- Srta. Steal, a senhorita está
em trabalho de parto há cinquenta e seis horas. Há risco para o bebê. Não temos escolha, a não ser fazer uma cesariana - diz a obstetra.- Então faça, cacete - Earl diz. Ele ficou no hospital, segurando minha mão, durante todo o martírio. Levar a gravidez até o fim foi bastante doloroso, com todo o comportamento sádico do bebê, mas as últimas cinquenta e seis horas foram as piores. As enfermeiras não conseguem botar analgésico suficiente em mim para aliviar a dor.
Eu aperto a mão de Earl.
- Tudo vai... ficar bem. - eu murmuro. Estou exausta e preciso descansar, mas preciso ser forte. Pelo nosso bebê.
- Temos seu consentimento, Srta. Steal?
- Sim - eu me ouço dizer.
Minha voz parece vir de outra dimensão.
- Excelente - a obstetra diz. - Tudo isso vai acabar logo. - Ela vira para uma enfermeira e chama a anestesista, então manda que outra enfermeira leve minha cama para a sala de operação.
Tudo acontece muito rápido. Somos levados às pressas pelo corredor, por outro corredor e entramos na sala de operação. Earl, que está com roupas cirúrgicas sobre o terno, me segue, segurando minha mão a cada passo do caminho.
Os próximos dez minutos são uma confusão de médicos, enfermeiros e anestesias epidurais. Fecho os olhos e não consigo sentir nada. Graças a Deus. Viro a cabeça para Earl, ele sorri, cansado. Sinto a consciência indo e voltando, mas recupero as forças quando a obstetra finalmente diz as palavras mágicas:
- Aqui está seu filho.
Earl está segurando o recém- nascido enrolado num cobertor. O rosto do bebê é enrugado, e seus cabelos pretos estão amassados, mas ele está vivo. E é lindinho. Seus olhos estão fechados e ele parece tão tranquilo... Chris Grey. Nosso bebê.
Os olhos do pequeno Chris se abrem. São cinzentos, como os do pai. Chris sorri com perversidade e mostra seus dentinhos pontudos de vampiro. Espera aí... SEUS O QUÊ?!?
Olho para Earl, que sorri e mostra suas próprias presas pontudas.
- Acho que precisamos conversar - ele diz. O bebê me olha, e eu o encaro e, então, Earl me encara e, então, todos revezamos nas encaradas uns para os outros, encaradamente.
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Cinquenta Vergonhas De Cinza
RomanceEmpurro a porta aberta e tropeço na barra das minhas calças de ginástica largas num movimento rápido e desajeitado. Enquanto tombo na direção do chão, meu corpo, por reflexo, aciona o modo ginasta. Largo a mochila e o notebook, estendo meus braços e...