3- Cuidados Especiais

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Ponto de vista Katherine Stark

Quando acordei, senti uma luz fraca batendo nos meus olhos. As cortinas estavam entreabertas, e aquele DEFINITIVAMENTE não era o meu quarto.

Paredes brancas, cortinas azuis, pequenos bips e cheiro de álcool. Era um hospital, com certeza. Alguma coisa entrava pelas minhas veias através do soro, porque eu estava sonolenta, e tentava a muito custo manter os olhos abertos.

Parte do meu sono passou quando reconheci Tony observando pela fresta da cortina.

-Tony? - perguntei com a voz fraca de puro sono.

-Hey - disse ele, se sentando na cama.

-O que estou fazendo aqui?

-Sua mãe nunca te disse pra não sair na chuva? - perguntou - Porque devia ter obedecido. A que você pegou duas noites atrás te deixaram ensopada, e como você não trocou de roupa, acabou tendo pneumonia - ele suspirou - Sua febre estava tão alta que estava tendo alucinações.

-Então nós não conversamos?

-Isso foi bem verdade. Eu estive lá, mas apenas eu.

Não conseguia lembrar muito do dia anterior. Minhas lembranças não pareciam abranger mais do que uma ou duas horas. Lembrava de ter ido embora e da chuva. De ter largado o carro e andado pela cidade. Depois lembrava de minha antiga casa, e uma visão distorcida de minha mãe me observando: a mesma imagem de uma foto que tínhamos. Tony estava lá, e da conversa eu me lembrava bem.

-Você está bem? - perguntou.

-Eu não sei. Não sei o que fazer daqui pra frente.

-Quando se recuperar, voltamos pra casa - respondeu simplesmente.

-Acho que aquela não é minha casa Tony. Não de verdade.

-Claro que é. Você é uma Stark. Sempre será. Você só precisa se acostumar, e aprender a assinar esse nome direito.

-Não é meu lar - esclareci - Meu lar era onde minha mãe viveu e morreu. Meu lar era com ela. Não tenho isso há algum tempo.

Ele me olhou, melancólico. Se aproximou um pouco mais e segurou a minha mão.

-Não tinha a menor ideia de que você existia a maior parte da sua vida. Eu não conheço você direito, e sei que você não me conhece muito bem também. Mas eu quero fazer isso dar certo. Ser pai do jeito certo. Se você me permitir.

Parei um minuto para pensar. Tony era teimoso, isso eu sabia. Talvez fosse relacionado a tudo na vida, então se ele realmente quer fazer isso funcionar, se ele foi me buscar porque se preocupou, então talvez tudo isso valha a pena. Talvez ele seja um bom pai afinal.

-Tudo bem.

Ele abriu um meio sorriso.

-Obrigado.

Ele mexeu numa mecha de cabelo escuro que caía no meu rosto.

-Como eu não percebi antes?

-O que?

-Quem você era. Eu devia ter reparado se tivesse te olhado por mais que alguns segundos. Você é minha filha.

Eu corei com aquilo, não pude evitar. Tony estava sendo atencioso, e isso eu nunca esperaria dele.

-Como uma garota tão linda poderia não ser minha filha? A genética grita! - disse, se levantando.

Eu gargalhei e lhe atirei um travesseiro. Ou melhor, tentei atirar, mas com a força que dispunha, o travesseiro caiu aos pés dele.

Pequena StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora