Capítulo Vinte e Um

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Subi com Kath para o meu quarto, em silêncio. Precisava de um banho.

Me livrei das roupas molhadas e me enfiei debaixo do chuveiro com cabeça e tudo, como se a maldade de Elvira também pudesse ir embora pelo ralo, com uma simples chuveirada.

Coloquei um vestido simples e deixei o cabelo solto, afim de deixá-lo secar.

— Aria, está tudo bem? — Perguntou Kath, preocupada com o meu silêncio.

— Está. — Digo, sem mais nem menos e saio à procura de June.

Por mais que eu ame Kath, não quero conversar sobre o assunto.

Se pudesse, não veria nem mesmo a cara de Elvira pelo resto da minha vida, assim como não vejo mais a de Freira Marienne.

Pego June e a coloco na cadeirinha, na cozinha. Estou preparando seu mingau quando vejo uma figura muito familiar aparecer na cozinha.

Travis.

— O que faz aqui? Não deveria estar com Klaus? — Indago, estranhando.

— Sim, devia. — Ele cruza os braços, me fitando. — Mas ele pediu para que eu viesse até aqui ver como estavam as coisas, já que nem mesmo você ou Kath atendem o celular.

— Bem... Está tudo bem, como pode ver. — Digo, um tanto sem graça. — Ele devia ter tentado o fixo.

— A paciência dele esgotou-se e ele não quis mais perder tempo esperando respostas pelo telefone. — Diz, descruzando os braços e apoiando-se na pia, ao meu lado.

— Está estranho, Travis. O que aconteceu? — Pergunto, desligando o fogão.

— Nada. Só queria saber uma coisa a seu respeito...

— O quê, exatamente?

— Qual era o nome do orfanato onde vivia? — Arrepio-me com a pergunta.

Porque o interesse, de repente?

— Belas Rosas. — Digo, sem rodeios. — Por que?

— Curiosidade. — Diz, dando-me um sorriso sem graça. — Até breve, Aria. Tenha um bom dia.

— Obrigada, você também! — Aceno para ele, que já ultrapassou a porta da cozinha.

Viro-me para June, que está sentada na cadeirinha à minha frente e sinto um aperto no peito.

O que está acontecendo?

Coloco o mingau na mamadeira e deixo-o esfriar.

Carrego June até a sala e sento-me com ela no sofá, para alimentá-la.

Vovó Eulina junta-se a nós e, infelizmente, Elvira também.

Seu olhar superior cai sobre mim, fuzilando-me. Eu ignoro e volto a fitar June, brincando com seus dedinhos.

— Já está se achando mãe da minha neta, mendinga? — Indagou Elvira.

Estava até demorando para ela começar a destilar o seu veneno novamente.

— Elvira, por favor! Deixa a menina em paz! — Pediu vovó Eulina.

— Ah, deixa vovó. Se ela se sente bem assim... Quem sou eu para impedir, não é? — Falo, ironicamente.

— Exatamente. Quem é você? — Bufa, cruzando as pernas e passando a mão no cabelo estupidamente penteado e arrumado. — É só uma caridade do meu filho.

MEU AMOR SÓ TEU [em revisão]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora