Capitulo 23.

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Acordei no meio da noite e não consegui mais pregar o olho. Apesar de estar encantada com Renato e, confesso com sorriso no rosto, bem envolvida por toda essa situação, sinto que devo colocar um freio nos acontecimentos e ir mais devagar. Não sou mais adolescente e muito menos quero quebrar a cara de novo. É fato que ele está bem insistente e eu até gosto disso, principalmente se eu estiver interessada, mas quero que as coisas aconteçam devagar. Se tiver que rolar algo entre nós dois, não pode ser no passo que vai.

Decidi levantar antes mesmo do sol nascer. Li alguns e-mails, terminei um artigo para apresentar no curso, organizei a cozinha e fui correr no parque. Adorava sentir a brisa fresca das primeiras horas da manhã e enquanto corria, pensava em tudo o que havia acontecido no final de semana e no longo telefonema de Renato. Repassei minha vida amorosa como filme na minha cabeça e tentei entender o que o beijo de Renato e todas as sensações que o seu toque me proporcionava. Passei no apartamento de mamãe para levar umas coisinhas que comprei pra ela e para meu padrasto e fomos juntas até a loja. No caminho, contei para ela sobre a viagem, sobre o congresso e as pessoas que conheci. Deixei meu "novo amigo" fora do assunto por enquanto.  Não queria badalação sobre nós dois.  Enquanto dirigia, o som das mensagens chegando no celular disparavam meu coração. "Será ele?" - eu pensava.

Após uma breve reunião com a equipe de vendas do setor de iluminação, fui verificar minhas mensagens: Uma do meu irmão. Algumas de Betina. Duas do supervisor da loja e ... Nenhuma de Renato. Não vou negar que uma pontada de ansiedade me entristeceu. "Ontem ele foi tão insistente. Conversamos madrugada a dentro sobre tanta coisa... Contou dos pais, do trabalho, do filho... Será que o menino adoeceu novamente? Vai ver é isso. Ou não." Eu remoía em pensamentos e isso me agoniava. Liguei pro consultório do meu psicólogo e pedi um atendimento meio de urgência naquela tarde. Conseguiram um horário após o almoço e durante toda a manhã, enfiei a cabeça no trabalho e consegui não pensar em toda a novidade que invadia minha vida.

- Do que você tem medo? - perguntou o psicólogo.

Pensei, pensei, pensei. - De gostar novamente de alguém e sofrer tudo de novo.

- Sempre vai haver esse risco. De sofrer de novo ou sofrer por novos motivos. Pelo o que entendi, de tudo o que contou, a única coisa mais íntima entre vocês até aqui foi um beijo. O resto é expectativa. - completou.

Depois dos 50 minutos de terapia, volto pra trabalho e encaro mais duas reuniões com representantes de vendas. Vez outra, passo o olho no celular, que permanece quietinho a tarde inteira. Ao final do dia, deixei mamãe em casa e segui pro meu apartamento e foi aí que minha realidade me abraçou. Eu estava só. O apartamento, embora aconchegante e quentinho, estava tão silencioso que chegava incomodar meus ouvidos. Eu havia erguido um muro de proteção que impedia os homens de se aproximarem de mim. Eu havia dedicado meus dias aos estudos, ao trabalho, à minha família e amigos e a última coisa que eu iria fazer era me apaixonar. Mas hoje, senti algo diferente. Senti que estava sozinha e que muitas vezes, meu choro de passarinho antes de dormir,
era de solidão. Eu não pensava mais no meu casamento, nem no meu ex-marido e nem em toda a agonia que foi minha separação então, por qual motivo eu ainda me protegia? Eu precisava dar uma chance e me permitir conhecer alguém. Essas coisas martelavam minha cabeça insistentemente e nem um banho longo quente me fez relaxar. Tomei um copo de leite morno com canela e me aconcheguei entre os lençóis da minha cama. Procurei não pensar na viagem, no encontro com o moço do aeroporto, em nosso beijo e toda a ansiedade que meu celular silencioso causava. Deitei cedo e entre a leitura de um livro de gestão empresarial, dormi.

* * *

Passava das 8 da manhã quando a claridade que invadia meu quarto, através da vidro transparente da janela, me fez abrir os olhos. Levantei meio apressada pois sabia que passava do horário de sair para o trabalho. Tomei um banho frio para despertar o corpo e preparei um café pra forrar o estômago e enquanto a água fervia, peguei o celular que havia ficado sobre a bancada da cozinha na noite anterior. Havia 4 chamadas não atendidas e 1 mensagem. Nesse momento o coração começou a bater mais forte. As 4 chamadas não atendidas eram de Renato, bem como a mensagem ainda não lida. A primeira ligação ele fizera as 22:00 horas e a última, as 22:45. A mensagem ele enviou as 22:50. "Poxa! Ele ligou e eu não ouvi..."
O fato de ter apagado no sono, de tão cansada e ainda por cima ter esquecido o celular sobre a bancada, fez com que eu não ouvisse o som dele me chamando. Como não atendi, Renato enviou uma mensagem pra mim. Rapidamente, abri e li com coração pulando de alegria.

"Querida, Gabi. Como foi seu dia? O meu foi corrido e atrapalhado. Como já havia te dito, fiquei com meu filho e ele ocupou grande parte do meu dia. Entre levar e buscar na escola, tive 2 reuniões. Fazê-lo tomar banho, jantar e dormir é quase uma maratona. Depois dele apagar de sono e eu finalmente poder comer e tomar um banho sossegado, vi que as horas voaram e eu não te liguei. E eu queria ter ligado mais cedo. Queria ter falado com você. Mas quando parei e vi o adiantado da hora, cogitei não ligar. Mas liguei e torci pra que você atendesse. Infelizmente não ouvi seu boa noite. Mas hoje quero muito te encontrar. Pode almoçar comigo? Beijos, Renato."

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