Lana

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Meu pai estava na sala, mais agitado do que de costume.

- Pai, ela vai voltar. - Eu disse, tentando acalma-lo, mas na verdade duvidei de minhas próprias palavras.

Minha mãe havia saído para comprar comida ha alguns dias, pois tudo o que tínhamos em casa havia acabado.

Meu pai protestou, disse que era ele quem deveria ir, mas ela negou, como de costume.

- Já faz muito tempo. - Ele andava de um lado para o outro, sem tirar os olhos fixos das mãos.

Não sabíamos exatamente o que estava lá fora, sabíamos apenas o que Nora havia nos contado, antes do pai dela trancar todos em casa.

Pensar em Nora fez minha garganta arder, já fazia um mês que eu não a via.

Mas o pior de tudo era não ter notícias da minha mãe.

Eu tinha que fazer alguma coisa.

Fui até o meu quarto, peguei minha mochila e a enchi de coisas úteis.

Voltei para a sala e encarei o meu pai.

- Eu vou sair, vou encontrar a mamãe.

- Você não pode! - Ele agarrou meus braços. - É perigoso.

- Pai, nós nem sabemos se essas coisas realmente existem. - Aquilo era parcialmente verdade, já que eu nunca tinha visto nenhuma delas. - Alem disso, eu posso pedir ajuda à Nora.

Ele não disse mais nada, apenas levantou seus olhos confusos pra mim e foi para seu quarto, fechando a porta logo em seguida.

Respirei fundo e me aproximei da velha e robusta porta da frente, apertei a alça da mochila com força, pus minhas mãos na maçaneta, fechei os olhos e a abri.

***

O dia lá fora estava claro, fresco e silencioso.

Abri o portão da entrada e sai na rua, temendo o pior.

Comecei a caminhar pela calçada, sem produzir qualquer som, tentando, sem sucesso, me lembrar do caminho para o mercado em que minha mãe fora.

Depois de alguns metros andando sem qualquer preocupação, sem que eu percebesse, alguém começou a me seguir. Levei algum tempo até me dar conta do que estava acontecendo.

Hesitantemente olhei para trás, e percebi que não era alguém, era um infectado.





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