Capítulo Quatro

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Trabalho pelo período de oito


horas completas no Wal-Mart


aos sábados. Meu chefe me manda para as caixas registradoras o diatodo. Não consigo pensar numa motivação melhor para passar nos meus exames finais e me formar do que o pensamento de trabalhar


aqui pelo resto da minha vida.

Lá pela quarta hora passando


códigos de barra e embalando


fraldas e cigarros, fico tão tonta


que não percebo que o cliente à


minha frente é ninguém mais que Earl Grey! Está vestido num


conjunto de veludo cinza, que


realça seus olhos. Não acreditava ser possível para ele parecer mais apetitoso do que parecia em trajes profissionais, mas caramba!

- Olá, Srta. Steal - ele diz, me


contemplando contemplativamente com seus olhos cinzas contempladores.

- Sr. Grey!

Ele desliza um CD do Nickelback na minha direção, que eu registro.

- Estava passando pela região e


encontro a senhorita aqui - ele


comenta. - Que surpresa agradável.

- E o senhor, hum, encontrou


tudo que estava procurando hoje? - eu murmuro, embalando o CD. Grey está sorrindo novamente como o grande Lobo Mau que deseja me comer. E, cara, eu quero mesmo que ele coma a minha...

- Na verdade, não - ele diz,


interrompendo meu monólogo


interno. - Algumas coisas não


consegui encontrar sozinho. Pode me ajudar? - A voz dele é fria e


firme como um sorvete Wendy's


Frosty, e tenho um branco


momentâneo.

Balanço minha cabeça para


reencontrar meus pensamentos.


Como se fosse em uma daquelas


Bolas 8 Mágicas, um pensamento surge na minha cabeça.

- Os sinais dizem que sim - eu


digo.

- Como?

- Quer dizer, sim. Claro que


posso ajudá-lo.

Há uma fila de quinze pessoas


atrás dele, mas como posso resistiràquela voz? Desligo minha esteira. Posso ouvir os grunhidos de meia dúzia de clientes que estavam esperando na fila, mas havia outros três caixas trabalhando.Earl Grey é único.

Ele me entrega sua lista de


compras e eu o conduzo pela loja na busca pelos itens. Silver tape? Filme plástico? Serra para metal? Quem é esse cara, o Dexter? Vou com ele até o corredor de fita adesiva, e preciso de toda a minha capacidade mental disponível para me concentrar na caminhada. Pé esquerdo, pé direito, pé esquerdo... pé direito?

- Caraca, esquecemos seu CD - eu digo.

Ele balança a mão.

- Tenho dez cópias dele em casa, não se preocupe - ele diz. Esse cara joga dinheiro pela janela.

Cinquenta Vergonhas De CinzaOnde histórias criam vida. Descubra agora