CAPÍTULO 1

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E lá estava eu novamente..

Com raiva e chateada. Moro num apartamento com meus país (é claro) que só vivem fora e me deixam em casa sem poder falar com meus amigos que moram no mesmo prédio que eu, só que andares diferentes. A gente só se comunica por mensagens, redes sociais ou na facul. Acho isso chato (aliás qual o adolescente que gosta de viver presa dentro de casa? Acredito que nenhum.) desde pequena eu cresci vendo meus país brigando um com o outro, quando eu chegava pra perguntar o que tava acontecendo na maior inocência, eles gritavam e me batiam! Me lembro até hoje , e isso me dói na alma.

O relogio marcava exatamente 18:05. Eu estava chorando no meu quarto, cansada de fazer todo dia a mesma coisa. Mesma rotina sempre! Da faculdade pra casa, de casa pra faculdade.

Tenho 18 anos, sou morena de olhos escuros , cabelos lisos até a bunda e corpo magro. Meus amigos sempre me chamam pra sair, e como sempre, não posso! E infelizmente pedir não adianta, sempre levo um não na cara.

Então prefiro nem pedir e viver presa assim mesmo, infelizmente é o jeito! Eu olhava pro teto imaginando minha vida com amigos, tendo a liberdade de sair pelo menos nos finais de semanas, como as pessoas da minha idade fazem, tipo saem pra curtir sua adolescência.

Levanto-me da cama e sigo pra varanda do meu quarto, pelo menos pra pegar um ar. Enquanto olhava a cidade toda iluminada, eu chorava. A lua estava simplesmente linda.

[...]

Eu já estava perdida em pensamentos quando alguém chamou minha atenção.

Tudo bem aí? - uma voz bem calma chegou até meus ouvidos. No mesmo instante olhei pro lado e na varanda do outro AP havia um rapaz lindo, ele tinha algumas tatuagens espalhadas pelo seu corpo , era loirinho e seu abdômen estava amostra.

Tudo péssimo - falei voltando a olhar a cidade, e a limpar minhas lágrimas.

Quer dividir o que está sentindo? - falou como se soubesse a solução de todos os meus problemas.

Nem precisa, eu ficarei bem. Mas, obrigada. - falei.

Qual seu nome? - perguntou.

Viviane.. E o seu? - perguntei de volta.

Paulo, prazer!- sorriu me estendendo a mão.

O prazer é todo meu - sorri, fui até o muro que separava nossas varandas e apertei sua mao. Ele sorriu e balançou a cabeça positivamente.

Olha, eu não sei o porque de você estar assim, mas acho que não vale a pena chorar.- falou olhando bem para o meu rosto.

Eu acho que não faz muita diferença não viu, se eu chorar ou não, ninguém se importa! - falei com a voz trêmula.

Quer conversar?- perguntou olhando pra nossas mãos que ainda estavam juntas.

Pode ser - sorri e na mesma separei nossas mãos, arrancando um sorriso de seu rosto.

Pula aí - pediu.

Eu não posso - falei sorrindo.

Por que não? Eu não quero te fazer mal - falou confuso.

Não é isso..- falei olhando pra cidade.

E então o que é? - perguntou me fazendo olhar em seu rosto .

Medo..- falei.

Não precisa ter medo de mim, eu só quero te ajudar - falou baixo.

Não é medo de você.. É sim dos meus país - falei.

Eles estão ai? - perguntou.

Não - falei.

Então vem.. - falou e sorriu.

Mais se eles chegarem e não me encontrarem aqui eu..- interrompeu.

Fecha a porta do seu quarto e vem, se eles chegarem vão pensar que você está dormindo.- disse sem delongas me arrancando sorrisos.

Será? - perguntei pensativa.

Sim, vai lá - sorriu.

Okay. - no mesmo instante entrei no meu quarto, fechei a porta de chaves e a deixei lá na mesma.

Pronto vem - disse, sentei no muro e quando fui descer, acabei ralando o joelho.

Calma ta tudo bem?.. - falou me pegando no braço e olhando meu joelho que sangrava e na mesma entrando comigo pra dentro de seu quarto.

ta doendo - falei enquanto ele me colocava deitada em sua cama.

Vou pegar a maleta de primeiros socorros, já volto. - falou e saiu do quarto meio preocupado. Depois de alguns minutos ele voltou e sentou do meu lado tirando um pedaço de algodão de dentro da maleta, e colocando remédio.

Isso arde? - perguntei olhando na mesma.

Acho que não - sorriu - posso colocar? - perguntou.

Pode - falei baixo. Ele levou o algodão até meu joelho e passava calmamente no local.

De vagar- falei levando minha mão pra cima da sua, ele passava e eu dava leves "gritinhos".

Mais de vagar que isso? Impossível! arde? - perguntou sorrindo.

Não, magina né. Tou gritando é por que não ta ardendo - falei irônica, ele me olhou dando risada.

Eu não sabia que você era tão marrentinha assim - falou colocando o curativo.

Agora você sabe - sorri enquanto ele guardava a maleta.

Pense numa cama boa - falei me esticando.

Além de marrenta é folgada ? - disse deitando do meu lado.

Vish cala a boca - sorri o olhando.

Não ta mais aqui quem falou! - sorriu levantando as mãos e se rendendo - mas iae o que vamos fazer? - perguntou me olhando.

Não sei, pra falar a verdade estou com bastante medo - falei e sorri torto.

Por que você têm tanto medo dos seus país? - perguntou.

Eles não gostam de mim! Não me deixam sair nem nos finais de semana, eu vivo trancada e sozinha dentro de casa, se envolvem em coisas erradas, e com pessoas erradas e eu tenho muito medo.. As vezes eu acordo de madrugada e ouço minha mãe gritando, com meu pai batendo nela.. Ele bate muito, muito mesmo. Os dois são errados sabe.. Mais apesar de tudo eles são meus país.. Mesmo jogando na minha cara que eu nunca fui e nunca vou ser um motivo de alegria na vida deles..- falei sem conseguir continuar.

Não precisa continuar.. Eu te entendo - disse me abraçando.

Eu penso em fazer besteiras comigo mesma..- falei o olhando de olhos vermelhos enquanto as lágrimas desciam.

Não pense nisso.. Você é linda, é uma menina divertida, e não deve se deixar levar com pensamentos maldosos e que possam prejudicar você mesma! Você não estará mais sozinha.. E eu não irei deixar nada de mal te acontecer - falou limpando minhas lágrimas.

Obrigada - sorri envergonhada.

Eu falo sério. Sei que você é uma pessoa boa, Promete não se machucar por causa deles?- pergunta.

Quem é você pra me pedir isso? - o olhei todo preocupado.

Alguém que vai te ajudar no que você precisar - falou sendo fofo.

Obrigada.. você é um fofo- sorri - eu precisava mesmo desabafar - sorri enquanto ele me olhava com um leve sorriso no rosto.

∆ A melhor parte de mim ∆ PAULO CASTAGNOLIOnde histórias criam vida. Descubra agora