Capítulo 14.

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Eu tinha uma rotina bem puxada e o mestrado cada vez mais consumia meu tempo. Além disso, eu trabalhava num projeto de uma nova loja voltada totalmente para jardinagens e coisas do campo, tipo chácaras, sítios. Seria um novo negócio onde eu pretendia inovar e administrar sozinha, mas eu estava tão empolgada com esse novo espaço que não importava-me com o trabalho dobrado. A vida estava boa e eu realmente não tinha do que reclamar. Aos domingos eu costumava acordar mais tarde, mas mesmo assim, fazia questão de caminhar por 40 minutos pelo parque que fica perto da minha casa. E foi num domingo ensolarado que eu avistei uma assombração, junto de um banco de jardim, olhando-me com sorriso meio de lado, meio sem jeito.

André? Que droga é essa? -pensei.

- Oi Gabi! - cumprimentou-me, aproximando-se de onde eu estava. - Há quanto tempo, né?

Não respondi, apenas balancei a cabeça com movimento afirmativo. Devido a corrida, estava um tanto ofegante, o que ajudou bastante para disfarçar o susto e certa apreensão ao vê-lo após tanto tempo.

-Um ano e dois meses, depois daquele dia, lá no cartório... Faz tempo. - Disse ele, olhando para o nada. Acredito que estava um pouco nervoso, pois parecia inquieto.

- É... Faz um tempinho já... - respondi, enquanto desmanchava o rabo de cavalo que havia feito no cabelo e o prendia novamente, para arrumar os fios que haviam soltado durante a corrida. - Como tens passado?

- Tudo indo. A construtora está bem. Meus pais perguntaram por você dia desse... Pediram pra te mandar lembranças caso eu te visse. - e ficou em silêncio, olhando pro nada, como se procurasse sobre o que conversar.

- Manda lembranças pra eles também. - falei sem interesse. Eu não estava nem aí para como estava a vida profissional dele, dos pais e muito menos saber de como ele estava. Na verdade, eu estava muito incomodada em ficar tão próxima dele e ouvir a sua voz e com a mínima vontade de bater papo. - Bom, vou indo. Tenho coisas importantes pra fazer. Até mais!

- Não, Gabi, espera!- Pediu. - Espera, por favor... Não faz assim... Acho que merecemos uma conversa cordial. Somos ou não civilizados? - E riu meio sem graça.

Aquela situação era muito esquisita pra mim. E o mais interessante é que eu não tinha a menor vontade de ficar perto dele, nem de ouvir o que ele teria pra falar, pra ser bem sincera, eu estava super irritada com esse "encontro" e ao contrário do que eu imaginava que sentiria caso visse o André, tipo, tremedeira nas pernas, palpitações ou vontade de chorar, eu não estava abalada e muito menos balançada pela sua presença. Mas mesmo com todo o desinteresse que minha cabeça garantia e meu corpo demonstrava, eu esperei pra ouvir o que ele tinha pra dizer. Estava, de certa forma, curiosa, afinal, o que pretendia André? Qual o motivo desse suposto encontro "espontâneo"?. Apontei pro banco que estava perto e seguimos em silêncio. André parecia pensar nas palavras. Eu pensava nas mentiras que ouviria. Sentei-me e olhei pra ele, esperando, assim como ele pediu.

- Antes de qualquer coisa, devo dizer que você está linda. Não que você não seja linda, mas é que realmente você está muito mais linda. - falou, analisando-me dos pés à cabeça. - É bom te ver assim, saudável e bem cuidada. Não que você não era...

- Esse "encontro" foi proposital ou você está praticando exercícios físicos, agora? -interrompi todo aquele blá blá blá, que já me dava ânsia de vomito.

- Não... Er... Eu soube que você morava aqui perto e ... Bem, eu sabia que você costumava caminhar aqui e...

- Tá me seguindo? - perguntei com indignação. - Quem anda te contando sobre minha vida?

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