A PIANISTA

PARTE 18

Quando meu olhar cruzou com o de Isabelle... Pareceu que o tempo se congelou, e ficamos nos olhando em câmera lenta. Depois deu um sorriso preguiçoso de lado. 

  — Bom parece que estão todos presentes agora... — E olhei para os dois com uma cara meio fechada. — Eu quero que se apresentem, e vejo que possui apenas um homem... Que curioso.

 Percebi aflição entre os dois... Sim, eu fiz de propósito essa observação, eu sou má! (Risos) Foram se apresentando, fui conhecendo um pouco de cada uma... E meu interesse mesmo era em saber mais sobre Isabelle, estava quase que digamos, obcecada... Por ela.

  — Bom, já que fizemos apresentações... Todos já me conhecem, mas quero reforçar... Algo sobre mim, eu namoro um grande violinista, fui aluna dele... E a maioria das composições dele foram inspiradas em mim, resumindo, por trás de cada grande homem há uma mulher sendo a inspiração deles.  

Todos aplaudiram, o Wallace aplaudiu com um olhar desconfiado, sentindo que eu estava de marcação com ele, e cochichou com a Isabelle algo. Fiz todos sentarem numas mesas, e fui dando pequenas aulas teóricas. E Isabelle parecia ser a mais interessada, enquanto as outras pareciam estar apaixonada por mim dando aula, e o Wallace estava igual um boi bufando... De tanto tédio, até que disse...

  — Wallace querido... Se não está satisfeito com minha aula, pode se retirar, não é obrigado a ficar aqui olhando minha cara. — Falei de forma grosseira e direta, estava com um ódio imenso dele já. Nunca fui de perder minha postura, mas com ele foi inevitável.  

Isabelle olhou pra ele na hora, e o rapaz enfurecido se retirou da sala... Ela pediu com o olhar, pra ir atrás dele, eu permiti. Assim acabei indo atrás, pedi licença as outras, e os segui...

— Cara você não sabe nem disfarçar que não gosta da aula? Isso não vai mais dar certo entre nós... Não quero problemas pra mim. Acabou nossos encontros!

— Ela parece me odiar você não viu como me tratou? Parece até que nos viu juntos! Poxa não acaba assim. Aquela mulher é louca! 

Eu cheguei quando ele terminou de falar louca...

— Quem é a louca que se refere Wallace? — Ele engoliu a seco a voz, ficou imerso. 

— Professora desculpe ele por mim... É primo meu, e não tem modos. 

— Eu quero conversar a sós com você depois Isabelle... E você Wallace, melhor agradecer a sua maravilhosa prima, por te defender.  Venham... Podem voltar a assistir minha aula.

Isabelle encostou sua mão próxima da minha enquanto passou por mim. Continuei dando a aula, e estava perto de acabar, são um hora e meia apenas de aula. 

— Amanhã já iremos usar o piano?

— Sim querida...  Hoje foi só uma aulinha básica, para terem noção, espero que tenham gostado.

— Você é incrível demais, fico maravilhada... Com que faz com esses dedos.

— Gracías. Gracías...  — Fiquei corada de vergonha, e pelo que percebi essas meninas estão mesmo encantada é por mim e não pelas aulas, francamente! Perdi meu tempo! (Risos)

Todos saíram, inclusive o  Wallace, exceto a Isabelle... 

— O seu nome Natasha é de origem Russa? - Veio se aproximando de mim.

  — É também de origem latim... — Comecei a ficar encurralada, até que percebi que isso a fez se conformar com minha resposta e não mais argumentar. —  Por que me perguntou isso?

— Porque só nasci na Espanha, e queria saber.

Ela parecia procurar pela minha alma ao me olhar com tanta curiosidade... Estreitando seus olhos para tentar compreender esse meu tipo de conversa, mudei de assunto.

  — Sobre o seu amigo Wallace... Amigo não, primo...

— É... Ele é meio idiota quase sempre. Eu já conversei com ele, não virá mais azucrinar suas aulas. É que quase não nos vemos, aí quis ficar perto de mim... Porque sou cheia de coisas a fazer, só teríamos tempo aqui. Crescemos juntos eu e ele sabe. — Percebi que ela segurou firme as mãos uma na outra, para não transparecer estar nervosa, e seu olhar foi contrário ao que disse, dizia olhando pros lados, e depois a mim. Como se tivesse e que de fato inventou essa história de primo agora! (Risos)