5- Maletas e Chicotes

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Happy entrou na pista de corrida. Como se isso não fosse loucura o bastante, ainda estávamos no sentido contrário dos carros, ameaçando nos chocar de frente com um dos pilotos - o que daria morte na certa, já que com o desespero, nenhum de nós usava cinto.

Nós sacudíamos a cada desvio de Happy, e eu percebi que fugir daqueles repórteres no dia em que nos conhecemos não era nada. Happy era um excelente motorista, e estarmos vivos até agora sem bater em nada era prova disso.

O apoio de cabeça do banco do carona tinha uma pequena televisão, que eu sintonizava o melhor que podia no canal da corrida sacolejando do jeito que estava ali atrás. Quando finalmente consegui, vi o que não queria. O homem com o chicote elétrico acabara de dividir o carro de Tony em dois.

-Acertaram ele! - gritei em pânico.

-Estamos quase lá! - respondeu Happy.

-Vai mais depressa, ele vai ser morto!

E logo o vimos. O homem estava de costas para nós, indo na direção de Tony, que saíra do carro e estava tentando apagar seu próprio braço em chamas. Happy acelerou e buzinou, foi só o aviso para Tony pular na grade de proteção milésimos antes de acertarmos o homem e o imprensarmos contra a mureta. Foi uma batida violenta, eu fui impulsionada pra frente, dando de cabeça na pequena tela. Minha cabeça estava sangrando e dando voltas. Tinha muito barulho de gente gritando. Eram os três.

-Queria me pegar ou pegar ele? - gritou Tony.

-Acertar ele! - respondeu Happy, na mesma tonalidade.

-NÃO PARECIA!

-Você ficou maluco?! - esganiçou Pepper ao meu lado - Entra no carro agora!

Entre mais alguns gritos e protestos, Tony deu a volta para entrar pelo lado que eu estava. Quando abriu a porta, um chicote a cortou. Numa breve descarga de adrenalina minha tontura permitiu que eu enxergasse com clareza, e vi que o homem de chicote parecia longe de estar inconsciente. Happy deu ré e acelerou novamente, e repetiu o processo tentando manter o homem ocupado. Pela abertura da porta cortada, Tony gritava pela maleta.

Eu tentei pegá-la, juro que tentei. Mas minha cabeça tinha voltado a rodar com o movimento do carro, e fui obrigada a me segurar em algo. Para minha triste sorte, meti a mão na pequena tela do encosto e consegui me cortar nela de novo, mas era minha única base de apoio dado que metade da porta se fora.

Pepper pegou a maleta, mas com o movimento também não conseguia entregá-la a Tony. No momento seguinte, um chicote atravessou o carro, exatamente do meu lado, partindo lataria, estofamento e eu. A dor atravessou meu braço e eu fechei os olhos com tanta força que até eles começaram a doer. O chicote passou de novo, e uma parte do teto cedeu sobre mim, seguido de outra terrível pontada de dor, desta vez na perna. O som dos meus gritos só era superado pelo barulho do chicote de metal partindo as partes do carro que pudesse alcançar.

Não sei quando aquilo tinha acontecido, mas outra parte do carro tinha sumido, dando uma abertura para Pepper que finalmente conseguiu jogar a maleta para fora. Através dos meus olhos embaçados vi novamente a cena de Tony vestindo a armadura, mas as circunstâncias eram totalmente diferentes.

Assim que ela estava totalmente formada, Tony teve força suficiente para empurrar o carro destruído em que estávamos com o pé, nos jogando um pouco mais pra longe da confusão. O metal ao meu lado estava quente, e era certo que faria um estrago ainda maior se eu encostasse nele de novo, portanto me segurei com todas as forças enquanto o carro se movia para não tocá-lo. Isso abriu um pouco mais o corte feito pelo vidro da tela, mas nada era comparado ao que eu sentia no resto do corpo.

Pequena StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora