Lana caiu. Caiu bem em frente aos meus olhos, tão rápido que não pude pegá-la, meus braços pareciam estar imersos em água, meus reflexos me abandonaram.
Você já assistiu algum filme de ação que tem aquela cena, aquela de uma pessoa caindo e então tudo fica em câmera lenta, e claro, se alguém estiver por perto, perto o bastante, pode pegar a pessoa antes que caia. Sabe, eu estava perto o bastante, mas a verdade é que os filmes anestesiam as coisas, o mundo real não espera você, ele não te dá tempo para pensar, ele não liga se a pessoa que caiu é a sua melhor amiga. Ou se para você é a única no mundo.
-Lana!! - Meus pulmões berraram como se eu estivesse perdida em uma ilha deserta e visse um navio no horizonte. Mas gritar não resolveu.
Lana caiu ao lado de Dona Maria. Pude ver nitidamente quando sua cabeça bateu no desnível do quintal.
A cena me fez agir.
Saltei do muro e joguei meu corpo contra aquela mulher infectada antes que pudesse alcançar Lana, mirando a faca em seu crânio. Por sorte, ou talvez eu tenha pensado nisso antes do salto, o corpo rechonchudo de Dona Maria amorteceu minha queda. Com o impacto, a faca atravessou sua cabeça e imediatamente ela parou de se mover. Joguei seu corpo para longe e fui ao encontro de Lana.
- Ei, você pode me ouvir? - Segurei seu rosto com minhas mãos e tentei estancar o sangue que escorria de sua cabeça com uma parta da minha blusa. - Lana, você precisa acordar, por favor.
Ela não se moveu. Seu olhos nem se quer ameaçavam abrir.
- Eu não sei o que fazer Lana, você precisa me dizer como cuidar desse ferimento, eu não sei fazer nada sem você, por favor, estou implorando.
Nenhuma resposta.
-Tudo bem, eu preciso pensar, eu só preciso pensar.
Forcei minha mente a lembrar daquela aula sobre primeiros socorros que tivemos na escola três meses atrás. Me sentia amargamente arrependida por não ter prestado a devida atenção no que a enfermeira Suzana estava dizendo, ela realmente era boa naquilo, mas Nick estava tão bonito com aquele casaco novo e aquele sorriso nada inocente, que na hora pensei que admirá-lo fosse a tarefa mais importante do mundo. O fato é que eu não sabia no que o mundo iria se tornar.
De repente, um estalo. Então me lembrei que em alguma parte da palestra, Suzane me perguntou como devemos socorrer alguém que perdeu a consciência. Provavelmente ela tinha percebido minha falta de interesse em sua aula, nunca pensei que a agradeceria por isso.
- Ok, primeiro devo checar os sinais vitais, não era isso? Acho que era. - Me aproximei de Lana, chequei sua respiração e seus batimentos cardíacos, ambos estavam normais.
- Certo, agora preciso examinar essa feria. - Tirei o pano que usei para estancar o sangue, agora parcialmente vermelho, e tentei ver o tamanho e a profundidade da ferida. Parecia não ser grave, então decidi limpar.
Corri até a casa da Maria o mais rápido que puder, pegue uma vasilha com água e alguns panos limpos que encontrei na cozinha e voltei ao quintal.
De início, fiquei meio perdida, minhas mãos tremiam e o suor não parava de cair do meu rosto, então lembrei de algo que ouvi na palestra, algo sobre como o nervosismo afetava as vítimas e suas chances de saírem com vida. Decidi respirar fundo três vezes e limpar a ferida. Joguei água até poder ver o formato certo do corte e depois pressionei levemente um pano limpo sobre o local. Fiquei assim até perceber que o fluxo de sangue diminuiu consideravelmente.
Exatamente 10 minutos depois, Lana abriu os olhos.
- Eu morri? - Ela encarou o céu e não notou minha presença.
- Ainda não. Mas se me assustar assim de novo eu mesma te mato.
Ela me olhou nos olhos e sorriu.
- Não posso prometer, você sabe. O mundo não é mais o mesmo.
- Mas nós ainda somos.
- É, ainda somos.
- Vem, eu te ajudo a levantar. - Estendi minha mão e Lana a agarrou, mas assim que tentou se mexer soltou um grito abafado.
- Tem alguma coisa na minha barriga. - Ela disse. - Está doendo.
Levantei a blusa dela e na mesma hora meus pulmões esqueceram de como respirar.
- Que merda Lana, que merda.
- O que foi? - Ela tentava olhar, mas não conseguia mexer a cabeça.
Tem um ferro em você - Limpei a garganta. - Literalmente tem um ferro de construção em você.
- O quê?
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The Virus
Science FictionNora se vê em um mundo onde não há mais família, amor ou felicidade, tudo foi destruído... pelo vírus. Ela e sua melhor amiga, Lana,embarcam em uma busca pela sobrevivência, mas estará mesmo tudo perdido? Essa é uma história de amor e ódio, suspens...