Capítulo Três

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Padre Francisco virou-se para encarar o homem com a feição raivosa e eu levantei-me, enfurecida.

Quem ele acha que é?

— Perdão, meu jovem, o que você disse? — Padre Francisco pergunta, confuso.

— Disse para ir embora.

— Ora, seu troglodita. Não fale com ele dessa forma, não vê que ele é um servo de Deus? — Me ponho na frente do padre e, Meu Deus, ele consegue ser ainda mais bonito na luz do dia.

Desgraçado.

— Sou o Padre Francisco, filho, e você é?

— Padre? — Ele desfaz a cara de poucos amigos e fica um tanto sem graça. — Peço desculpas pela grosseria. Me chamo Klaus Gallagher, prazer. — Ele estende a mão e o Padre a aperta.

Klaus Gallagher, então esse é o seu nome. Transmite poder, não posso negar.

— Estamos conversando, você pode ir embora. — Disse, cruzando os meus braços.

— Posso saber o que estão conversando?

— Não. — Digo.

— Sim. — O padre diz na mesma hora que eu e Klaus franze o cenho.

— Pode me falar, Padre.

— Estava a oferecendo ajuda. Essa pobre menina não tem nada e eu, sozinho, tenho muito. Poderia abrigá-la numa pequena casinha no fundo da igreja e lhe arranjar algum emprego. Tenho contatos. — Assim que o Padre disse, pude sentir meus olhos marejarem.

Uma pequena casinha para mim e um emprego... É perfeito.

— Ela não vai aceitar.

— Perdão? — Parei de sonhar acordada com a casinha e fitei Klaus, quase o fuzilando. — Você não responde por mim.  — Disse, em ênfase.

— Padre, pode nos dar licença um instante? — Ele pede, e o Padre assente, se distanciando e sentando-se num dos bancos da praça.

— Desembucha. — Digo irritada, mas ele parece estar se divertindo agora, pois esboça um sorriso e olha para mim.

— Irei entregá-la para a polícia.

Sinto um tremor passar pelo meu corpo. A polícia. Não gosto muito da polícia, uma vez que já apanhei deles e, se eu for parar atrás das grades, por quanto tempo ficarei por lá? Não quero nem pensar.

Lá tem comida, colchão e estarei protegida da chuva ou quem sabe desses marmanjos... Mas não é o que eu quero. Não agora que Padre Francisco me ofereceu ajuda.

Porque quando as coisas parecem estar boas, de repente, aparece algo ou neste caso, alguém para estragar tudo?

Realmente, parece que estou fadada a ter uma vida ruim.

Saio dos meus pensamentos e encaro Klaus. Ele estava trajando novamente um terno e tinha uma feição que não consegui decifrar.

— O que eu tenho que fazer para não me entregar? —  Pergunto. Minha voz saíra fraca, refletindo exatamente como eu me sentia. Fraca.

— Venha comigo. — Ele diz, rápido e indecifrável.

— O quê?

— Garota, você é surda? — Ele indaga, impaciente.

Cruzo os braços e deixo que veja a raiva que estou sentindo pelo meu olhar.

Ele suspira e põe as mãos nas têmporas.

MEU AMOR SÓ TEU [em revisão]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora