Nora

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Meu pai veio até meu quarto e disse que nós tínhamos de dormir. Não protestei.

Deitei na cama com as cobertas por baixo do meu corpo, meu irmão estava ao meu lado, me observando.

- Nora, nós vamos morrer? - Ele perguntou, virando-se para o meu lado, com uma voz doce que só ele sabia fazer.

Minha garganta ardeu, o que uma criança de nove anos sabia sobre morte, o que eu sabia sobre morte?

Respirei fundo e controlei minha respiração, tentando não transparecer meu medo.

- Não, o papai vai cuidar da gente. - Tentei parecer o mais confiante possível, pois meu irmão sempre fora muito intenso em relação aos seus sentimentos.

- Eu sei, mas ainda estou com medo. - Ele choramingou.

Não posso culpa-lo, também estava com medo.

- Não se preocupe, eu também vou sempre estar com você, e a mamãe também.

- Promete?

Apenas fiz que sim com a cabeça, a essa altura eu não conseguir mais falar sem chorar.

Ele voltou a olhar para seu próprio lado e eu comecei a fitar o teto do meu quarto ( imagem da multimídia), pensando em como o que eu estava prestes a fazer era perigoso, e em como eu podia quebrar a promessa que acabara de fazer para meu irmão.

Me contorci na cama, elaborando em minha mente as etapas do meu plano.

Respirei fundo, o momento havia chego.

Assim que todos dormiram me levantei, fui até a porta do quarto do meu pai e da minha mãe, me certificando de que eles estavam mesmo dormindo.

Em seguida fui até a cozinha, peguei uma faca e enfiei-a entre o cinto e minha calça. Atravessei a sala sem olhar para trás , em direção a porta, nunca estive tão decidida em toda minha vida.

Peguei as chaves que meu pai deixava em baixo do tapete e, com cautela, abri as várias trancas que nos protegiam do mundo exterior e sai.

***

Estar do lado de fora me trazia uma medo monstruoso, mas ao mesmo tempo era bom sentir o vento espalhar meus cabelos outra vez.

O corredor estava vazio, tudo estava em pleno silêncio.

Desci as escadas com desdem, tomando cuidado para não emitir nenhum som.

O próximo corredor em que cheguei estava totalmente escuro, o que fez meu coração bater perigosamente mais rápido.

Por um minuto pensei em desistir e dar meia volta, mas eu me recusava a ser covarde e desistir de Lana, sem ao menos ter tentado.

Continuei andando em meio a escuridão, fazendo grande esforço para ver o que estava à minha frente.

Quando cheguei ao último corredor escutei uma batida numa das portas.

Na mesma hora pulei de susto, colocando a mão na minha própria boca, me impedindo de gritar.

A batida continuou e eu torci desesperadamente para que fosse apenas um morador.

Agora meu coração batia tão alto que eu tinha medo do som que ele produzia.

As batidas continuaram, fazendo meu corpo paralisar por um instante.

Tentei ignorar o som e continuei a caminhar na escuridão.

De repente escutei a porta, que emitia as assustadoras batidas, se abrir lentamente atrás de mim, fazendo um barulho horrível.

No mesmo instante comecei a correr, sem olhar para trás, com o coração pulsando, minhas mãos tremendo e um desejo de nunca ter saído da minha cama.

The VirusOnde histórias criam vida. Descubra agora