capítulo 12

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O e-mail não estava assinado. Não tinha importância.

Cliquei depressa no botão de "responder" e digitei:

Louis ? Você está bem ? Por favor, só me diga isso.

Cliquei em "enviar".

Poderia explicar a forma como o tempo pareceu se arrastar enquanto eu esperava a mensagem seguinte, mas não foi isso que aconteceu. Não houve tempo. Três segundos depois, o sinal de e-mail novo soou. Meu coração acelerou até eu ver o endereço do remetente:

MAILDAEMON

Abri, mas já sabia o que iria encontrar:

Esse endereço de e-mail não existe...

Quase soquei o computador de tanta frustração, como se fosse uma máquina de vendas que não quisesse liberar meu chocolate. Cheguei a gritar: " não é possível!" não sabia o que fazer. Fiquei ali sentado e comecei a ficar sem ar. Me Sentia como se estivesse afundando e não conseguisse nadar de volta a superfície. Voltei para o Google e tentei o e-mail com diferentes varições, mas era perda de tempo. Li outra vez a mensagem:

Você fez uma promessa.

Eu tinha feito, não tinha ? E, parando para pensar, por que a quebrara? Um homem tinha morrido. Talvez fosse o marido dele. Talvez não. Mesmo assim, havia algum motivo para faltar com a minha palavra ? Talvez no início mas agora ele deixara tudo claro. Esse era o propósito do e-mail. Estava me repreendendo. Lembrando-me da promessa porque sabia que não dou minha palavra em vão.

Aliás, foi por isso que me obrigou a prometer ficar longe.

Pensei no assunto. No enterro, na visita a Vermont e naquela ficha estudantil. O que significava aquilo tudo ? Não sei. Se a princípio eu me permitia voltar atrás em minha promessa. Agora estava provado que não havia mais justificativa alguma. A mensagem de Louis não poderia ter sido mais clara.

Você fez uma promessa

Deslizei um dedo hesitante pelas palavras na tela. Meu coração se despedaçou outra vez. Apesar da dor de cotovelo, iria deixar pra lá. Recuaria. Manteria a palavra.

Fui para cama e adormeci quase imediatamente, sim, eu sei. Também fiquei surpreso com isso, mas acho que todos os golpes que tinha levado desde que lera aquele obituário, o redemoinho de lembranças e emoções, de sofrimento e confusão me deixaram cansado como um boxeador que apanha durante doze rounds consecutivos. No fim, desabei.

Ao contrário de niall, quase sempre me esqueço de desligar o celular. Sua ligação as oito da manhã me despertou.

-depois de muita relutância, Eban concordou em se encontrar com você.

-você contou a ele o motivo ?

-você não disse o motivo

-Ah, certo

-A aula dele é as nove horas. Ele estará esperando você em casa quando terminar.

Senti uma pontada no peito

-na casa dele ?

-é, eu bem achei que você não iria gostar da ideia, mas ele insistiu.

-Golpe baixo.

-ele não é tão mau assim

-é só um verme nojento

-e isso é ruim porque...

-você não sabe do que ele é capaz

-nem você. Vá até lá. Seja bonzinho, consiga o que quer

seis anos depois ➡ l.s. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora