capítulo 11

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Agora entendo quando alguém diz que tem a sensação de estar sendo seguindo.

Como eu sabia ? Intuição talvez. Meu cérebro réptil captava, sentia isso de forma quase física. Além do mais, o mesmo veículo vinha atrás de mim desde que eu deixara a cidade de Kraftboro.

Não podia jurar, mas achava que talvez o motorista estivesse usando um boné de beisebol marrom.

Não sabia o que fazer em relação àquilo. Tentei ver o número da placa, mas já estava muito escuro. Se eu diminuía a velocidade, ele fazia o mesmo. Se acelerava, bem, não é difícil de imaginar o que acontecia. Tive uma ideia. Entrei numa parada para motoristas, a fim de ver como o "sombra" reagiria. Observei a van reduzir a velocidade e depois passar por mim. A partir daí, não a vi mais.

Talvez ele não estive me seguindo.

Estava a dez minutos de Lanfod quando meu celular tocou. Eu tinha instalado bluetooth no carro - algo que levei um tempão para entender como funcionava -então podia ver no visor do rádio que era Shanta Newlin. Ela prometera me dar um retorno no fim do dia sobre o endereço de Louis. Atendi apertando um botao no volante.

-aqui é Shanta -disse ela

-sim, eu sei, o identificador de chamadas está funcionando.

-e eu achando que meus anos de FBI me tornavam especial -respondeu ela - onde você está ?

-dirigindo de volta para Lanfod

-voltando de onde ?

-é uma longa história. Conseguiu o endereço ?

-foi por isso que liguei -falou shanta. Podia ouvir ao fundo. Uma voz de homem talvez. -não consegui ainda.

-ah... -falei, porque não havia mais nada a dizer - algum problema ?

-preciso que espere até amanhã de manhã, OK ?

-claro -então repeti - algum problema ?

Houve uma pausa que demorou um pouco mais do que o necessário.

-só me dê até amanhã de manhã

Ela desligou

O que tinha sido aquilo ?

Não gostei de seu tom. Não gostei do fato de uma mulher com tantos contatos no FBI precisar até o dia seguinte para conseguir um simples endereço. O celular emitiu um bip, sinalizando que eu havia recebido um novo e-mail. Ignorei. Não sou todo certinho nem nada disso, mas nunca escrevo mensagens quando estou dirigindo.

Naquele momento estava trocando de estação no rádio, e escolhi uma que tocava sucesso do início dos anos 1980. A banda General public cantava e a letra perguntava onde estava seu amor ? E eu fazia a mesma pergunta. Onde esta meu amor ? Onde está Louis ?

Estava ficando louco.

Estacionei em frente a meu alojamento -que não chamava de minha casa nem de meu apartamento porque era e parecia um alojamento universitário. A noite tinha caído mas como estávamos num campus, havia bastante iluminação artificial. Abri o e-mail novo e vi que era da Sra. Dinsmore. A mensagem dizia:

Aí a ficha estudantil que você pediu

Até que enfim, pensei. Cliquei na mensagem e li toda:

o que mais preciso escrever depois de "aí a ficha estudantil que você pediu" ?

A resposta era óbvia: nada

A tela do telefone era pequena demais para ler o arquivo anexado, por isso corri para abri-lo no meu laptop. Pus a chave na fechadura, Abri a porta da frente e acendi as luzes. Por alguma razão, esperava encontrar o local todo revirado, como se alguém o tivesse revistado. Tinha visto filmes demais. O apartamento continuava sem nada que o distinguisse, para ser gentil.

seis anos depois ➡ l.s. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora