17 - Sempre dá pra piorar

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Cinco meses depois.

Eu estava enorme. Tamanhos sete meses de gravidez e precisei ver, dia após dia, meu corpo magro se transformar nessa coisa gorda. Pode parar de crescer, eu deixo.

Não estava fácil esconder aquilo. Nos primeiros meses mal se notava, e até consegui comemorar meu aniversário (bebendo muito chá e suco de qualquer porcaria saudável de gosto ruim), mas a partir do quarto as coisas complicaram. Sempre que saio de casa corro o risco de ser clicada e ir parar na mídia mundial. Por sorte eu tinha JARVIS aos meus serviços, apagando qualquer informação ou foto que me associasse a gravidez.

Steve estava cumprindo nosso acordo, me mandando postais de cada cidade que passava. Eu já tinha mais de 150. Ele estava quase terminando sua viagem e eu ainda não tinha tido coragem suficiente pra contar nada. A última parada dele seria na Austrália, pra onde ele iria em um dia, depois de sair da Indonésia. Depois voltaria pros EUA e eu estaria muito ferrada.

Dá pra minha vida ficar mais complicadinha? Ainda não está o bastante.

Era Natal, e aquilo animava muito Tony. Estávamos na oficina, que ganhara uma árvore de natal que nos divertimos muito montando - pedi pra colocar alguns dedos de armaduras como enfeites e uma máscara como estrela - e uma poltrona confortável pra mim. Eu sempre tinha que escolher um lugar pra ficar durante um bom tempo. Era difícil ficar andando por aí com essa barriga pesada, e ô casa pra ter escada!

Tony dormia muito mal, estava frenético ao extremo. Tentei conversar, tentei argumentar e até gritar, mas nada surtiu efeito. E novamente ele pediu que eu mantivesse segredo sobre ele e o fato de estar ficando louco.

Era o teste de uma nova armadura. A milésima ou milésima segunda. Um modelo totalmente novo, com uma tecnologia diferente. Cada uma de suas partes era independente, e ela podia ser controlada à distância. Estava louca pra ver aquela demonstração.

Ele estava implantando micro-repetidores no braço, e de onde estava eu conseguia ouvi-lo gemer de dor toda vez que a agulha perfurava a própria pele.

Apareceu alguns segundos depois, falando com as armaduras.

-Boa noite, e bem-vindos à maternidade. Tenho o prazer de anunciar a chegada iminente da sua linda irmãzinha casca grossa.

Eu realmente acho que essa história de estar grávida estava mexendo muito com a cabeça dele, mas fiquei na minha.

-Mark 42, teste do traje de propulsão preênsil autônomo. Iniciar sequência.

Sobre uma mesa, um pedaço de armadura começou a brilhar.

-JARVIS, abaixa a agulha.

Uma versão moderna de Jingle Bells começou a tocar. Tony começou a dançar, me fazendo rir muito. Eu adorava aquela versão, e adorava mais ainda com Tony dançando.

Ele fez um movimento e a mão da armadura chegou até a sua, montando-se e se expandindo.

-Uma parte funcionou, parabéns - comemorei, colocando pipoca na boca.

-Fica quietinha, vai dar tudo certo.

O ombro e a outra mão também funcionaram bem. Tony comemorou.

-Legal, consegui! Manda!

A perna também se encaixou, mas um pedaço desconhecido de metal amarelo passou voando e atingiu um vidro, e outro quase acertou a cabeça dele.

-Tá indo muito rápido, filho. Diminui a velocidade. Di... - ele se abaixou pra evitar ser atingido por mais uma parte voadora descontrolada - Diminui!

Pequena StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora