capítulo 28

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se fosse classificar os vários momentos surreais pelos quais tinha passado nos últimos dias, ver meu melhor amigo apontando uma arma para mim ficaria em primeiro lugar. Balancei a cabeça. Como não tinha percebido nem sentido nada? Os óculos e a armação eram mais que
ridículos. O corte de cabelo me fazia questionar sua sanidade e a relação com o tempo-espaço.

Niall estava ali parado, vestindo uma blusa preta de gola v e uma calça também preta - com uma arma na mão. Uma parte de mim queria soltar uma gargalhada bem alta.

Tinha um milhão de perguntas para lhe fazer, mas comecei com aquela que vinha me fazendo repetidamente desde o começo.

- Onde está o Louis ?

Se ficou surpreso com o que perguntei, o rosto não demonstrou.

- Não sei.

Apontei para a arma na sua mão.

- Você vai atirar em mim?

- Fiz um juramento - disse ele. - Uma promessa.

- De atirar em mim?

- De matar qualquer um que descobrisse meu segredo.

- Mesmo o seu melhor amigo?

- Sim.

Balancei a cabeça.

- Já entendi.

- Entendeu o quê?

- James E. Wilian - falei, fazendo um gesto em direção à tela. - Ele foi um promotor comprometido com o combate aos cartéis de trafico em Leicestershire, sem se preocupar com a própria segurança. Desbaratou-os quando ninguém conseguia. O homem morreu como herói.

Fiquei esperando que dissesse alguma coisa. Ele permaneceu calado.

- Um cara corajoso - continuei.

- Um idiota - corrigiu Niall.

- Os cartéis juraram se vingar dele e, se o artigo está dizendo a verdade, conseguiram. James E. Wilian foi queimado vivo. Mas na verdade não foi. Estou certo?

- Depende.

- Depende de quê?

- Não, James não foi queimado vivo - disse niall. - Mas os cartéis conseguiram se vingar mesmo assim.

O véu estava se levantando diante dos meus olhos. Bem, não, parecia mais uma câmera ajustando o foco. O ponto indistinguível a distância estava ganhando forma e contorno. Giro por giro - ou nesse caso, minuto a minuto -, o foco ia ficando mais preciso. Louis , o retiro, nosso
rompimento súbito, o casamento, o departamento de polícia de Nova York, a foto da câmera de
segurança, seu e-mail misterioso para mim, a promessa que me obrigou a fazer seis anos antes... Estava tudo se encaixando agora.

- Você forjou a própria morte para salvar esse homem, não foi?

- Sim. E a mim também, acho.

- Mas principalmente ele .Niall - ou deveria chamá-lo de James? - não respondeu. Em vez disso, veio em direção à tela do computador. Os olhos estavam úmidos quando esticou o dedo e tocou delicadamente o rosto de Josh.

- Quem é ele? - perguntei.

- Meu marido

- Ele sabe o que você fez?

- Não.

- Espere - falei, minha cabeça rodando diante daquela informação. - Até ele acha que você está morto?

seis anos depois ➡ l.s. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora