Capítulo 9.

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Na semana seguinte, todos os móveis já estavam instalados no apartamento e eu já havia organizado muita coisa. As cortinas estavam no lugar e até a maioria das minhas roupas já estavam por lá, só faltava eu. Só faltava eu! Só eu? Que sensação ruim!

Saí mais cedo da loja e passei na casa da mamãe pra pegar minhas coisas e de lá fui pra meu apartamento. O edifício era antigo, mas muito bonito e o jardim que fica na frente e laterais do prédio é bem cuidado. O porteiro do dia ainda estava lá e me recebeu com alegria.

- Bem vinda, moça da cobertura! Quer ajuda com a bagagem? - perguntou alegremente.

- Não, moço do hall do prédio! - agradeci e brinquei fazendo trocadilho - Pode me chamar de Gabi, Sr José. Como passou o dia?

- Ah! O dia foi bom, dona Gabi! Obrigado. Daqui a pouco eu vou indo e o Saldanha, que é o porteiro da noite chega. A senhora ainda não o conhece, não é?

- Não. Conheci o Nildo, no dia que fiz uma festa aqui.

- Então, eu trabalho aqui todos os dias, menos finais de semana. Aí quem fica é meu sobrinho, Elias. Mas de noite tem o Nildo, o Saldanha e o Val. Eles já estão sabendo que a senhora mudou-se pra cá. A síndica entregou o Estatuto do Condomínio?

- Sim. Mas confesso que ainda não li, José.

- Seria bom, sabe? Temos ordens pra ser chatos na identificação dos carros e também quanto aos visitantes dos moradores. A senhora entende, né? Segurança em primeiro lugar... E então, peço que leia as normas.

- Entendo e parabenizo! Pode deixar que vou ler. Agora, preciso ir. Até mais!

Telefonei pra mamãe avisando que já estava em casa e iria terminar de organizar o que faltava. Liguei o som baixinho e fui guardar as frutas e legumes que comprei numa frutaria que fica ao lado do prédio e aproveitei pra limpar o chão e lavar o banheiro. Passei pano na casa toda e espalhei um cheirinho cítrico pelo ambiente, pra trazer bons fluídos. Terminei de organizar o closet e forrei lençóis novos na minha cama novinha. A alegria estava presente pois apesar de tudo, eu estava seguindo e fosse cambaleando ou não, eu buscava paz e principalmente, eu estava focada em mim, na construção de um futuro que só depende de mim para que seja considerado feliz. Mas vez outra... Uma pontinha de tristeza teimava em encostar.

Os dias passavam lento... Embora estivesse o tempo todo ocupando minha cabeça, sempre que eu chegava em casa e o silêncio me abraçava, eu pensava no André. As lembranças de nós dois eram muito fortes ainda. Havia dias que eu estava bem e conseguia planejar um futuro feliz. Mas em outros, eu não enxergava futuro algum. Eu só tinha um passado que me assombrava com recordações de um sorriso que sei, nunca mais será pra mim.

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