*Capítulo 26*

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»Joseph«

Um mês lutando com meu amigo pela sua sobrevivência, um mês me mantendo forte para Noah, um mês procurando por Samira. A vida tem sido dura conosco, Ryan vem lutando bravamente para se manter entre nós. Os médicos disseram que o coma induzido seria a única chance para mantê-lo vivo. Por estar sem sinto o impacto para ele foi ainda maior, Ryan foi arremessado para longe do carro e sofreu fraturas pelo corpo e traumatismo craniano, que o levou ao coma. Hoje ele está estável, já não depende mais de aparelhos para respirar, não precisa mais de sedativos fortes, só depende dele mesmo para acordar. Não tem sido fácil, Noah pergunta o tempo todo sobre os pais, chora a maioria das noites, a empresa estou conseguindo manter, e Samira... Imaginar o que Samira vem passando me dói, desde quando pus meus olhos sobre ela, ela levou um pedacinho do meu coração com ela. Sua delicadeza, sua pureza, me faz lembrar... Não, não posso me lembrar dela, tenho problemas demais por aqui, para deixá-la mais uma vez se apossar dos meus pensamentos.  Hoje será a primeira vez que Noah irá ver seu pai, me dói o coração ter que presenciar isso. Ver seu pai tão vulnerável, tão fraco, para ele vai ser um choque, mas os médicos dizem que escutar a voz dos familiares mais próximos, pode ajudar a despertar a consciência adormecida.  

- Titio, Jofefi. - Noah me chama para a realidade, olho através do retrovisor e forço um sorriso. 

- Sim, campeão. - Ele não sorri como sempre, seus olhos já não brilham com a empolgação e o carinho que ele transmitia a todos. 

- O papai vai molar com minha mamãe? - Fico confuso com essa pergunta, mas ele agora chama Samira de mamãe. 

- Quando a mamãe voltar, eles irão. - Ele coça sua cabecinha confuso. 

- Eu vo te duas mamãe? - Logo percebo que ele não falava da mamãe Samira, ele falava da mamãe Nikki. 

- Meu anjo, o papai não irá morar com a mamãe Nikki, o papai está apenas dormindo. - Uma lágrima solitária cai sobre sua bochecha. 

- Eu não quelo que o papai me largue, não quelo que ele va embola como a mamãe. - Minhas próprias lágrimas ameaçam a cair, mas me mantenho forte. Pela graça de Deus chegamos ao hospital, eu estaciono o carro e corro para tirar Noah de sua cadeirinha. Quando chego até ele, eu o abraço forte, sem me importar com os olhares em minha volta. Eu o pego em meu colo e choro junto a ele. Choro por não ter ideia do que fazer, do que dizer. 

- Voxe ta cholando poque o papai vai embola? - Sua voz que foi sonhadora um dia, que explodia alegria, está fraca, triste, desamparada. Eu me agacho e me afasto para que ele possa olhar em meus olhos. Sua bochecha está coberta por lágrimas, eu as seco e beijo sua testa. 

- O papai está doente, garotão. Mas, o papai irá ficar bom e voltará para a casa. Precisamos ser fortes para ajudar o papai. Não se preocupe, papai vai ficar bom e nunca irá te abandonar. Ele não vai embora, nem mesmo morar com a mamãe Nikki. - Ele se afasta e limpa seu rostinho com as costas de sua mãozinha. 

- Promete? -  Um rastro de sorriso surge em seus lábios. Eu sei que não devo prometer, sei que não posso prometer algo que somente Deus decide. Mas, por este sorriso, por este menino, eu faço. 

- Eu prometo, meu pequeno herói. - Ele me abraça forte e eu quase me perco e deixo as lágrimas me consumirem novamente. 

- Eu te amo, titio Jofefi. 

- Eu te amo ainda mais. - Eu me levanto e pego em sua mão. - Vamos lá! Vamos ir ver seu papai. 

O caminho parece ser ainda mais longo até o quarto que Ryan está. Não sei se foi uma boa ideia trazer Noah até aqui, ver seu pai desta forma pode o deixar ainda pior. Deus me ajude, pois não tenho mais força para tentar acalmar Noah. Paro de frente a porta do quarto, olho para Noah e me agacho. 

Uma Lição de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora