Nora

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Enquanto eu sentia o peso daquele infectado sobre mim, o desespero me possuía. Era como ter a morte em cima de você, uma morte feia e barulhenta.

No minuto em que minhas forças pareceram acabar, no minuto em que o rosto daquela coisa quase tocou o meu, ouvi o portão abrir, e atrás dele surgiu Lana com a Winchester 44 que seu pai guardava a sete chaves. Se não fosse o infectado em cima de mim e o risco de morte eminente, eu teria gritado ao ver essa cena, Lana nunca teve coragem de tocar naquela arma.

O som do tiro que se seguiu foi tão ensurdecedor que me fez perder os sentidos por um instante. Lana me agarrou pelo braço e me puxou pra dentro, fechando o portão em seguida.

- Meu Deus, você viu aquilo?! - Ela perguntou em puro êxtase. - Eu atirei nele!

- Não só vi como ouvi. Você podia ter mirado longe dos meus ouvidos né.

- Me desculpa por salvar sua vida.

- Eu estava quase escapando tá, se você tivesse esperado um minuto...

- Você teria morrido. - Ela riu, e me ajudou a levantar.

- O que houve com seu joelho? - Perguntei assim que vi sua calça ensopada de sangue. - Caramba, você tá horrível.

Ela revirou os olhos.

- Já se olhou no espelho? Não estamos muito diferentes. - Ela se sentou no banco em frente ao jardim dos fundos. - Meu joelho ficou assim porque eu me joguei de cima do carro estacionado ali fora para a garagem de casa.

Quase engasguei.

- Sério?

Ela assentiu.

- Os infectados estavam me seguindo, não tinha como esperar meu pai abrir.

Por um instante um silêncio se seguiu. Logo depois vi lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

- O que foi? O que aconteceu? - Me aproximei dela.

- Meu pai não está aqui Nora, não está em lugar nenhum. - Ela afundou a cabeça entre os joelhos. - Estou com medo dele ter ido lá fora, estou com medo dele ter ido me procurar. Se ele virar uma dessas coisas vai ser culpa minha.

Eu não disse nada, e nem saberia o que dizer. Lana era a garota dos conselhos, não eu.

- Quer saber de uma coisa? Seu pai ia morrer mesmo se te visse com a Whinchester, isso sim.

Ela soltou uma risada tímida e me empurrou.

- Você é uma idiota, sabia?

- Eu sei, é por isso que somos amigas.

Ela sorriu e me abraçou.

- Ainda bem que você voltou, eu não duraria três horas sozinha.

- Foi exatamente por isso que eu voltei.

Ela abriu a boca pra dizer algo, mas sua voz foi abafada pelo barulho que vinha do portão. Os infectados agarravam suas grades enferrujadas e o sacudiam sem parar. Aquelas barras não durariam muito.

Olhei para Lana, ela entendeu o que eu queria na mesma hora.

Juntas entramos na casa e começamos a bolar um plano para fugir dali.




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