*Capítulo 9*

36.6K 2.7K 266
                                    


»Ryan«

Respiro fundo antes de entrar na sala de reunião. Ontem foi um grande dia, o dia que eu decidi abrir meu coração novamente. Estou com um medo do caralho, mas toda vez que me vejo pensando em Samira, o medo se dissipa. Me sinto como um adolescente, eu não quero ficar longe dela, ainda mais depois de tudo o que ela me contou. Ontem tiramos o dia para ficar juntos, ficamos na piscina com Noah, almoçamos juntos, vimos o desenho que Noah adora no fim da tarde, eu fiquei como um idiota na puberdade roubando beijos enquanto Noah se distraia com seu desenho. O sorriso que Samira exalava, me deixava calmo, tranquilo. Ela estava feliz, eu também estava. Agora aqui estou eu, ansioso feito o diabo para terminar uma reunião que nem ao menos começou, prometi a Samira que a levaria para conhecer a cidade, ela se mudou há algumas semana e ainda não conhece nada de Seattle, que é uma pena, a cidade é maravilhosa.

Entro na sala de reunião, como sempre sou o primeiro. Não há atrasos ainda, mas meu humor está sombrio como a escuridão da noite, porque diabos nem Joseph chegou? Abro meu notebook e analiso meus últimos email não lidos. Mãos grandes tampam meus olhos me fazendo bufar. Empurro as mãos para longe do meu rosto. Joseph se senta na cadeira que há em meu lado e me lança seu típico sorriso.

- Tão cedo e já de mau humor? - Ele abre uma pasta e me entrega alguns papeis.

- Foda-se. - Eu pego os papeis de suas mãos e os analiso.- O que é isso?

- Ei mano, relaxe. Qualquer dia desses você vai ter um ataque por causa desse nervo todo. - Solto uma risada amarga.

- Não seja idiota, Joseph. Você sabe que eu não queria estar aqui. Você poderia estar cuidado disso por mim. - Joseph ergue uma sobrancelha.

- Poderia mesmo, mas a empresa é sua. Noah já tem com quem ficar, para que mesmo você contratou a gostosa da Samira? - Vejo vermelho. Bato na mesa com toda força que reúno, tento procurar por controle, mas ele tocou em algo que ele não deveria. Joseph se assusta com o barulho e me olha espantado. - O que há com você, porra?!

- Não se refira assim novamente a ela! Ela não é, e nunca vai ser um de seus brinquedos. - Joseph começa a rir compulsivamente. Esfrego meu rosto, foda-se, talvez eu tenha exagerado um pouco.

- Eu achei que nunca mais o veria com ciúmes. - Antes que eu possa responder ouço a porta se abrir, Joseph se levanta e estende sua mão para alguém atrás de mim. - Sr. Sullivan, é bom revê-lo outra vez. - Revirou meus olhos para a falsidade que Joseph exala. Decido ser educado, afinal parcerias nos trás muitos benefícios. Me levanto e viro-me para o desconhecido.

- Digo o mesmo, Joseph. Você disse para lhe tratar pelo nome, da mesma forma que não me quer lhe tratando por sobrenome, eu peço o mesmo. - O homem parece seguro demais, seu sorriso pretensioso diz que ele quer muito isso, seus olhos castanhos caem sobre mim. Seus olhos dizem que há muito sujeira envolvida, mas nos negócios são assim. Não podemos ver o que eles fazem fora do trabalho, a vida deles não é o nosso problema, nossa preocupação é apenas em adquirir lucros. Estendo minha mão e me apresento.

- Ryan Jackson. Joseph me falou um pouco sobre você. - Ele olha para minha mão estendida e a pega dando um aperto forte.

- Sullivan. Wess Sullivan. Estou fascinado com sua empresa, acho que vamos fazer grandes negócios.

- Ótimo. Sente-se por favor.

Minha cabeça lateja com tanta ladainha, esse cara não tem o senso do ridículo, puxar meu saco não vai me fazer assinar a porra do contrato. Já estamos há uma hora tentando chegar a um acordo, esse cara só pode estar brincando comigo. Ele concorda com tudo o que falamos, não sugere nada, parece que tudo o que importa é eu assinar o contrato. Ele também não tira seus olhos de mim, ele seria gay? Não, acho que não. Ele não tem pinta de curtir o que o irmão de Joseph curte. Começo a rir com a lembrança de Jeorge dizendo sua opção sexual e a reação de Joseph. O filho da puta quase teve um infarto, foi difícil para ele aceitar e conviver com isso. Confesso que eu não saberia lidar com isso. Lembro-me do amigo de Samira. Ele não aparenta ser gay, eu fiquei fora de mim quando o vi tão próximo dela, mas depois que ele confessou que gostava mais do que estava entre minhas pernas do que o que havia no meio das pernas de Samira, eu fiquei mais tranquilo, envergonhado como o diabo, mas tranquilo.

Uma Lição de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora