PARTE 20

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Entramos no meu carro, e ela se sentiu privilegiada. Ficou gritando pelos olhos, dava pra sentir a animação dela, pelo sorriso tímido e vivaz dela. E eu só admirava as reações de surpresa dela.

— Aqui, desculpa pelo beijo no rosto... É que tenho costume de cumprimentar. Só esqueci que você é uma mulher importante e famosa.

— Ei, não precisa se explicar... Eu gostei... — O que estou falando com ela, gente?! Que intimidade. Sossega Natasha, controla seus impulsos perto dessa garota. Você é uma Duquesa antes de tudo... Precisa manter a postura.

— Sério? Eu fico feliz de saber... — Ela disse isso pegando na minha mão, na hora minha pele se arrepiou, e dei um sorriso sem graça.

— Agora, quero que feche os olhos, vou colocar um lenço neles, e só irá abrir depois de alguns minutos, confia em mim?

— Costumo não confiar em ninguém, mas... Abro exceção a você, fazendo essa expressão tão... Tão gentil. Impossível não resistir.

Sorri, e vendei os olhos da minha aluna. Peguei na mão dela, e fui guiando-a até o Iate.

— Ai... Pra onde está me levando senhorita Natasha?

— Espere e verá...

Passou-se vinte minutos, e Isabelle impaciente, mas, seu sorriso aberto mostrava que estava feliz. Havíamos chegado no pier da minha Ilha.

— Posso tirar agora? Ainda escuto o barulho intenso do mar... Onde estamos?

Tirei-a de cima do Iate, e deixei-a soltar o nó que prendia o lenço aos olhos...

— Pode...

— OH MY GOD... Isso aqui... É UM PARAÍSO! Que lugar é esse?!

— Moro aqui... Bom, comprei pra sempre poder me refugiar aqui para compôr músicas...

— Senhorita Natasha e seus segredos... Gente, que maravilha de lugar, que mágico. Posso morar aqui contigo? Prometo não te perturbar, nunca te pedi nada na vida. (Risos entre nós). Ei, eu conheço essa Ilha, fica em Angra dos Reis... Não sabia que você era a dona dela. Caramba!

— Poderá sempre que quiser vim aqui... Mas, será nosso segredo, ninguém pode saber. Sabe, eu me identifiquei muito contigo, acho que é a única pessoa que está realmente interessada em ter carreira profissional como pianista.

— Eu... Também tive essa sensação de me identificar muito contigo, foi estranho... E nossa você caiu do céu pra mim, eu até sonhei com você.

— O que sonhou? — Percebi que ficou sem jeito, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e sorriu de lado.

— Ai... Foi um sonho estranho, diferente... Não quero falar sobre, perdoe-me por não falar...

— Tudo bem, eu que sou curiosa demais... Venha conhecer a casa.

Ficou deslumbrada com a beleza da casa, os funcionários  nos cumprimentaram, eu a deixei a vontade, enquanto colocava uma roupa "praiana". Gosto de me vestir leve na minha casa.

— Pronto agora sim estou ótima... — E quando cheguei à sala, vi Isabelle lendo minha composição nova, a que tem o nome dela. Eu travei na hora...

— Desculpa eu vi sem querer aqui... Não resisti ao ver o piano.

Fiquei travada e com meus olhos nas mãos dela, que estava com minhas notas de composição.

— Natasha?

— Eu... Tive uma prima chamada Isabelle. — Ela desconfiou, mas, ainda sorriu, e pediu a mim, permissão para tocar. — Pode sim tocar, vamos ver você agora tocando, sabe alguma nota de cabeça?

— Sei...

Isabelle tocava Sonata de Beethoven, se entregou às nota, é uma nota muito difícil, e ela tocava como se... Pertencesse a  essa nota. Eu só toquei essa nota quando estava avançada nas aulas. Me encantei tanto por vê-la tocar... Que acabei me aproximando e sentei ao lado dela, tocamos juntas, sorrindo uma pra outra, com uma alegria indizível. Teve uma abertura de almas ali... E se puseram a dançar juntamente.

Quando acabamos de tocar... Olhei-a séria e com desejos, e... Meu rosto foi se aproximando mais do dela, até que naturalmente... Meus lábios roçaram os dela, da forma mais natural e lenta possível, fechamos os olhos e nos rendemos... Fui tocando com cuidado seu rosto, enquanto nossos lábios se conheciam nos mínimos detalhes... E isso já me deixou arrepiada... Pela primeira vez sinto uma coisa dessas. O que será isso?

— Isabelle...  — Afastamos nossas bocas, e nos envergonhamos do que fizemos, eu saí de perto indo em direção à praia.. Me reprovando por ter beijado os lábios dela, Isabelle ficou sem reação, mas, pude ver o brilho no olhar dela se formar.

A PIANISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora