2- Gentileza, Fúria e Dor

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Horas mais tarde, uma tempestade se formava. Deixei Jason no carro dele e voltei para casa. Já era por volta de nove da noite quando cheguei, e a casa estava iluminada. Pela forma da casa, e pelas luzes, parecia ligeiramente um disco voado. Assim que entrei, Pepper brotou de algum lugar e meu coração quase parou com o susto.

-Graças a Deus! Onde estava?

-Estava com Jason, meu amigo. Demos uma volta.

-E comprou um carro? - disse ela apontando para o Audi do lado de fora.

-Hã... sim - respondi um pouco envergonhada.

Pepper suspirou, balançando a cabeça.

-Se eu tivesse passado uma hora com você seis meses atrás, não precisaria de nenhum teste de DNA. Você é mesmo filha de Tony, e não há quem possa negar. Vocês são mais parecidos do que achei que seriam.

Diante aquela afirmação, não soube o que responder. Fiquei em dúvida se era um elogio, um insulto ou simplesmente uma constatação. Além de estar surpresa pelo gesto maternal de Pepper ao se preocupar comigo. Permaneci calada.

-Ele disse o que você fez no vidro.

-Tony é uma criança? Foi se queixar pra você dizendo que fui malvada?

-Ele ainda está na oficina - disse ela, ignorando minha alfinetada ao namorado - Se duvidar, ficou lá o dia inteiro. Pode tentar convencê-lo a sair? Podemos sair os três para jantar.

Eu ponderei. Pepper era mais esperta do que parecia. Ela não precisava de mim para tirá-lo de lá. Ela queria que eu tentasse mais uma vez falar com ele.

-Certo. Vou lá. Não garanto nada.

-A nova senha é 285924.

-Tudo bem - e fui em direção à escada.

-E Katherine! - me virei para olhá-la - Seja paciente e gentil, por favor.

Eu assenti e continuei o caminho.

No andar e baixo, não vi Tony através do vidro, então digitei a senha e entrei, silenciosamente. Meus sapatos faziam um barulho suave no chão, mas mal se podia ouvir devido uma série de ruídos metálicos vindos de algum ponto mais à frente. Continuei caminhando e vi o capô do mesmo carro aberto. Me aproximei devagar e em silêncio para vê-lo trabalhar. Observando Tony Stark em seu habitat natural.

-Se voltar aqui mais uma vez, vou ser obrigado a te levar pro quarto e tomar um banho bem gostoso com você - ele disse, ainda mexendo no motor.

Provavelmente ele ouviu meus passos e pensou que fosse Pepper, que devia ter ido até ele saber o que tinha me acontecido.

Tony ergueu-se com um sorriso no rosto, mas quando viu que era eu, pareceu extremamente confuso e surpreso. Coloquei minhas mãos para trás e reprimi um sorriso.

-Não, obrigada - respondi.

-O convite não era pra você, é claro - esclareceu - Como entrou?

-Pela porta.

-Ela te deu a senha - concluiu, voltando a se abaixar.

-O que tanto mexe nesse carro? - perguntei.

-Não é da sua conta. Não deve entender de carros.

-Não da parte mecânica. Você poderia me ensinar alguma coisa. Posso gostar.

-Não nessa vida - resmungou.

Respirei fundo, procurando na mente algum motivo suficientemente feliz para não começar a brigar.

Não encontrei nenhum.

Pequena StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora