Capítulo Um

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Rosno de frustração com meu reflexo no espelho. Meu cabelo tem cinquenta tons de bizarrice. Por que tão desgrenhado, tão descontrolado? Preciso parar de dormir com ele molhado. Quando escovo meu longo cabelo castanho, a garota no espelho com olhos castanho grandes demais para sua cabeça, me encarar de volta. Espera aí... meus olhos são azuis! Então minha ficha cai e percebo que não estive olhando no espelho, mais para um pôster da Kristen Stewart por cinco minutos. Meu cabelo está ótimo.

Porém, a situação na qual me enfiei ainda tem cinquenta tons de bizarrice. Minha colega de quarto, Kathleen, esta numa ressaca brava. Que vadia. Ela que tinha que entrevistar um gostosão megacorporativo para a revista Delícias no Comando. Como está muito ocupada jogando baldes de vômito na privada, me pegou como voluntária para fazer o trabalho sujo dela (fazer a entrevista, não limpar o vômito). Estou a poucas semanas de me formar bacharel em Ciências Humanas. Mas, em vez de estudar para os exames finais, estou prestes a dirigir três horas e meia de Portland, Oregon, até o centro de Seattle para encontrar Earl Grey, o diretor-presidente incrivelmente saudável da Earl Grey Comporation. A entrevista não pode ser reagendada, diz Kathleen, por que o tempo do Sr. Grey é precioso e, ui, tão valioso. Como se o meu não fosse. Como eu disse, minha colega de quarto é uma perfeita vadia.

Kathleen está esparramada no sofá da sala assistindo Grávida aos 16. Não seria ruim se ela tivesse na minha idade e estivesse na escola, mas ela tem idade para ser minha mãe. Se ainda fizesse um programa Derrotada aos 38, tenho certeza que ela estaria no elenco. Ela é colunista da Delícias no comando, um bico que ela trata como seu serviço particular de encontros amorosos com babacas ricos. Nenhum dos executivos corporativos dos quais ela fez um perfil a chamou para sair, mas ela fez um lacinho com alguns deles. "Você precisa começar de algum lugar", ela sempre diz. "Por que não com um pão com manteiga de amendoim e geléia?" Não sei o que há de errado com um sanduíche de manteiga de amendoim e geléia, tão típico aqui nos Estados Unidos, mas, de novo minha experiência com o sexo oposto é quase nula.

Kathleen tira os olhos do programa de TV e vê como estou irritada com ela.

_ Me desculpe, Anna. Demorou meses pra eu conseguir essa entrevista. Faz isso por mim? - ela pediu com aquela voz de Batman do Christian Bale. De alguém que se acabou no cigarro na noite anterior.

_ Claro que vou, Kathleen. Você quer um remédio, tipo, um NyQuil?

_ Tem álcool nele?

_ Tem - eu respondo.

_ Então me vê uma dose e bota num copo com Red Bull. - ela responde - E aqui... pegue meu mini gravador e faça essas perguntas a ele. Eu faço a transcrição depois.

Não acredito que estou fazendo isso! Pego o mini gravador e o no Booker dela. Apenas depois de meia hora na estrada, me lembro do pedido de NyQuil e Red Bull. Hum bem. Aquela vadia pode levantar a bunda do sofá e preparar sua própria bebida.

A sede da Earl Grey Corporation, no centro de Seattle, em um prédio de escritórios monstruoso de 175 andares que se projeta na direção do céu limpo como uma ereção de aço. Atravesso as portas de vidro e vou até o saguão, que é de vidro e aço do chão ao teto. Isso não me fascina à toa, pois os prédios de Portland são feitos de grama e lama.

Uma mulher loira e atraente atrás do balcão da recepção sorri para mim enquanto entro. Suponho que ela seja a recepcionista, porque não consigo pensar em outro motivo para ela está atrás do balcão da recepção. A menos que talvez ela esteja substituindo a verdadeira recepcionista, que poderia está na hora de almoço. Mas então eu lembro: São quase duas da tarde, e duvido que alguém almoce tão tarde. Então, ela deve ser mesmo a recepcionista.

Cinquenta Vergonhas De CinzaOnde histórias criam vida. Descubra agora