A JET50 verde-oliva sempre fora um sonho desde pequenina. Aquelas motocas bonitinhas dos filmes americanos com um toque positivista. Ir com ela até seu novo emprego era uma das melhores partes do dia de Catarina; ir sem pressa, admirando as paisagens de Falconville. Sua outra parte favorita era quando o último sinal tocava e seus pequeninos corriam porta afora em busca de seus pais, menos Patrick.
Pat ficava quietinho em sua carteira, guardando os materiais com cuidado para não esquecer nada. Então, quando seus colegas todos deixavam a classe, ele ia até sua professora, agarrava-lhe pelas pernas e se despedia.
Geralmente Cat o acompanhava até a saída para tomar um ar e esperar pelo almoço com Michael. Nesse dia não foi diferente. Porém, ao invés da típica minivan de seus pais, um carro grande, luxuoso e preto com vidros fumê o esperava. O engravatado abriu a porta traseira e de lá desceu o homem a quem Pat chamou de avô.
Quando o senhor de cabelo grisalho e corpo farto tirou os óculos de sol, Cat teve a impressão de que ele olhava em sua direção. Afastou-se da entrada e sentou-se em uma das mesinhas, mandando uma mensagem para Clifford.
"Churrasco brasileiro. Topa? x C"
Patrick estava eufórico em saber que o avô havia retornado da viajem de quase um ano e bem a tempo de seu aniversário. Abraçou suas pernas e abriu o maior dos sorrisos, declarando sua felicidade pela surpresa.
- Pat? – falou o senhor, abaixando-se na altura do mais novo – Aquela ali é sua professorinha?
O garoto olhou para Catarina sentada ao longe, mexendo no celular e assentiu.
- Ela vai ao seu aniversário?
Patrick negou.
- Porque não? – o garotinho o respondeu dando de ombros, os olhos inexpressivos de quem não ver problemas em perguntas – Tome, entregue-a isso. É sua professora favorita que eu fiquei sabendo, vai ser bom tê-la lá, não vai?
Ele assentiu, pegando o convite das mãos do avô e correu pelo gramado, lutando entre segurar o convite e manter a mochilinha nos ombros.
Catarina sentiu então uma mãozinha tocar-lhe o braço. Patrick estava ofegante, a mochila escorregando em um dos braços.
- Tia Cat – começou, ofegante -, você vem pra minha festinha? É amanhã.
E entregou o convite colorido que tinha em mãos.
- Claro, meu bem! – sorriu, simpática.
O garoto então voltou a correr.
O celular vibrou.
"Já estou a caminho. Te pego em 5. M"
Seguiu as instruções do GPS até a casa do pequeno Patrick. Balões de ar coloridos sinalizavam a entrada da casa. Comparado ao seu apartamento, uma mansão. Estacionou a motocicleta próxima a casa e entrou, levando em mãos as peças de montar que ele adorava brincar com na escola. Bateu três vezes na porta e ele mesmo veio recebê-la.
- Tia Cat! – gritou, agarrando-a pelas pernas – A senhora veio.
Ela sorriu vendo seus olhinhos brilharem. Agachou-se, ficando de sua altura.
- Claro, meu bem. Não poderia perder sua festa. – bagunçou seu cabelo e deu um beijo na sua bochecha – Acho que te trouxe algo.
Patrick abriu o maior dos sorrisos quando Catarina mostrou o retângulo embrulhado. Ele segurou-a pela mão e puxou para dentro de casa, chamando pela mãe. Catarina passou a mão pelo vestido florido rodado esperando encontrar pessoas muito bem vestidas naquela família.
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Drowning
Fiksi PenggemarUm afogamento não é uma morte calma, indolor, súbita. Um afogamento é gradual, tortuoso e silencioso. A vítima sofre cada segundo e, por serem estes seus últimos, parece infinito. Infinito é um tempo muito longo para ser vivido. Eu não sei muito bem...