capítulo 32

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Quando cheguei a estrada, peguei o celular. Não achava que ninguém estivesse me rastreando, mas se fosse o caso, iriam me encontrar na rota 287, perto do shopping Grove. Não me parecia que isso fosse ajudá-los. Parei à direita no acostamento. Havia dois e-mails novos e três ligações de Shanta, cada uma mais urgente que a outra. Eram cinco tentativas de entrar em contato comigo. Nos dois e-mails, ela me pedia educadamente que a procurasse. Nas duas primeiras chamadas, a solicitação era mais urgente. Na última, ela entregava o jogo:

Para: Harry styles
De: Shanta Newlin

Harry, Pare de me ignorar. Descobri uma ligação importante entre Louis tomlinson e Stanley Lucas. Shanta.

Opa! Entrei na ponte Tappan Zee e parei na primeira saída. Desliguei o celular e peguei um dos pré-pagos. Digitei o número de Shanta e esperei. Ela atendeu no segundo toque.

- Já sei - disse ela. - Você está furioso comigo.

- Você deu o número daquele celular para a polícia de Nova York. Ajudou-os a me rastrear.

- Sim, confesso. Mas foi para o seu próprio bem. Você poderia ter sido baleado ou detido por resistir à prisão.

- Só que não resisti à prisão nenhuma. Só fugi de uns loucos que estavam tentando me matar.

- Conheço Mulholland. É um cara legal. E eu não queria que nenhum "cabeça quente" disparasse contra você.

- Por quê? Eu mal era um suspeito.

- Isso não importa, Harry, Você não tem que confiar em mim. Tudo bem. Mas precisamos conversar.

Estacionei o carro e desliguei o motor.

- Você disse que encontrou uma ligação entre Louis e Stanley.

- Sim.

- E qual é?

- Conto quando conversarmos. Pessoalmente.

Pensei naquilo.

- Olha, harry. O FBI queria pegar você para um interrogatório completo. Disse a eles que deixassem isso comigo.

- O FBI?

- Sim.

- O que eles querem comigo?

- Apenas venha, harry. Está tudo bem. Confie em mim.

- Até parece.

- Você pode conversar comigo ou com eles - suspirou Shanta. - Escuta, se eu disser sobre o que é, você promete vir falar comigo?

Pensei outra vez.

- Sim.

- Promete?

- Prometo. Diz o que é então.

- É sobre um roubo a banco, harry.

*****
Meu novo 'eu' infrator de leis e que vivia no limite ultrapassou várias vezes a velocidade permitida no caminho de volta a Lanford, Massachusetts. Tentei separar um pouco as coisas de que tinha ficado
sabendo, colocando-as em ordem, testando teorias e hipóteses, rejeitando-as, tentando outra vez. Sob alguns aspectos, estava tudo se juntando; sob outros, havia que, para se encaixarem, era preciso forçar um pouco.

Faltavam muitas ainda, inclusive a principal: onde estava Louis? Vinte e cinco anos atrás, o professor Aaron Kleiner foi até o chefe do departamento, do professor Malcolm Hume, porque tinha pego um aluno plagiando (na verdade, comprando) um trabalho de fim de período. Meu antigo mentor lhe pediu, encarecidamente, que esquecesse aquilo - da mesma forma como me havia pedido que fizesse com o professor Eban Trainor. Perguntei-me se foi o próprio Archer Minor quem ameaçou a família de Aaron Kleiner ou se tinha sido alguém a mando do MM. Não importava. Eles o intimidaram a ponto de ter certeza de que precisava desaparecer. Provavelmente Kleiner ficou assustado, encurralado e sem saída. A quem iria pedir ajuda? Primeira ideia: Malcolm Hume. E anos mais tarde, quando seu filho estava na mesma situação, assustado, encurralado e sem saída... As digitais do meu antigo mentor estavam por toda parte ali. Precisava realmente falar com ele. Digitei o número de Malcolm na Flórida e não obtive resposta outra vez. Shanta Newlin morava numa casa de tijolos, com terraço, que minha mãe descreveria como "pretensiosa". Havia vasos com flores e janelas em forma de arco. Tudo era perfeitamente simétrico. Percorri o caminho de pedras e toquei a campainha. Fiquei surpreso ao ver uma garotinha atender a porta.

seis anos depois ➡ l.s. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora