Uma equipe médica chegou na sala, que era uma espécie de laboratório de informática de última geração, e levou o meu pai para a enfermaria. Eu mesmo acompanhei tudo de perto para saber que nada de grave aconteceu com ele. Depois, descobri que cachorros não podiam ficar soltos na escola, por isso tive que colocar uma coleira no coitado do Tomy e não perdê-lo de vista. Após todos esses procedimentos urgentes, resolveram decidir o que fazer comigo. Pelo olhar fuzilador daquela menina de batom vermelho, eu preferia ter ficado em casa com minha simpática família de ratinhos-lagartos.
Eu fiquei sentado na sala de espera do diretor com Jorge, Natália e a menina que descobri se chamar Pâmela. Ela estava irada comigo porque acreditava que a culpa de Zeca ter ido parar em outra dimensão era minha. E tenho certeza que sabia quem contou aquela versão da história.
- Não pense você - avisou a garota punk - que eu sou calminha como a sonsa da Natália! Você mexeu com um dos meus e vai pagar caro por isso. Quando o diretor chegar, vamos decidir qual vai ser a sua punição. Espero que passe um ano na dimensão do vazio, sofrendo os piores pesadelos!
Eu engoli em seco. De fato, não tinha a mínima ideia do que falar naquela hora. A menina tinha olhos roxos que mais pareciam penetrar na sua alma. Espero que esse tal diretor não seja assim tão bravo. Ficamos sentados durante um longo minuto de silêncio, em uma antessala que poderia ser a de qualquer colégio normal, se não fossem pelos alunos que vez ou outra entravam no cômodo com armas letais e saíam ao ver que o diretor estava ocupado.
- Não vai falar nada?
- Ei, deixa o cara em paz, doida de roxo! - Jorge me defendeu, para meu assombro - Ele nem sabe como veio parar aqui. E a casa dele foi atacada por lagartos-come-lixo.
- Achei pouco!
- A culpa não foi dele - Natália finalmente falou, segurando o choro. - Eu fracassei e coloquei a culpa nele. A primeira flechada não atingiu o lagarto... Aquele era o momento ideal, pois ele estava de costas para mim. Eu que errei.
- Que isso, Natália - falei, querendo amenizar a consciência da garota. - Zeca tentou me salvar, vocês fizeram tudo certo. Eu coloquei tudo a perder quando não sai correndo.
O clima estava tenso na sala de espera. Por sorte, o diretor chegou e pediu para que todos entrassem. Pâmela passou por mim, sussurrando.
- E só para avisar: Zeca é meu irmão. E espero que nada tenha acontecido com ele. Ou eu prometo que farei tudo para que o mesmo aconteça a você.
A sala do diretor era ampla, com uma poltrona onde cabíamos nós quatro. De fato, ficou um pouco apertado, mas foi o suficiente para eu ficar a uma distância segura da doida de roxo. Ela sentou-se em uma ponta e eu na outra. O diretor era um homem de cabelos grisalhos, simpático, e que usava um par de óculos quadrado. Ele apertou a minha mão, se apresentando como Diretor Bartolomeu.
- Pelo visto, você já conhece alguns alunos da escola.
Eu balancei a cabeça, nitidamente constrangido. Pude perceber que ele exalava autoridade, pois todos ficaram quietos assim que o homem começou a falar. Até mesmo a respiração dos alunos parecia mais comportada. Era uma pessoa a quem muitos tinham respeito, e receio também.
- Eu já soube o que aconteceu com Zeca e dou meus sinceros pêsames para Pâmela. A sua relação com Zeca era bastante forte e estou aqui justamente para lhe mostrar que farei o máximo na busca pelo seu irmão.
- Obrigada.
- Contudo, devo avisar que você não poderá ir para a missão de resgate, já que está um tanto quanto abalada pelo que ocorreu...
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Escola de Guardiões
FantasiaO mundo não é mais seguro para mim. Eu descobri que existem portais ligando nosso planeta a mundos desconhecidos, onde a magia, a tecnologia e a ciência são mais evoluídas. Para que não sejamos invadidos por criaturas hostis, o governo criou uma esc...