A última guardiã da Luz (Completo)

6 - O passado é revelado

Durante o sono me senti mal e tive pesadelos fazendo-me acordar chorando aos gritos.

- Shhh! Calma, já passou minha querida – estava nos braços de Ascaban chorando.

- Me desculpe Ascaban – enrubesci devido a toda aquela situação.

- Você já fez isso muitas vezes comigo lembra?

- Eu só preciso me lembrar que você já foi meu melhor amigo e fazia isso porque pensava que era um animal da floresta.

- Não sou mais seu amigo? - não soube o que responder diante daquela questão - tudo bem. Você vai aprender a confiar em mim novamente – ele se afastou - com que frequência você tem esses sonhos e como são?

- Ei! Eu começo com as perguntas aqui.

Senti uma fisgada na perna. Quando passei a mão tinha um curativo feito nela.

- Você se feriu em meio a correria de mais cedo numa erva espinhosa venenosa.

- Fez o curativo enquanto eu dormia?

Ele assentiu.

- Obrigada! - o agradeci.

-Tudo bem - ele deu uma risadinha gostosa e pegou algo para comermos - o que você quer saber?

- De tudo.

- Você precisa ser mais clara, minha querida – aquele olhar fazia minhas mãos suarem.

- OK! Vamos lá. Quem é você de verdade e por que você está me ajudando?

- Bom, eu sou filho de uma amiga de sua mãe, e o seu "protetor" por assim dizer.

Não segurei a risada, até perceber que ele estava falando sério e me recompus.

- Por que eu precisaria de um protetor? - questionei.

- Por ser especial - disse apenas.

- Especial como?

- Beliza você possui o poder da luz.

Bem na lata.

- Isso é ridículo. Eu nem tenho a marca do cristal no ombro. E meu tio me disse que a criança que recebeu o poder da luz havia morrido. Crianças não sobrevivem a transição do poder.

- Ele mentiu pra você. Eu, o seu tio, a Eugênia, o Evan e a Florência somos parte do conselho das guardiãs que sua mãe escolheu para cuidar de você. Quando você nasceu algo estranho aconteceu. Sua marca não era comum, seu cristal era vermelho. Você foi queimada pelo poder da luz quando o recebeu, mas se curou das queimaduras. Esse tipo de poder de cura é raro, mas foi o que lhe salvou. Sua mãe e a rainha fizeram o selo de Magius Santificus em você e os escondeu com magia de chave. Tudo será liberto quando um eclipse de sangue surgir, e um se aproxima.

Minha cabeça girou com tanta informação me deixando tonta.

- E onde você entra nessa história?

- Eu era um jovem guerreiro quando você nasceu e minha mãe era amiga da sua. Ela dizia que eu a protegeria um dia, mas falava brincando. Nunca imaginávamos que isso seria realmente necessário. Jasmine me entregou você em meio a batalha e te entreguei ao Ben aqui na Floresta dos Gritos para criá-la. 

- Eu preciso de um tempo pra absorver tudo isso. É tudo muito absurdo e-e essa história sem pé nem cabeça.

- Esse é o problema. Nós não temos mais tempo. Um eclipse de sangue se aproxima e você tem que se preparar. Gregor já sabe que a criança sobreviveu e por isso veio a sua procura. Todas as garotas com idade próxima a sua estão sendo caçadas e mortas por todo o reino.

Então a cadeira onde estava sentada virou e me estatelei no chão gritando.

- COMO ASSIM? - gritei.

- Você possui o poder da luz e você lutará na próxima Batalha de Rematch.

- Você só pode estar maluco. Eu não vou me suicidar. Isso é ridículo.

- Você é mais poderosa do que imagina, minha querida. Enquanto você tomava banho ontem...

- SEU MALDITO TARADO! VOCÊ ESTAVA ME VENDO TOMAR BANHO ONTEM? 

- Entenda que foi preciso Bela. A magia com chave toma grande parte do seu corpo, com o eclipse se aproximando ela está enfraquecendo. Você precisa estar nua para eu poder ver com clareza e saber se o seu selo e a marca do cristal ainda estão cobertos.

- Desde quando? - falei entre os dentes.

- Não entendi.

- Você me vê nua desde quando? - perguntei com fúria e algo também crescia junto a fúria, algo que nunca havia sentido antes. PODER.

- Isso não importa agora. Esqueça isso e foque no mais importante.

- DIGA! AGORA!  - minha voz ecoou dentro da casa com amplitude.

Ascaban veio em minha direção a passos rasos e calmamente colou um papel no meu braço. Me senti mais calma e o poder diminuiu.

- Sempre, eu sempre te vi nua Bela, era preciso. Sinto muito, mas eu tinha de fazer isso. Você está bem? - seus olhos estavam cautelosos.

- O que você colou em mim? - me senti tonta.

- Um selo de aprisionamento temporário de poder, ou você me mataria.

- Jamais faria isso com você e nem com ninguém - senti-me ofendida e brava, mas estava grogue.

- Eu sei que não, mas seus sentimentos estão diretamente ligados com seus poderes. E cada sentimento seu libera uma forma diferente de poder. Sua raiva por mim por saber que invadia sua privacidade poderia me matar com um estalar de dedos.

- Não que você não merecesse morrer nesse momento. Quando essa sensação vai passar?

- Logo. Mas agora é a minha vez de te fazer uma pergunta. Como são esses seus sonhos? E quando você os tem?

- Eu os tenho desde quando eu era bem pequena. Eles são mais ou menos assim: Eu estava com minha mãe no antigo castelo do reino do Sol quando um homem vem e diz algo em uma língua que eu não conheço.

- Como sabe que é o castelo do Reino do Sol?

- Quando era criança costumava fugir e ir nas ruinas dos castelos por perto.

- Você era uma criança muito difícil de se controlar, - ele riu - mas continue.

- Então minha mãe briga com ele e ele a empurra de barriga no chão. Ele então se arrepende e dá um beijo em seus lábios e pede perdão a ela. Então tudo fica escuro e só vejo sangue, uma criança e minha mãe morta. O homem então está chorando e chamando o nome dela sem parar. E a criança sumiu. Acho que esse homem pode ser meu pai, mas ele é alguém sem rosto.

Tinha esse mesmo sonho várias vezes durante minha vida inteira. Sabia que tinha algum significado, pois se mantinham no mesmo padrão sempre. E suspeitava que o homem sem rosto fosse meu pai.

- Venha - Ascaban tomou minha mão - vou te levar a um lugar – veio me puxando e foi me guiando para algum lugar fora da casa, então paralisei e apertei sua mão - não precisa ter medo, está tudo limpo lá fora.

Confiei em suas palavras e fomos em direção a uma montanha.

*Ascaban na mídia

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Esse Ascaban ein.