Onze

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A velocidade com a qual Luke guiava o carro não me assustava tanto dessa vez. Mas meus reflexos ainda faziam minhas mãos correrem atrás de algo onde segurar quando passávamos por algum tremor ou curva inesperada.

Aquele sorrisinho malicioso de canto de boca ainda estava lá, perturbador e, ainda assim, instigante. Ele seguiu sem dizer um 'a', mas me olhando descaradamente de vez em quando. Coisa que eu não conseguia repetir com ele.

Chegamos a um aglomerado de automóveis, o circulo iluminado pelos faróis. Ele estacionou na vaga que faltava ser preenchida e acendeu os faróis no mais alto. Luke me olhou, o sorriso mais aberto, os olhos brilhando. Fez um movimento com a cabeça, me convidando a sair.

Quando ele abriu a porta dele, Mia caminhava felina, os quadris fazendo movimentos aparentes à medida que ela caminhava em direção ao carro. Jogou o cabelo para detrás do ombro. Os lábios de um vermelho tão intenso que lembrava-me sangue.

O sangue que fervilhava dentro de mim.

Sai do carro e bati a porta com mais força do que preciso, para mostrar a ela que Luke não estava sozinho dessa vez. O som lhe chamou à atenção, como eu queria. Ela desviou os olhos de mim para Luke algumas vezes até que me aproximei dele.

O loiro empurrou as mechas que eu tinha no ombro esquerdo e, no mesmo movimento, enlaçou meu pescoço.

Um sorriso enorme de vitória surgiu no meu rosto enquanto ele me puxava para andar. Encarei Mia, erguendo a sobrancelha para ela.

- Oi Mia!

Em resposta recebi algo parecido com um rosnado.

No círculo de carros um grupo grande brincava e se divertia ruidosamente com seus cigarros, bebidas... e com as garotas. Haviam mais vestidas como Mia. Comecei a achar a saia que eu vestia muito comportada em relação a elas. Não era algo ruim.

"Luke chegou!" alguém gritou no meio do aglomerado, começando uma grande comemoração de gritos e assobios em homenagem ao loiro. Quase me senti intimidada por todos nos olhando, mas parecia que seria algo passageiro, até que disseram: "E trouxe uma novata." – isso, particularmente, não soou bem aos meus ouvidos.

Avistei Calum se aproximando de nós. Um sorriso conspiratório sendo trocado com Luke à medida que ambos paravam para se cumprimentar. Só então ele tirou seu braço de mim.

O moreno me cumprimentou com um movimento de cabeça, a mecha loura se movimentando, os olhos de jabuticaba tão enganadoramente adoráveis agora.

- Bem vinda, nervosinha. – disse ele.

Não me dei ao trabalho de responder, apenas repeti o mesmo movimento de cabeça e levei os olhos a Luke. Ele me olhou de cima, mais alto que eu, e piscou.

Um garoto mais atrás com cabelo liso, pouco e picotado ao redor do rosto disse algo como: "Apresenta aí?!". Calum retrucou com um: "Não é a mim que você tem que pedir, parceiro."

Fiquei imaginando se isso foi o que aconteceu com Mia. Se ela não era assim até que a trouxeram para esse grupo. Se ela não seria uma boa garota, talvez com capacidade de conseguir me fazer confiar nela.

Até cogitei trata-la melhor durante esses pensamentos amigáveis, até que ela passou por mim chutando pedrinhas no meu coturno e seguiu caminho, cheia de si, nariz empinado e rebolando.

Um dos carros roncou alto, chamando a atenção de todos. Ouvi batidas na lataria e segui Luke quando ele começou a andar em direção ao som. O garoto que pedira para me conhecer subiu no capô do carro que roncava e gritou:

DrowningOnde histórias criam vida. Descubra agora