Dezesseis

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Meus olhos reclamavam e suplicavam por se manterem fechados enquanto eu despertava de um sono bom e calmo ao qual nem percebi chegar. Meus lábios se esticaram com um sorriso tímido e envergonhado ao lembrar da noite anterior, os toques de Luke firmes e agressivos quando submerso em nós dois, depois o momento em que ele era delicado e me acariciava com gentileza – talvez os momentos em que se lembrava que aquela era a minha primeira experiência.

O sol entrando pela janela me queimava a pele nua, exposta, a não ser pelos lençóis cobrindo os quadris e parte da coxa. Deitada de lado, apalpei o colchão em busca de sentir o corpo quente de Luke ao meu lado. Meus olhos se abriram por completo assim que percebi que ele não estava mais ali.

Levantei depressa, cobrindo os seios com o lençol. O quarto estava vazio, minhas roupas no chão eram as únicas coisas fora do lugar além da cama bagunçada. Levantei depressa, juntando as peças do chão e vestindo o mais rápido que eu conseguia. Puxei o zíper do vestido e saltei pelo quarto em um dos pés calçando o sapato. Cai de joelhos no chão ao começar a calçar o outro pé.

- Droga! – resmunguei, respirando fundo antes de me pôr de pé novamente.

Joguei a jaqueta sobre o ombro, apalpando os bolsos atrás do celular. O display dizia que faltavam quinze para o meio-dia. Grunhi saindo porta afora, detendo a fúria nos meus passos quando cheguei ao fim do lance de escadas. Algumas pessoas ainda continuavam desacordadas pelos cantos da casa, copos e mais copos rolando pelo chão com o vento da porta traseira aberta. O gramado também tinha seus dorminhocos, todavia em menor número. Talvez o sol os tenha levantado.

Saltei corpos com calma até chegar a porta da frente, abrindo-a. O sol mais forte causou dor de cabeça. Bem, talvez eu já estivesse com dor, o sol nos olhos desacostumados só pioraram a situação.

Passei os olhos rapidamente pela rua antes, buscando algum sinal de que Luke ainda estava por ali. Nada.

Olhei de um lado para o outro da rua residencial. Eu não tinha ideia de como sair daqui e chegar em Falconville.

Desbloqueei meu celular novamente e liguei para Luke. Chamou, chamou, chamou, chamou... No quinto toque ele atendeu.

- Fala!

O barulho alto de vento deixava a voz dele mais difícil de compreender. A forma como atendera, de qualquer forma, com ou sem barulho, continuaria me incomodando e me tomando de vontade de apenas desligar e encontrar meu rumo para casa.

- Onde você está?

- Hmmm... – ele se demorou a responder, parecendo decidir se diria ou não – Eu não... Você não saberia onde é de qualquer maneira. – ouvi um riso do outro lado da linha.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou, mas eu não consegui detectar nenhum sinal de preocupação em sua voz. Uma voz melosa e enjoada gemeu o nome dele, quase lembrando um miado de gato manhoso. Meu rosto queimou de raiva e ciúme, o suor surgindo.

- Nada. – respondi depressa e sem nenhuma vontade de continuar aquela conversa. Desse modo, desliguei sem aviso prévio.

Meus olhos queimaram no mesmo minuto. Não era hora, mas eu estava querendo chorar e me sentindo a pessoa mais estupida do mundo. Parecia agora que todo o show que ele dera dizendo estar preocupado com a minha segurança era apenas um show e eu era apenas mais uma de suas conquistas. De qualquer maneira, eu não ficaria esperando por ele.

Liguei para a única pessoa que poderia ter o mínimo senso de afeto por mim.

- Sim, mademoiselle? – o humor na voz melodiosa de Michael já me fez querer parar de choro. Mas, ao invés disso, a intensidade aumentou e eu comecei a emitir sons de quem estava prestes a desabar. Michael percebeu, os risinhos desapareceram e sua voz foi tomada por uma camada de preocupação – Cat? Está tudo bem?

DrowningOnde histórias criam vida. Descubra agora