Track 16 ♚ Pedra, papel e tesoura

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- Espera um pouco! - disse Shin interrompendo Nai antes dele começar a contar sua história - Deixa esse violão de lado antes que você comece a cantar de novo - e pegou o violão das mãos de Nai.
- Foi só pra entrar no clima Shin - disse Nai que logo pegou o celular - Vou colocar uns chifrinhos no Keiji haha.
- Chega! - disse Shin irritado com a enrolação de Nai - Você não quer contar né?
- Depende do que você quer saber - disse Nai concentrado em editar a foto de Keiji.
- Se quiser eu falo tudo - disse Keiji.
- Ei! Você não faz parte dessa história - disse Nai que olhou para Keiji.
- Como não? Sou o príncipe encantado da Shou - disse Keiji para Nai.
- Tá mais pra sapo - debochou Nai - Olha você aqui - disse mostrando a foto editada para Keiji.
- Apaga isso agora! - disse Keiji tentando pegar o celular de Nai.
- Já publiquei! - e Nai mostrou a língua.
- Hiki dá um jeito neles - disse Shin e Hiki continuava quieto e com os pensamentos distantes - Hiki! - gritou Shin.
- Oi!? - disse Hiki assustado.
- Calma! Você tá bem? Parecia meio distante, em outro mundo - disse Shin.
- Acho que viajei mesmo - disse Hiki com um sorriso sem graça.
- Eu vou contar tudo! Presta atenção Shin - disse Nai - Se eu esquecer de alguma coisa me avise Hiki.
- E onde está aquele seu caderno que você anotou tudo? - perguntou Hiki.
- Bem lembrado! - disse Nai se levantando do sofá - Deixei nessa gaveta - e abriu a gaveta - Não está aqui!
- Tem certeza que deixou aí? - disse Hiki.
- É um caderno com a capa dura que parece um livro? - perguntou Shin.
- Esse mesmo! - responderam Nai e Hiki juntos.
- Eu ví o Toru mexendo nele esses dias! - lembrou Shin.
- Então ele deve ter levado para mostrar à Shou - disse Keiji.
- Toru maldito! - gritou Nai - Vou atrás daquele ladrão!
- Que gritaria é essa Nai? - disse Kazuki com uma grande caixa nas mãos.
- Preciso mesmo explicar? - disse Nai bravo.
- Não tenho tempo pra escutar você falar mal do Toru - disse Kazuki - Aqui está as coisas que você pediu - e entrega a caixa para Nai.
- Que pesado! - disse Nai.
- Não quero ninguém indo atrás da Shou, entendeu? - disse Kazuki para Nai.
- Entendi - respondeu Nai - Mas porquê o Toru?
- Porque ele é meu pajem - disse Kazuki olhando para Nai.
- Mentira! - disse Nai espantado.
- Pense o que quiser. Vou para minha sala - e Kazuki saiu.
- Hiki fala que é mentira o que o Kazuki acabou de falar - disse Nai ainda em estado de choque.
- Pensei que você soubesse disso - disse Hiki.
- O que é um pajem ? - perguntou Shin para Keiji.
- É o acompanhante de uma pessoa com título de nobreza - disse Keiji.
- Uau! Que legal! Então o Kazuki é um príncipe? - disse Shin animado - E a Shou é uma princesa!
- Para de fantasiar Shin! - disse Nai - Você acha que uma princesa seria largada pelos pais?
- Que grosseria Nai! - disse Hiki.
- Só estou dizendo a verdade. Agora sei porque o Kazuki confia tanto no Toru - disse Nai - Para ter um pajem o Kazuki deve ter sido agraciado pela genética e seu sangue é puro, sem mistura de humanos ou outra raça. E a Shou...é como um imã para nós - e olhou para Keiji.
- Eu não estou entendendo essa história Nai - disse Shin confuso.
- Tudo bem Shin. Às vezes eu mesmo não entendo porque as coisas precisam ser assim - disse Nai voltando para o sofá.
- Do jeito que você fala parece até um jogo - disse Shin.
- Se for um jogo o Nai é a tesoura - disse Keiji simbolizando a tesoura com a mão.
- Tesoura? - e Nai olhou para Keiji sem entender.
- Você é a tesoura que ganha do papel mas perde da pedra. Porque eu sou a pedra - disse Keiji.
- Exibido! Pois fique sabendo que vou ser a primeira tesoura a quebrar uma pedra - disse Nai em tom de ameaça.
- Aaa! Vocês estão falando daquele jogo: pedra, tesoura e papel! - disse Shin.
- Só que a versão deles é um pouco violenta - comentou Hiki.
- Então você - aponta para Keiji - Você é o pajem da Shou? - disse Nai encarando Keiji.
- Parabéns por concluir isso depois de séculos - disse Keiji irônico.
- Sem brincadeiras agora - disse Nai sério - Um pajem não pode se envolver com seu protegido é contra as leis do nosso mundo. No seu caso vou pedir para que vire uma lei universal que não pode ser alterada.
- Então vai ter que dar um jeito no Toru também - disse Keiji.
- Não tem outra pessoa pra vocês perseguirem? A Shou é minha! - declarou Nai.
- Para de falar que a Shou é sua! - disse Hiki - Você nem sabe se ela gosta tanto assim de você.
- Hiki...cala a boca! - disse Nai olhando sério para Hiki - Eu sei que a Shou gosta de mim tá.
- Pode até ser verdade mas quando ela perceber que você é o "irmão" da Mariya, as coisas vão mudar pro seu lado - disse Keiji.
- Agora sei que você me odeia Keiji - disse Nai cruzando os braços.
- Só um pouquinho - disse Keiji.

Toru ficou um bom tempo deitado na minha cama em silêncio, apenas me fazendo companhia. Se eu tirasse uma foto dele no meu quarto e colocasse na internet, eu seria uma pessoa condenada à morte. Às fãs do Toru são as mais ciumentas e sanguinárias. Fiquei arrepiada só de pensar em ser perseguida por um bando de fanáticas e Toru percebeu.
- Tudo bem ? - ele perguntou.
- Só lembrei que suas fãs são um pouco violentas haha - e ele sorriu.
- Não se preocupe Shou - e ele me puxou para mais um abraço apertado - Elas não vão fazer nada com você.
- Imagina a confusão que seria se eu tirasse uma foto de nós dois assim - falei brincando.
- Eu iria dizer que a sua cama é muito confortável e que estou bem acompanhado.
Então senti minhas bochechas queimarem. Eu deveria estar mais vermelha que um tomate.
- Está na hora de ir - e ele se levantou - Se precisar de alguma coisa estarei na gravadora.
- Muito obrigada pela companhia - falei me sentando na cama com as costas apoiadas na cabeceira.
- Então vou vir mais vezes - e Toru me deu um beijo na bochecha - Até amanhã - e foi embora.
Pouco tempo depois que Toru saiu, Masaru veio até meu quarto.
- Shou! O Toru pediu para te entregar isso! Parece um livro - disse Masaru me mostrando o tal livro.
- Quero ver - e Masaru me entregou o objeto.
- Eu abri para ver o que era e está tudo em branco - disse Masaru desapontado.
- Está enganado Masaru - falei depois que folheei algumas páginas - Isso parece um livro que foi escrito à mão. Olha aqui - e virei o livro na direção de Masaru que estava sentado do meu lado.
- Pra mim está tudo em branco! Não enxergo uma única letra!
- Que estranho! - falei.
- Já que só você consegue ler, leia pra mim - disse Masaru curioso.
- Então vamos lá! - e abri na primeira página e comecei a ler - Era uma vez...

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