capítulo 10

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Não fui muito longe.

Dirigi até o vilarejo de Kraftboro. Se acontecesse ali uma súbita onda de investimentos e novas construções, poderia se tornar uma cidade pequena.

Parecia o cenário de um filme antigo. Fiquei esperando encontar um quarteto vocal usando chapéus de palha. Havia um armazém geral (a placa dizia ARMAZEM GERAL mesmo), um velho "moinho de pedra" com um "centro para visitantes" sem funcionários, um posto de onde também funcionavam uma barbearia, que contava com uma única cadeira, e um cafe-livraria. Louis e eu íamos sempre lá.

Estacionei na rua e comecei a fazer o mesmo caminho que fizera seis anos antes. O acesso de madeira tinha cerca de 100 metros. Vi a capela branca na propriedade de onde eu acabara de ser expulso. Algum tipo de cerimônia ou encontro estava terminando. Observei os participantes franzino os olhos para o sol que se punha.

Esperei sorrindo, como se fizesse parte daquilo, Sr. Simpatia, acenando com a cabeça enquanto uma dúzia de pessoas passavam por mim. Examinei seus rostos, mas não reconheci nenhum de seis anos atrás. O que, aliás não era nenhuma surpresa.

Uma mulher alta com um coque bem preso esperava nos degraus da capela.
Eu me aproximei, ainda sorrindo.

-posso ajuda-lo ? -ofereceu ela

Boa pergunta. O que eu esperava encontrar ali ? Não tinha exatamente um plano.

-está procurando o reverendo Kelly ? Ele não está aqui agora.

-a senhora trabalha aqui ? -perguntei

-mais ou menos. Sou Lucy Cutting a oficial de registro. Sou voluntária.

Fiquei parado ali.

-posso ajuda-lo com alguma coisa ?

-não sei como dizer... -comecei - há seis anos vim a um casamento aqui. Conhecia um dos noivos

Seus olhos se estreitaram um pouco, mais por curiosidade do que por desconfiança. Prossegui:

-e recentemente vi o obituário de um homem chamado Stanley. Esse era o nome de um dos noivos.

-Stanley é um nome bastante comum -disse ela

-sim, claro, mas havia também uma fotografia. Sei que isso é estranho, mas parecia o mesmo homem que vi se casando com meu amigo. O problema é que nunca soube o sobrenome dele, por isso não tenho certeza. Se for ele, gostaria de dar os pêsames ao marido.

Lucy Cutting coçou o rosto.

-o senhor não pode telefonar ?

-adoraria, mas não posso - ser honesto nesse momento me pareceu uma boa ideia -para começar, não sei onde louis, um dos noivos está, não sei onde mora. Ele adotou o sobrenome do marido, acho. Não consigo encontra -los. Além disso, para ser completamente sincero, tive uma história com ele.

-entendo

-então, se o nome que vi no obituário não for o do marido...

-seu contato pode não ser bem-vindo -completou ela.

-isso mesmo

A mulher ficou pensando

-e se de fato for o marido ?

Dei de ombros. Ela coçou mais um pouco o rosto. Tentei não parecer ameaçador, mas acanhado, o que nao é facil para alguem do meu tamanho. eu estava quase batendo os cílios, como uma menininha.

-eu ainda não estava aqui há seis anos

-ah.

-mas podemos dar uma olhada no livro de registros. Eles sempre o mantiveram impecável, com cada casamento, batismo, comunhão, Tudo.

seis anos depois ➡ l.s. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora