguém me abraçando, mãos grandes e quentes apertando minha pele, meus olhos estava tão cheios de lágrimas que eu não pude enxergar bem a pessoa que estava ali. Sem pensar acabei chorando no ombro do desconhecido, nem tão desconhecido...
-Ei..ei, o que aconteceu?...- perguntou, o desconhecido era Austin, bem que eu desconfiei do perfume e das mãos tão compatíveis com meu corpo.
Sequei meu rosto com as mangas da minha blusa e ele me ajudou a me levantar.
-Não foi nada, Austin...- falei com a minha voz falhando.
-Ninguém chora por nada, Calí.- disse firme e apertando minha cintura com suas mãos macias.
-A gente tem que conversar...- falei séria e é ele adotou uma expressão surpresa.- Mas depois, agora eu só preciso de carinho.
Então sem parar pra pensar ele me envolveu nos seus braços e me abraçou carinhosamente, como se eu fosse um pequeno filhote e ele fosse um urso grande que estava ali para me defender. Cravou seus olhos em mim e colou nossos lábios com muita vontade, o beijo aconteceu com facilidade e foi acontecendo com muito carinho. Foi uma explosão de sentimentos dentro do meu peito, meu estômago se embrulhou como acontece sempre quando estou com Austin. Estava tudo indo bem até ouvirmos um barulho, paramos o beijo rapidamente e nossos rostos se afastaram, olhamos diretamente pra entrada da estufa de onde veio o barulho e como não vimos nada, voltamos a nos beijar.
-Interessante ein dona Calíope Hall.- falou uma voz grossa, como trovão. Depois limpou a garganta, fazendo com que eu eu Austin nos separassemos. Viramos bruscamente e senti o corpo de Austin estremecer. Engoli em seco e senti um frio percorrer a minha espinha.
-Pai? Não é isso que você está pensando.- falei, minha voz saiu como um fiapo.
-Não é isso que eu estou pensando? Calíope, eu estou vendo!- gritou, pondo as mãos na cintura e nos encarando com o olhar frio.
-Mas pai...- tentei falar mas ele me interrompeu.
-Sem mas, Calíope!- gritou para mim.- E você garoto, está despedido!- falou raivoso para Austin.
Senti meu peito doer e o ar faltar.
-Pai, deixa eu conversar com você antes que você tome decisões precipitadas!- gritei atribulada.
Meu pai ficou nos encarando, como se estivesse considerando a possibilidade de nos escutar. Austin parecia estar transtornado. E eu só queria que nada daquilo estivesse acontecendo.
-Você vai poder conversar comigo, mas esse garoto está fora daqui!- falou ele, Austin então por sua vez, correu para dentro da casa. Comecei a chorar e meu pai ficou passando as mãos no seu cabelo, parecia querer arranca-los.
-Daniel? Querido?- a voz de Amber soou no jardim, olhamos para trás e vimos Mia, Alex e Amber vindo em nossa direção. Meu pai correu até ela é a abraçou, fui atrás, parando um pouco distante deles.
-Você se lembra?- meu pai perguntou, era incrível como conseguia mudar de humor repentinamente, agora ele não parava de sorrir, eu agradecia por Amber ter lembrado de tudo, mas, ainda tinha uma bomba nas mãos. Então corri para o único lugar que eu desejaria estar.
-O que você está fazendo?- perguntei assim que fechei a porta do quarto de Austin, ele estava pondo suas roupas em uma mala que estava em cima da cama.
-O que tem que ser feito.- falou sem humor nenhum.
-Não Austin, eu vou conversar com ele, por favor, fica.- pedi, tocando seu braço e implorando para que ele ficasse.
-O seu pai não vai voltar atrás, Calíope. Não vamos nos iludir quanto a isso.- falou se afastando de mim, senti uma dor tão grande, uma rejeição... me encolhi no fundo do quarto e pus a mão na testa, olhando assustada para o chão.
-Eu vou conversar com ele, Austin. Por favor não faz isso, não posso ficar longe de você. Se não quer fazer isso por mim, faça por sua família, assim como eu eles precisam de você.- falei, lágrimas caíram. Ele me encarou por um tempo, cogitando a idéia, suspirou exasperado e passou a mão nos cabelos.
-Tudo bem.- falou.- Vou te dar um tempo, mas se ele me mandar cair fora, eu vou.- ele disse e eu assenti. Nós nos abraçamos e nos beijamos, um beijo lento e doloroso, como um adeus.

Sai do quarto dele e fui para o escritório, onde meu pai provavelmente estaria, e estava.
-Precisamos conversar.- falei, me sentando na sua frente.
-Há quanto tempo?- ele perguntou depois de um tempo.
-Há quanto tempo o que?
-Que vocês dois estão juntos?- perguntou.
-Não sei, acho que vai fazer um mês ou menos.- falei baixinho.
-Devia ter suspeitado dessa suas "viagens" de final de semana, sempre escolhia ele pra tudo, com três motorista na casa e você sempre optava por ele.- ele disse, decepcionado.
-Pai, aquele garoto precisa desse emprego, ele tem que sustentar a família, os irmãos dependem dele, a mãe está doente, por isso eu te peço, não o demita.- falei de olhos fechados, lágrimas se acumulavam. Ele suspirou profundamente, esperei por sua resposta.
-Tudo bem... Mas eu quero duas coisas de você.- ele disse e eu assenti.- Você vai me prometer que irá ficar longe desse garoto, e irá fazer uma viagem com seus irmãos, para ver se você relaxa a mente e esquece ele de vez, se você não fizer isso, eu o demito sem pensar duas vezes.- Meu pai disso, frio e calculista. Suspirei frustrada.
-Tudo bem...- falei e corri pra fora daquele escritório, enquanto caminhava até a cozinha, era como se o corredor estivesse balançando, como se eu fosse cair em um poço, minha visão estava embaçada e a única sensação que eu sentia era de perda.

-Ele quer que eu faça uma viagem com meus irmãos, provavelmente para que ele conquiste Amber denovo... e quer que nós nos mantemos longe.- falei baixinho para Austin, eu já estava em seu quarto.
-Calí... a gente pode se encontrar escondido.- ele disse me abraçando.
-Não. Não posso fazer isso, Austin. Chega de eu te causar problemas, ele foi bem claro que se nós ficássemos perto um do outro, ele iria te demitir, e quando meu pai coloca uma coisa na cabeça, ninguém tira.
-Mas Calí...- falou e eu interrompi.
-Sem mas, Austin. Gosto de você, mas eu não quero te causar problemas. A gente supera, eu acho...- falei dando um último e longo selinho nele, depois saindo de seu quarto e o deixando embasbacado. Corri pro meu quarto e assim que cheguei, eu me joguei na cama e chorei, chorei por mim e por Austin, por tudo que a gente foi, por tudo que a gente nem chegou a ser, e por tudo que nós não fomos. Acabei adormecendo ali mesmo.

A Filha de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora