Violeta

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POV. Saphira

-É real. -concordei sua primeira afirmação desde que começamos a conversar, senti meus cabelos serem jogados para trás por uma brisa suave que passou como se dissesse "tudo vai se resolver", mas eu não queria promessas, eu queria que tudo se resolvesse de fato e de uma vez por todas. Os cabelos de James foram jogados para frente, seus fios negros pairavam por seu rosto sem o tocar de fato, como alguém poderia ser tão irritantemente lindo assim?! Eis a questão. Mas mesmo assim, parece que o vento estava contra ele. Não era o único.

George passou por nós com as malas e adentrou o hotel passando pelas portas de vidro rotatórias. Okay, vamos ver meu quarto, espero que seja bem longe de James.

Olhei-o por mais um segundo e sai em direção ao colossal hotel, era realmente enorme (me pergunto como, alguns segundos atrás estávamos em meio a uma floresta onde não havia nenhuma construção dessa magnitude há um raio de 300 quilômetros e agora aparece isso). Feito em detalhes dourados e branco, parecia mais prata, bem bonito. Apenas queria entrar em algum quarto, sozinha, ligar para minha mãe lamentando da minha vida e depois pedir dinheiro para pegar um ônibus e voltar pra casa. Sei que o melhor é ficar aqui, mas não me peça pra ficar conformada com isso ou aceitar assim. Não sei você, mas eu não vejo nada de ruim nisto. Amiga, é um hotel 1000 estrelas, em um lugar exótico que nunca fomos e estamos com um lindo homem conosco. Por que diabos você não para de reclamar e aproveita o melhor dessa situação?! Ora, cale a boca! Passei pela porta giratória e encontrei com George que parou pra falar comigo.

-Senhorita Lockwood, aqui está a chave do seu quarto. -ele me entregou uma chave com o chaveiro número 316, fez uma leve reverência (coisa de lobo) e saiu do hotel.

Olhei para a chave em minha mão, bem, vamos procurar esse quarto. Em que andar seria? Eu não conheço nada desse lugar. Você já ouviu falar em perguntar a alguém? Pedir informações? Tudo bem espertinha, é claro que eu pensei nisso. Vou perguntar à recepcionista no balcão ali à frente, era uma senhora de meia idade com um sorriso simpático que atendia um homem baixinho do outro lado do balcão de mármore cinza. No entanto assim que dei o primeiro passo para ir em direção à ela, senti duas mãos em minha cintura me puxarem para trás de encontro a um corpo. Ele não tem mais nenhum lugar pra estar se não ao meu lado?!

-Sinceramente? -sussurrou ao pé de meu ouvido. -Não mesmo.

Tá legal, odeio sentir isso. Meu corpo inteiro se arrepiou e meus sentidos se voltaram para ele. Como pode ter esse efeito sobre mim? Em poucos minutos eu estava agindo normalmente, agora parece que estou sobre efeito do Cio. Não, isso se chama: "Ahá! Eu estava certa o tempo todo e nós temos uma verdadeira queda do monte Everest por esse lobo." Apenas isso. Eu já mandei você calar a boca hoje? Sim? Bem, preciso fazer isso de novo, cale a boca. Não preciso que me lembre disso de novo.

-Você vem comigo. -sussurrou. Eu me virei para ele ainda hipnotizada por sua voz. Oh céus, era impressão minha ou ele estava ainda mais lindo do que quando o vi há 10 minutos? -Eu estou ancioso para conhecer nosso quarto.

-Espere. -pisquei duas vezes. -Nosso quarto?!

-Sim. -entortou a cabeça me olhando. -Nosso quarto. Por enquanto, não ficaremos aqui para sempre, apenas por dois dias.

-Não posso dormir em um quarto separado do seu? -perguntei frustrada já sabendo a resposta. Tem sorte de eu não poder matar você por ser tão estúpida.

-Jamais! -seus olhos ficaram violeta, violeta? Nunca vi os olhos de um lobisomem ficarem violeta, sempre quando estavam emocionante mais intensos seus olhos ficavam em um tom mais escuro que podia variar do cinza ao preto. Nunca violeta. -Você ficará comigo, jamais longe. Longe não. Nunca!

Sem dúvida ele estava um pouco transtornado, mas o que há demais? Foi apenas uma pergunta. Não queria essa reação.

-Hey. -chamei sua atenção para meus olhos preocupada, não queria um escândalo na portaria de um hotel cheio de humanos por todos os lados. -Calma, não foi minha intenção te deixar com raiva. Desculpe, eu apenas... Esquece, não tem problema nenhum tá, vamos logo ver o quarto.

Hesitei em levantar uma de minhas mãos, mas o fiz, levei-a até o rosto dele e desta vez para minha surpresa, não houve protesto. Seus olhos agora violetas me encararam estranhamente, não haviam palavras para descrever o que era aquilo, o que posso dizer é que era... Intenso. James parecia estar, não sei, era como se houvesse uma parte dele despertando e ele estivesse reprimindo-a enquanto me olhava. Nunca senti nada assim, eu não ouço mais o lobo dele, é como se não estivesse mais lá. Como se tivesse sido... Substituído por... não sei.

James fez meu coração quase saltar da boca, em um único movimento ele selou nossos lábios em um beijo que fez meu coração ir à lua. Havia algo diferente nele, nossas línguas se encontraram e houve outro choque. Suas mãos se agarraram ao meu corpo, desde minha cintura à minhas costas, de vez em quando tocavam meus cabelos. Minhas mãos se fixaram em seu abdômen e seus cabelos. Pelos deuses. O ar infelizmente se fez necessário, e nos separamos lentamente.

Meus olhos estavam fechados, abri-os devagar e contemplei um rosto mais que escultural que olhava-me como se eu fosse sua obsessão, talvez fosse. Seus olhos continuavam violeta e em seus lábios brincava um sorriso torto.

-Seus olhos. -falei com um fio de voz o olhando curiosa. -Estão violeta, isso não é normal, é?

-Ah, princesa, -sua expressão era séria e ao mesmo tempo um pouco irônica, o sorriso de canto dizia tudo. -não há nada de normal em mim. Não ligue para os meus olhos, -ele passou o braço por cima de meus ombros e começou a me guiar para o elevador. -estou muito mais interessado nos seus, são bem mais bonitos.

Corei. Mas acho que ele estava tentando afastar o assunto. Obviamente está conseguindo.

-Os seus escondem muito mais que os meus. -retruquei enquanto o observava pressionar o botão que nos levaria ao décimo andar do prédio.

-Por isso os seus são mais bonitos, onde há muitos segredos não pode haver pureza, onde não há pureza não há beleza. -murmurou me puxando para dentro do elevador que por capricho do destino estava vazio.

-Não é verdade. -falei levantando a cabeça e o olhando.

-Talvez. -ele riu e me abraçou de lado desta vez pela cintura. Eu achava tudo isso um pouco demais, era, possessivo demais. Mas não é tão incrédula a ponto de dizer que não gosta. Não, acho que não. O elevador começou a subir, eu fixei minha mão no abdômen de James e o abracei, por um momento pude sentir que era mais que uma promessa o que ele havia me dito no carro, "vai ficar tudo bem", senti que não era uma promessa agora quando estava em seus braços, era uma verdade. Aqueles olhos violeta não mentiram sobre isso. Mas certamente escondem mais coisas que um oceano.

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