O médico nos sugeriu que voltássemos para casa, ele disse que não adiantaria de nada que nós ficássemos a espera de que ela se lembrasse, a notícia boa é que ela está viva, e ele estava certo, realmente era perca de tempo ficar pressionando, ela não se lembrará de nada, nem ninguém. Mia, Alex e meu pai não paravam de chorar, eu não chorava muito, acho até que sou fria. Mia estava frustrada, Alex decepcionado e meu pai, parecia se sentir culpado da sua própria desgraça, o feitiço voltou contra o feiticeiro.
Chegamos em casa, eu dirigi porque todos estavam cansados demais para tal ato. Mia correu para o quarto, assim como Alex, meu pai se jogou no sofá, a mão na testa e a outra no coração.
-É incrível como tudo muda rapidamente...- ele comentou, eu joguei as chaves em cima da mesa de centro, suspirando.
Me sentei ao seu lado, e pus suas pernas em cima das minhas, batucando sobre sua calça.
-Pai... Temos que nos conformar, nada acontece por acaso, isso pode ser tanto quanto um final, como um novo recomeço.- falei.
Ficamos conversando por alguns minutos, quando eu decidi ir falar com meus irmãos. Andei pelo corredor até o quarto de Mia, na sua porta estava uma placa "NÃO ME PERTURBE, NEM SOBRE TORTURA", sorri para a placa e abri a porta, ela estava jogada na cama de bruços e fungava, seu peito descia e subia, ela estava chorando.
-Mia, você tem que se recompor...- falei.
-Eu falei para não me perturbarem.- falou entre dentes. -Desculpa, mas eu não obedeço suas regras.- falei e me joguei na cama dela, fazendo as molas balançarem assim como seu corpo, ela virou o rosto para o lado oposto ao meu, eu pus as mãos embaixo da cabeça e fitei o teto.
-Sabe Mia... sei como se sente.- falei baixinho.
-Não, você não sabe.- falou raivosa.
-Qual é, Mia... eu estou tentando ajudar... e eu sei sim como é, esqueceu que eu perdi minha mãe cedo demais?- perguntei.
-Você não há perdeu.- falou dando de ombros.
-Perdi, Mia... Eu não a tive para conversar comigo quando acontecia algo na escola, não a tive quando eu estava triste e queria alguém para me consolar, mas você Mia, você teve e ainda pode ter, eu sei que sua mãe vai se recompor e lembrar de todos nós, mas você não vai ajudar se continuar chorando, chorar não é a solução.- falei, ela virou o rosto e me fitou.
-Obrigada Calí... me desculpe por ser grossa com você, mas agora eu preciso ficar sozinha para me recompor e reorganizar meus pensamentos.- falou dando um sorriso fraco pra mim, retribui o sorriso.
-Mia, você sabe que eu te amo, eu sou sua irmã, tudo bem, eu entendo você, também sinto falta dela, eu respeito, se precisar de mim, só gritar.- falei sorrindo e me inclinando para dar um beijo na sua testa, ela sorriu.
-Tudo bem irmã, também te amo.
Dito isso, sai do quarto, deixando ela jogada na cama, ela precisava mesmo se recompor. Fui ao quarto de Alex, ao qual eu só vi quando nós estávamos no mudando, e ele ainda estava se a mobília. Bati na porta pois estava trancada, não demorou mais que um minuto e ele abriu, apenas de bermuda, seu abdômen escultural de fora, seus olhos inchados de tanto chorar. Assim que me viu, deu as costas e voltou a se jogar na cadeira giratória, pegou uma garrafa de whisky, que estava pela metade e deu um gole.
-Entre.- falou levantando a garrafa e mechendo os dedos em um gesto, pedindo para que eu entrasse. Eu pus um pé dentro do cômodo, depois outro, e fechei a porta, caminhando até sua cama e sentando na beira da lateral da cama, de frente para ele, ele rodava de um lado para o outro, lágrimas secas pendiam dos seus olhos.
-Como você está?- perguntei.
-Maravilhoso.- falou irônico e deu uma risada sarcástica, balançando a cabeça de forma negativa, então deu mais um gole na garrafa de whisky, suspirei.
-Alex, eu não sei que diabos está se passando na sua cabeça, mas beber não vai adiantar nada.- falei arrancando a garrafa dele, ele tentou pegar de volta mas eu corri até o banheiro e joguei tudo na privada.
-Você não entende, Calí...- falou e começou a chorar.- Eu não tenho ninguém, ela não pode simplesmente se esquecer de mim assim...- falou.
-Isso não vai durar muito tempo, Lexy.- chamei ele pelo apelido que eu chamava quando éramos pequenos.- Ela vai voltar.- disse e o abracei, ele retribuiu o abraço.
Fiquei conversando com meu irmão por mais tempo, até que eu disse que ia dormir. Ele me agradeceu, parecia bem melhor, fiz o mesmo prometer que não iria mais beber, e tentar parar de chorar a todo instante. Deitei na minha cama e respirei fundo, o peso daquela dor toda caía sobre minhas costas, não sei por quanto tempo conseguiria me manter forte e com esperanças.
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A Filha de um Milionário
LosoweE quem diria que uma esquina que eu cruzaria transformaria minha vida de uma maneira absurda.