Capítulo 19 - Precisa-se de ajuda

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Eu não estava em uma posição muito confortável. Meus braços e minhas pernas se encontravam presos por uma corrente mágica maligna, eu estava pendurado na parede e minha mãe era uma doida que queria destruir o mundo. Eu senti meus olhos se encherem de lágrimas, coisa que não acontecia há um bom tempo. Desde que fiz a loucura de entrar na Escola de Guardiões, eu tentei ser forte, mas acho que cheguei ao fundo do poço. Um exército marchando do lado de fora podia ser ouvido, apesar de ser impossível vê-lo daquela posição. Tinha medo que Adiragram invadisse a Terra com seus súditos. Adiragram não. Minha mãe.

Um sentimento de receio, mágoa e culpa começou a borbulhar no meu coração. Eu não podia ficar preso ali enquanto tudo ia por água abaixo. As pessoas esperavam que eu fosse forte, um líder. Deveria ter uma saída, eu só tinha que pensar um pouco. Se ao menos a espada de Éron estivesse aqui, eu poderia quebrar essas correntes com ela. Mas a feiticeira jogou a minha arma pela janela e ela não iria voltar para mim com um passe de mágica. Ou será que...

– Accio espada! – gritei em vão.

Se a espada pudesse sair flutuando até mim, como acontecia naqueles filmes da Sessão da Tarde, isso seria perfeito. Eu lembrava que o Mago Crispim a transformou em fogo, água, terra e... Ele disse que era melhor não fazê-la virar vento porque ela simplesmente iria se perder no ar! Bingo!

Eu me concentrei o máximo que podia. Imaginei cada átomo da espada se dissolvendo, partindo aos poucos e se misturando ao vento. Em seguida, imaginei-os flutuando até a janela e então vi algo tremeluzir no ar. Era como se uma mancha no ar estivesse voando até mim. Pressionei os olhos, querendo agora que apenas a lâmina se tornasse sólida, enquanto o punhal continuasse mantendo a espada suspensa. Assim ela fez! Que cortasse as correntes!

Cai no chão com um baque. A espada fez exatamente o que eu tinha pedido e agora estava na sua forma habitual: a lâmina de ferro e o punhal com detalhes dourados. Olhei pela janela do quarto para ver a confusão. Lá embaixo, um exército de soldados com armaduras negras caminhava até o portal que eu mesmo criei. Apontei a espada para o portal, mas nada aconteceu. Eu não conseguia simplesmente fechá-lo com o poder da minha mente.

De repente, vi uma enorme parede de cristal surgir na frente do portal. Três pessoas saltaram da Terra para cá: Guilherme, Lúcia e Mariana, a equipe 8. A menorzinha, Mariana, havia usado sua varinha de condão para criar um muro que impedisse qualquer um de passar pelo portal. Lúcia teletransportou Guilherme para o meio dos soldados e o guerreiro começou a derrubar um, dois, três homens sucessivamente. Entretanto, ele não seria páreo para centenas de guerreiros.

Meu coração se encheu de esperança ao ver um par de chakram voar do portal e derrubar quatro soldados. Em seguida, apareceu Pâmela montada em um urso gigante. Eu reconheci Leandro naquele urso, já que o animal usava um moicano muito estiloso. Depois surgi Betão, o último membro da equipe 5. Eles lutavam corajosamente contra o exército lá embaixo: o bárbaro usava soqueiras e quebrava facilmente os elmos dos guardas reais, enquanto Pâmela e Leandro formavam uma dupla incrível. Fiquei feliz por ver meus amigos ajudando, mas a feiticeira... Onde ela estaria? Eu dei meia volta e corri até a porta, pois não daria para sair voando como a bruxa havia feito antes. Caminhei pelo corredor até o aposento onde Natália, Jorge e companhia ficaram e levei um susto ao abrir a porta.

Jorge estava muito bem disposto. Ele segurava o tacape e parecia pronto para mais umas 10 batalhas. Natália também estava ao seu lado, contando a quantidade de flechas que tinha em sua aljava. Eu perguntei, surpreso:

– Que milagre foi esse? – Natália me abraçou como resposta e depois apontou para um rapaz franzino, mas que tinha um capuz mágico.

– O mago Crispim soube, de alguma forma estranha, que a gente estava em apuros. Ele mandou Luc para nos ajudar e, olhe, ele é um ótimo curandeiro.

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