Nora

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Assim que me virei, vi o que não gostaria de ter visto.

Um infectado.

Ele não estava muito longe, apenas há alguns metros de distância.

Não esperei ele correr, montei na bicicleta e pedalei o mais rápido que pude, mas o  chão de pedra não facilitava o processo e o infectado parecia estar cada vez mais perto.

Aos poucos fui pegando velocidade, mas assim que precisei fazer uma curva a bicicleta derrapou e eu fui de encontro as pedras duras do chão, ralando minhas pernas e bracos.

Antes que eu pudesse rir da situação lembrei que estava sendo perseguida e rapidamente me levantei, mas desisti de pegar a bicicleta , não havia tempo para pensar.

Assim que cheguei ao muro, parei, decidi que não queria mais fugir.

Eu estava com raiva, com raiva de todos, o que tinham feito de tão ruim para o mundo chegar naquele estado?

Me virei com determinação, encarando aquela coisa cara a cara. Sua boca soltava um líquido preto e suas veias eram todas verdes.

Apesar da falta de coordenação ele se aproximava com velocidade, e a cada passo que ele dava, mais coragem eu sentia.

Quando ele chegou perto o suficiente para me atacar eu peguei a faca que estava ente meu sinto e minha calça.

Por que eu não tinha pego ela antes, o que eu estava esperando? Ele me matar?

Foi tudo em que consegui pensar enquanto enfiava minha faca no peito esquio da criatura à minha frente.

Ele tentou me morder e eu cai no chão, sua boca estava bem perto do meu pescoço, a ponto de morde-lo.

Apertei a faca e ele lentamente foi parando de se mover.

Quando percebi que ele não podia mais me atacar retirei a faca e tirei-o de cima de mim.

Ofegante levantei e dei um passo para o lado, olhando bem para o corpo estirado no chão, agora imóvel.

Aos poucos a realidade começou a ganhar forma em minha mente. Eu tinha matado um homem, um homem!

Em que eu estava pensando? Eu podia simplesmente ter fugido!

- Por que você tinha que aparecer, seu idiota? - Resmunguei em voz baixa, esperando que ele pudesse me ouvir.

Droga! Droga!

Por que ele queria tanto me atacar? Mas que merda, o que deu em mim? Ele parecia apenas estar doente, se existe algum tipo de cura eu tirei a chance desse homem se salvar.

O que foi que eu fiz?

Antes que que minha mente surtasse de vez, resolvi voltar por onde tinha vindo, tentando encontrar a bicicleta que abandonei. Se houvesse mais daquelas coisas eu não teria como fugir a pé.

Avistei a bicicleta caída em meio as pedras da linha do trem, corri em sua direção e a peguei.

Quando voltei ao muro, carregando a bicicleta nas mãos, o homem ainda estava estirado nas pedras frias do chão.

Agradeci mentalmente por ele não ter sumido e comecei a pular o muro.

Joguei a bicicleta para o outro lado com cuidado, para que não fizesse barulho, em seguida limpei meus bracos e pernas, depois comecei a escalar, junto ao silêncio da noite e o cadáver de um homem.

The VirusOnde histórias criam vida. Descubra agora