capítulo 19

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No dia seguinte já estava em Palmetto Bluff por volta do meio dia. Bati a porta de Delia Lucas.

-muito obrigado por fazer a viagem até aqui, professor.

-pode me chamar de Harry - falei sentindo uma pequena ponta de culpa. Ela deu um passo para o lado, me convidando a entrar.

-nem consigo lhe dizer o quanto fico feliz por ter vindo - disse ela

Outra pontada

-ora, por favor -falei - é uma honra

-ainda assim. Uma universidade enviar um professor até tão longe...

-não é nada de mais, de verdade - tentei sorrir - é bom sair um pouco.

-fico muito grata - disse Delia -as crianças não estão em casa agora. fiz com que voltassem as aulas. O luto é importante, mas também é preciso fazer alguma coisa. Entende o que quero dizer?

-claro

Não tinha sido específico ao telefone. Só lhe disse que era professor na universidade de Stanley e que gostaria de fazer uma visita para oferecer minhas condolências. Teria eu insinuado que vinha em nome da instituição? Digamos que não tenha negado.

-aceita um café? -perguntou ela

Respondi que sim

Segui Delia até a cozinha, não havia sinais de invasão recente, mas o que eu esperava encontrar? Sangue no chão? Móveis revirados?

Ela foi ate a máquina de café espresso. Sentei-me num banco junto a bancada de granito e Delia me mostrou uma variedade surpreendente de opções de grãos.

-Qual você prefere? -perguntou -me

-pode escolher

-você gosta de café forte? Aposto que sim

-acertou

Ela abriu um compartimento da máquina, que parecia engolir o cafe e depois uriná -lo, sim. Eu sei, uma imagem bastante apetitosa.

Quando terminou me passou a xícara

-você não parece um professor universitário

Era algo que eu ouvia com frequência

-eu sei, "muito jovem para ser professor universitário" -falei -lamento pela sua perda

-obrigada

Tomei um gole do café. Por que eu estava ali? Precisava descobrir se Stanley de Delia era o mesmo de Louis. Se fosse, como isso seria possível? O que sua morte significava? E o que aquela mulher diante de mim estaria guardando?

Não fazia ideia, é claro, mas queria sondar.

-não sei como perguntar isso de modo delicado... -comecei

Calei-me para ver se ela mordia a isca. Funcionou

-voce quer saber como ele morreu?

-se não for indiscrição da minha parte

-tudo bem

-os jornais disseram que foi um assalto

Seu rosto ficou sem cor e ela voltou para a máquina de café. Mexeu numa coisa , e depois outra

-desculpe-me. Não levaram nada. Não é estranho? Se tivesse sido roubo, faltaria alguma coisa. Mas eles só...

Ela fechou a tampa da máquina com força

-eles?

-o que?

-você disse "eles". Havia mais de um?

seis anos depois ➡ l.s. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora