14 - O passado sombrio

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- Paul, o que significa isso? - esbravejei atrás de Paul que ainda me segurava.

- Bela, não se aproxime dele – disse Paul aparentemente furioso e Ascaban tentou se aproximar - afaste-se dela seu mentiroso e impostor.

Mentiroso? Impostor?

- Paul você enlouqueceu? Do que está falando? Diz alguma Ascaban! - comecei a entrar em desespero ao ver que Ascaban não dizia nada para se defender - ASCABAN!

- Conte a ela Ascaban, conte - disse Paul com um ar triunfante.

- Beliza não era pra ser assim, eu iria te contar.

- Assim como Ascaban? Do que você está falando? - perguntei desesperada.

- Ele não é um ser do reino da luz, ele é um fugitivo do reino das trevas.

- Não, minha mãe o conhecia e morava nesse reino. Está havendo um mal entendido.

- Ele enganou sua mãe Beliza, ele enganou a todos nós.

- Cale a boca! Beliza acredite em mim, deixe-me explicar - Ascaban tentou se aproximar, mas foi impedido por Paul com um golpe que o fez cair no chão.

- Paul pare! Não o machuque – Ascaban se levantou com fúria e foi pra cima de Paul, os dois começaram a lutar. Desesperada suplicava para eles pararem, mas era inútil. A mesma dor do dia do treinamento pontou novamente, mas dessa vez em meu ombro, era a varinha. A segurei e sem pronunciar nenhum feitiço arranquei-a da minha pele, mas dessa vez não houve nenhuma lesão. Comecei sentir meu corpo queimar - PAREM! AGORA! - eles finalmente pararam, ambos me encararam e vi medo em seus olhos. A princípio não entendi, porém olhei para mim mesma e vi que minhas mãos e meus pés estavam em chamas, então meus pés saíram da terra e meu corpo se elevou por mais ou menos um metro de altura até que senti a mão de Ascaban pegar na minha.

- Hyphinul Serenus - essas palavras deviam ser algum feitiço, pois me fizeram voltar para o chão e as chamas sumiram. Mas assim que meus pés tocaram o chão Paul tocou com a ponta do seu dedo indicador na nuca de Ascaban e ele desmaiou.

- Paul por que você fez isso com o Ascaban? - eu já estava chorando.

- Beliza você foi enganada por esse farsante. Ele é um fugitivo condenado ao limbo por assassinar a própria mãe e por diversos crimes. Ele sempre me pareceu suspeito desde que o conheci e então tomei a liberdade de investigá-lo.

- Não Paul, não pode ser. Ele esteve comigo durante toda a minha vida desde o meu nascimento, me protegeu e cuidou de mim. Como ele pode ser essa pessoa? - meus olhos já estavam inchados de tanto chorar e minha cabeça doía com aquela confusão - há poucos dias ele e eu... nós... nós.

Teria eu me entregado a um homem de passado tão vil e sombrio? A pergunta me assombrou.
Minha mente voltou no tempo na noite que passamos juntos, como ele foi carinhoso e atencioso, o quanto tudo havia significado para mim.

- Ele só te usou Bela, ele só fez isso porque... - Paul parou de falar.

- Por que Paul? Por que? Anda, fala logo.

- Bela! - ele suspirou meu apelido e me abraçou.

- Por favor me diga - supliquei nos seus braços com meu rosto contra o seu peito e com os olhos cheio de lágrimas.

- Bela você sabe que nós conseguimos absorver poder dessa maneira. Você baixou a guarda e o miserável aproveitou para sugar parte do seu poder.

- Pare, não fale mais nada - eu falei entre meus soluços. Não podia ouvir mais nada. Eu já sabia o que Paul iria dizer – ele absorveu parte do meu poder para si, eu senti isso, mas não pude acreditar que faria isso comigo, não num momento como aquele.

- Eu sinto muito minha querida - nos soltamos e ele pegou Ascaban ainda desmaiado e o jogou nas suas costas.

- Para onde você vai levar ele? - eu perguntei enxugando minhas lágrimas.

- Terei de convocar um oficial dos cavaleiros das trevas para buscá-lo. Ele deve muita coisa. Está sendo procurado há muitos anos por muitos crimes, mas não quero falar disso com você, isso só te fará mal. Não se preocupe, irei cuidar de tudo.

- Tudo bem! - disse ainda desnorteada - eu posso ficar na sua casa? Não consigo voltar para aquele lugar onde estava - Paul então se retraiu um pouco e pareceu refletir sobre o meu pedido, mas assentiu.

- Claro que pode, minha querida. Tome um banho, coma e descanse, logo chegarei lá.

Então segui em direção a casa de Paul.

Chegando lá fui direto tomar um banho. Peguei alguns sais de banho e essências de flores e joguei na banheira. O banheiro de Paul era bem limpo e arrumado, a casa toda era linda. Me deitei na banheira, fechei os olhos e relaxei, afinal, o dia tinha sido longo e difícil. Lutei para manter a mente no lugar, mas a cada instante meus pensamentos vagavam, meu corpo arrepiava de ressentimentos por Ascaban, meus lábios tremulavam com o choro entalado na garganta. Após algum tempo ali tentando relaxar abri os olhos e vi que a água estava vermelha como sangue, então tive a sensação do meu corpo estar derretendo e se misturando com a água. Tudo ao meu redor foi se silenciando e acalmando até que eu mergulhasse naquela água e adormecesse ali mesmo. Estranhamente me senti em paz, até que entendi que não estava adormecendo, estava sendo levada em uma visão.

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E agora? O que será do nosso Ascaban?? 🫣

A última guardiã da Luz (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora