Um dia especial

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P.O.V Saphira M. Lockwood

É hoje.

Sem dúvida (especialmente meu cabelo) está tudo a discórdia.

Faria qualquer coisa para ter nascido completamente humana e não ter que passar pelo que estou passando. Deixe-me explicar, meu pai é o Alfa da nossa alcateia, então é dever dele fazer com que todos cumpram as tradições, inclusive eu. Há uma tradição em nossa alcateia que diz que todas as fêmeas ao completarem 18 anos devem ser apresentadas aos machos de todas as alcateias dentro do círculo de aliados do nosso território. Objetivo? Encontrar um companheiro. É importante para "a continuidade da espécie" e, mais importante, está marcado nas almas de todos nós. E adivinhem? Hoje é meu aniversário de 18 anos, e eu não poderia estar mais nervosa com toda a agitação da alcateia e de meu pai.

-Saphira! - gritou minha mãe, sua voz ecoando pelo andar de cima da casa. - Você está vestida? Os convidados já chegaram!

-Não, mamãe! - gritei de volta me olhando no espelho e apertando os lábios, eu estava terrivelmente despreparada para isso. -Preciso de ajuda! 

-Cheguei! -disse ela entrando no quarto, ela estava linda, com um vestido longo preto, seus cabelos loiros como os meus estavam presos em um coque, com alguns fios elegantemente soltos, a deixando ainda mais encantadora. -Você está tão linda querida, imagine só quando vestir-se. Seu companheiro terá que ser bem cuidadoso com você.

-Ah, mãe. -suspirei. -Acha mesmo? Só o que vejo quando me olho no espelho é uma enorme bagunça. A senhora que está perfeita.

-Oh, querida, obrigada. -ela sorriu e me indicou a cama para sentarmos, assim fizemos. -Sabe, não sei nem o que dizer, eu e seu pai sonhamos muito com este dia. Se você se acha uma bagunça, não se preocupe, hoje você encontrará alguém disposto a arruma-la ou simplesmente deixar pra lá e amar essa bagunça. Você é linda, não precisa ser arrumada para se sentir melhor.

-Obrigada, mãe. -a abracei sorrindo, suspirei sentindo minhas bochechas corarem pelo nervosismo. -Estou pronta para o vestido.

-Okay. - ela sorriu levantando-se e indo até meu closet. -Vou pegar pra você.

Ela pegou o vestido vermelho pendurado no interior do closet e o trouxe. O modelo é simples, o tecido é bem confortável, o provei várias vezes para conseguir um que me agradasse, ele possui uma fenda alta lateral e um decote em formato de v, além do detalhe dos bolsos laterais.

-É lindo

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-É lindo. -sorri levemente tocando o tecido.

-Digno, eu diria. -disse mamãe, orgulhosa.

Eu peguei o vestido e o vesti rapidamente, minha mãe ajudou com o zíper, em seguida calcei meu salto dourado para terminar. Olhei-me no espelho e vi que o vestido estava realmente me deixando bonita, só ficou um pouco mais apertado em meus seios do que deveria, devo ter engordado, mesmo assim o decote continuava ótimo. Minha maquiagem está linda, simples e marcante, apenas um delineado para destacar meus olhos verdes e um batom vermelho no tom do vestido. Nada de blush, eu detestava, preferi a minha cor pálida natural. Meus cabelos loiros estavam soltos e meus cachos estava bem modelados nas pontas, meu cabelo era ondulado, o que já ajudava, embora hoje ele tivesse dado um pouco de trabalho para modelar.

-Você está linda querida. - disse minha mãe apertando meus ombros mirando meu reflexo no espelho com os olhos marejados. -Temos que descer para o salão agora, todos os convidados estão lá, sua avó e suas tias já estão aqui também, a família toda na verdade. Seu pai insistiu.

-Muitas pessoas? -engoli em seco. Eu odiava multidões, ainda mais quando eu seria o centro das atenções, sem falar do drama familiar. 

-Sim, ah, o Alfa Supremo estará aqui também desta vez, ele quase não pode vir à cerimônias assim. -ela disse passando a mão em meus cabelos carinhosamente e sorrindo. -Seu pai ficou muito feliz. 

-O-o Al-f-fa Supr-e-mo? -gaguejei, eu nunca o havia visto, mas sempre tive medo dele, meu pai havia nos contado histórias sobre ele nas batalhas de outras alcateias, eu sempre tive uma ideia de que ele seria apavorante, minha loba interior deu um salto ao ouvir que ele estaria aqui, ele provavelmente já está aqui. 

-Não se preocupe querida, sei que tem medo por causa das histórias que seu pai conta. -ela sorriu para me confortar. -Estamos em paz com ele. Então, se o vir, haja naturalmente, com respeito e tudo ficará bem. Dizem que ele é um pouco alterado quando lhe faltam com respeito, então apenas seja educada.

-Okay. -assenti suspirando e passando a mão pela saia do vestido dando uma última olhada no espelho e ajustando meu decote para garantir que nada escaparia. -Vamos.

-Vamos. -mamãe concordou, animada.

Saímos do quarto fechando a porta. Ao ouvir o baque da porta atrás de mim pensei: não tem mais volta, é agora. Minha loba estava em êxtase me deixando um pouco agitada, sempre é difícil controlar as emoções dessa entidade que mora dentro de cada um de nós, lobisomens, nem sempre concordamos ou reagimos da mesma forma. Vamos conhecer nosso companheiro! Sim, ela está empolgada, confesso que eu também estou, mas ainda sim com medo, eu não sabia como seria e me sinto exposta demais com isso tudo, como um cordeiro indo pro abate e não uma loba, como se fosse me exibir numa vitrine. Queria conhecê-lo de forma natural, queria que a vida me levasse a ele e não ter uma cerimônia enorme para atraí-lo e me forçar a encontra-lo. Talvez ele nem esteja aqui esta noite, pode acontecer. Ele estará, disse minha loba, e ela não tinha dúvidas, então... se uma de nós estava confiante eu deixaria para ela a responsabilidade de saber o que fazer quando o encontrássemos.

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