Capítulo 33.

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Dei uma última olhada no visual, peguei minha pequena bolsa e desci até o hall do prédio. Renato veio me encontrar na porta do edifício. Estava lindo, cheiroso e com um riso discreto no rosto. Achei ele um pouco nervoso. Ao se aproximar, pegou minhas mãos e as beijou, entrelaçando os dedos nos meus.

-Está linda, Gabi. - falou olhando dentro dos meus olhos.

- Senti sua falta. - respondi com sorriso.

- E eu a sua, moça! Gabi... - pigarreou enquanto me conduzia até o carro. - Eu, quando marquei esse jantar, não contava com algo inesperado... Bem... Deixa te apresentar meu filho, Pedro.

Renato abriu a porta e um lindo garotinho, no banco de trás do carro, me olhou com olhos arregalados e testa franzida. Meu coração parou nesse momento tamanha foi minha surpresa e estranheza da situação. Mas não deixei que ele percebesse nada. Nem mesmo minha mudança de respiração ao choque que foi conhecer o filho do meu pretendente sem aviso prévio. Entrei no carro e cumprimentei o garotinho.

- Oi, Pedro! Tudo bem? - estendi a mão para cumprimeintá-lo e ele recolheu-se ao fundo do carro, pronunciando um monossilábico "sim".

- Eu estou com muita fome e você? - tentava puxar conversa enquanto Renato dava partida no carro. Mas o menino calou-se e travou o olhar no brinquedo que segurava. Não forcei a barra e voltei minha atenção para Renato, cujo semblante estava apreensivo. Acariciei-lhe o rosto e deslizei minha mão por seus cabelos até sua nuca e com olhar piedoso e sorriso tranquilo disse que estava tudo bem e perguntei o motivo dele não ter falado que traria o filho.

- Desculpe... Cheguei e a Fernanda já me esperava. Teve uma viagem e não me informou. Não consegui ninguém pra ficar com ele. Não queria desmarcar com você... Puxa! - suspirou em desabafo- Que situação!

- Já disse, não há problema algum. E a viagem, foi boa? - perguntei mudando o assunto.

Enquanto Renato falava sobre as coisas que havia resolvido e contratos firmados, eu rapidamente pensava em como agir naturalmente com a presença do filho dele durante o jantar. Uma criança entre nós dois pra noite de hoje não estava nos planos, mesmo! Guardei qualquer tipo de expectativa sobre algo mais íntimo e tentei pensar no quanto também estava estranho pro pequeno, um jantar no meio da semana com uma completa desconhecida na vida dele. Eu precisava ser atenciosa sem ser grudenta. Eu tinha a certeza que a noite de hoje seria repassada para a mãe dele, do jeito que a cabecinha dele entendesse, então, minha responsabilidade era enorme.

Ao chegamos no restaurante, Renato pediu uma mesa pra nós três. Enquanto esperávamos, o menino sequer olhava pra mim ou para o pai. Mil perguntas faziam fila na minha cabeça mas procurei manter-me quieta e falando sobre a minha semana e a reta final do mestrado. Quando finalmente a recepcionista nos encaminha para uma mesa, Pedro sai correndo pelo restaura e exclama:

- Vovó! Vovô!

Olhei espantada e lá ao fundo do salão, uma mesa com o casal de velhinhos que eu havia conhecido no aeroporto e um outro casal um pouco mais jovem, nos olhavam sorrindo.

- Isso parece brincadeira, só pode! - falou Renato, com sorriso nervoso e quase sem acreditar no atropelo e coincidências dessa noite.

- Seus avós? - perguntei com riso quase congelado.

- Olha, Gabi... Te juro que era pra ser uma noite só nossa. Pra gente conversar, falar de nós dois e ...

- Mas quem disse que a gente não pode sentar, conversar, falar de nós dois, comer uma comidinha gostosa e ter a companhia do seu filho, dos seus avós e daquele outro casal que ainda não conheci? - Perguntei, tranquilizando o moço que parecia estar vermelho tamanha incredulidade e até comicidade pelo planejamento e não realização de uma possível noite romântica.- Vamos até eles?

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