A luz do sol vinha. Toquei o corpo dele, tendo cuidado ao contornar as marcas roxas de onde ele tinha sido atingido. Os dedos trêmulos, buscando sempre em seus olhos o consentimento de poder seguir em frente.
- Dói? – murmurei, preocupada se aquilo seria o certo. Ele assentiu.
- Me faça esquecer a dor, Cat. – sua voz veio intensa, hipnoticamente profunda aos meus ouvidos.
Ele ergueu meu queixo até que eu estivesse olhando para ele. Eu já tinha notado que contato visual era algo que importava a ele, como se ele pudesse ver através, seguisse as vontades da alma.
Nos seus olhos eu vi suplica. Assenti.
Luke enlaçou minha cintura com um dos braços, pressionando meu corpo contra o dele. Senti quando seus dedos esguios sentiram minha coxa e a apertou, puxando para cima. Entendi como um pedido e saltei, cruzando minhas pernas em seu quadril.
Ele sorriu torto, os olhos fixos nos meus lábios. Ele me segurou firme contra si no caminho até a cama, ajoelhando-se devagar para evitar a dor maior, apoiando-se pelos braços em cima de mim.
Não sei se estava bem exteriorizado, mas, por dentro, eu tremia. Em nervosismo, podia sentir as gotículas de suor se formarem por todos os pontos em que Luke me tocava, a vergonha de estar sendo vista lutando conta a vontade de senti-lo mais e mais.
Comecei a me sentir ofegante, e aquilo não era algo que eu tivesse o poder de controlar. A garganta seca.
Ele permanecia ali, pairado sobre mim, os olhos me analisando meticulosamente, apoiado sobre os braços nus e tensionados. Ele parecia contrariado ao mesmo tempo em que confuso. Luke sorriu sem graça, balançando a cabeça em negação entre um sorriso e outro.
Perguntei-me se ria de mim.
Deixei cair sobre mim as mãos que antes mantinha grudadas no seu pescoço.
- No que está pensando? – Luke me surpreendeu ao perguntar – Você é difícil de decifrar.
- Que está rindo de mim. – confessei, aos sussurros, me abraçando. – No que você está pensando?
Ele negou, os cantos dos lábios ligeiramente erguidos.
- Você já transou antes?
Meu corpo estremeceu com uma corrente de vento repentina. Era psicológico, a vergonha vencendo o desejo e eu me sentia arrepiada por reconhecer que estava mostrando mais do que devia. Neguei, depois de instantes encontrando forças na timidez.
Baixei os olhos, sem mesmo olhar para lugar algum, apenas para esconder minha alma dele. E a vontade idiota e inconveniente de chorar que me tomava no momento.
- Então hoje não, tudo bem? – ele disse, buscando encontrar meus olhos. Assenti, sentindo-me irremediavelmente culpada. – Você se lembrará de mim.
Ele desceu os braços, depositando beijos na minha testa, nariz, bochechas. Seus lábios entreabertos deslizaram molhados pela minha pele até encontrarem minha orelha. Uma respiração e todos os pelos do meu corpo se eriçaram.
- Eu quero me lembrar de você. E uma foda dolorida não está nas minhas opções.
Luke caiu pensadamente ao meu lado, levando rapidamente o braço esquerdo para trás da cabeça. O gemido que ele soltou ao faze-lo me incentivou a sair do transe. Sentei na cama, com a intensão de sair. Hemmings segurou meu pulso.
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Drowning
ФанфикUm afogamento não é uma morte calma, indolor, súbita. Um afogamento é gradual, tortuoso e silencioso. A vítima sofre cada segundo e, por serem estes seus últimos, parece infinito. Infinito é um tempo muito longo para ser vivido. Eu não sei muito bem...