Caminhei de um lado para o outro dentro do container, roendo o que me restava de unha. Até que ouvi batidas do lado de fora. Esperei que a porta fosse aberta, mas não foi.
- Ei, Cat! – disse ele, sua voz me causando náusea – Sabe o que eu consegui? Hmm... Acho que você deve saber, mas seu namoradinho está bastante irritado porque você não responde as mensagens dele. Imagino como deve estar sendo ruim para você aí dentro, repensar suas amizades. Você sabe que quando aquela garota veio até mim achei que seria uma armação dos Burnett Heads para me pegar, mas lembrei como você estava sendo protegida lá no campo aberto.
Aproximei-me da parede, começava a esquentar demais ali dentro, mas minhas atenções iam direto para seu discurso. Sua voz estava uns tons mais alta, ele queria que eu ouvisse cada palavra.
- Cá entre nós, aqueles garotos são bons. Realmente bons no que fazem, cresceram bastante nos últimos anos e sem a ajuda do Mestre Hood. Mas tem uma coisa chamada respeito, querida, que eles não conhecem ainda. E não tem como melhor começar a ensina-los isso do que pela coluna mais forte do pequeno Hood. É aqui que se encaixa seu namoradinho.
- Então – continuou ele, dessa vez destrancando o cadeado – Como eu te pedi e você não quis me ajudar, eu consegui sozinho a senha do seu celular. Mas se não quiser falar na chamada, eu posso te fazer chorar. – A porta abriu, a imagem escura dele indo de encontro ao sol alto no céu. Sua voz ecoou rouca como normalmente, baixa e mafiosa – Não me leve a mal, Catarina. Em outras circunstancias eu até seria um cavalheiro, você não iria me odiar. Mas nas que estamos agora, ou você coopera, ou eu te faço cooperar.
MacGuire segurou firme no meu cabelo emaranhado e o puxou para cima até que eu ficasse em pé. Minhas mãos foram ao encontro daquela que tentava me arrancar os cabelos, meu rosto distorceu-se em uma careta de dor.
Ele me sacudia vez ou outra enquanto grunhia entredentes:
- Seja uma boa menina, Catarina, e eu prometo que não vou mata-lo.
- Solta meu cabelo!
Ele moveu a cabeça em negação, estalando a língua.
- Gatinha arisca a gente mantem na coleira.
Chamou duas vezes antes de Luke atender, era como um milagre e uma prova de que ele estava preocupado comigo. Há quanto tempo eu estava ali?
- Meu Deus! – ele atendeu, a voz afetada pela respiração pesada – Que porra, Cat! Eu fiquei preocupado com você. Onde você está?
MacGuire apertou mais meus cabelos – e me impressionei por ainda ser possível – e sacudiu. Ouvíamos a chamada pelo Viva-Voz e me dizia o que responder entre balbucios.
- Luke, presta atenção, tudo bem? – uma criação de borboletas invadiu meu estomago, alterando minha respiração – Eu não sei onde estou e algo me diz que você saberá... Ai! Calma. Eu estou com MacGuire, Luke. Ele me sequestrou...
- Tudo bem, acabou a festa! – Disse MacGuire, me jogando de qualquer jeito contra o chão de aço. Ele tirou do Viva-Voz, me impedindo de ouvir a respiração entrecortada de Luke do outro lado da linha – O negócio é o seguinte, Hemmings. Eu não preciso te explicar nada e também não to afim. Mas, se você quiser, pode vim buscar sua garota. Sabe o Cais St.John? Assim que chegar, terá uma recepção calorosa. Te vejo em um minuto. Sozinho.
Me sacudi quando ele me levantou com calma mas me segurando com firmeza enquanto eu me debatia para afastar suas mãos de mim. Encostou-me ao aço e tapou minha boca.
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Drowning
FanfictionUm afogamento não é uma morte calma, indolor, súbita. Um afogamento é gradual, tortuoso e silencioso. A vítima sofre cada segundo e, por serem estes seus últimos, parece infinito. Infinito é um tempo muito longo para ser vivido. Eu não sei muito bem...