Re-Encontrando o Amor.

Capítulo 7.

A van que nos pegou no aeroporto e levaria para Búzios não estava lotada. Além do motorista e do guia turístico, havia um casal de Minas Gerais e nós 6. Geraldo, nosso guia, carioca da gema, era super gente boa e falava sem parar sobre o Rio, as ruas por onde passávamos e cada paisagem que ele conhecia. Era engraçado a mistura de sotaques que se encontrava dentro da van e ele dizia que amava trabalhar com turismo justamente por isso, pois amava conhecer pessoas diferentes, de costumes diferentes e aprendia sempre mais sobre um Brasil que o próprio brasileiro desconhece e não valoriza. E continuava falando e falando e falando...

Eu confesso que a estrada me deu sono e juntou o cansaço da viagem, com as poucas horas de sono da noite passada e eu acabei dormindo por quase todo o trajeto. Chegamos quase no final da tarde. Geraldo nos deixou na pousada e falou que passaria na manhã seguinte para nos mostrar as praias. Recomendou o final de tarde no píer e de lá caminhar na Rua das Pedras, uma simpatia o Geraldo. A pousada em que nos hospedamos era rústica e super aconchegante. Pegamos um folheto na recepção onde havia um mapa da cidade com os principais atrativos. A recepcionista nos indicou visitar o Centro de Turismo para pegar maiores informações e também se colocou à disposição para indicar lugares legais. Fiquei num quarto com Betina e Jú, que estava muito cansada, os pés inchados e foi a primeira a ir tomar banho. Enquanto Betina guardava suas coisas, fui pra varanda aproveitar a vista do lindo mar azul e de um céu de paz que afagava meu coração. Aproveitei o momento pra ligar pra mamãe e dar sinal de vida.

Contrariando as recomendações tanto do guia como da recepcionista sorridente da pousada, optamos por descansar e jantar todas juntas no restaurante da própria pousada, afinal, não seria justo deixar nossa amiga gravidinha sozinha e ir aproveitar a noite, mesmo sob os tantos protestos que ela fez. Era 9 da noite quando descemos pra jantar.

- Boa noite, meninas! - um simpático garçom nos atendeu.

- Boa noite! - falamos todas juntas.

- Primeira vez em nossa pousada? - continuou com sorriso honesto no rosto

- Sim! Primeira vez em Búzios! - falou Nanda.

- Ahh! Vocês vão adorar cada pedaço daqui. E de onde vocês são?

- Recife. - Respondeu Lorena.

- Não conheço pessoalmente, mas sei que tem belas praias também! E o que vão pedir pra celebrar a noite? Posso sugerir?

- Claro! - Betina afirmou animada.

- Espumante com frutas vermelhas e hortelã. É doce, refrescante e especial, para celebrar uma viagem especial. Para a nossa amiga grávida - olhou pra Jú - sugiro suco de frutas amarelas com especiarias.

- Perfeito!

E assim seguimos com nossa noite especial de amigas, com drinks especiais, comidinhas leves e saborosas e muitas risadas. Cada uma das meninas falava dos últimos acontecimentos da vida delas e também lembramos momentos felizes das nossas vidas onde cada uma esteve presente. Foi uma noite agradável ao lado de pessoas especiais e importantes pra mim o garçom tinha razão! Era uma noite especial. Já era madrugada quando fomos dormir. E eu estava leve. Pela primeira vez depois de tanto tempo eu me sentia bem, com uma paz acarinhando meu coração e era tão boa essa sensação que eu nem conseguia acreditar que finalmente eu pudesse estar me refazendo de uma perda tão cruel.

Depois da comilança do café da manhã, saímos juntamente com o guia pra conhecer a cidade. Fizemos um tour pelo centro, pelas praias e mirantes. Nos mostrou onde ir aos finais de tarde e apresentou sugestões de passeios para aproveitar ao máximo os próximos 3 dias. Fomos almoçar por volta das 14 horas e depois disso ele nos deixou na pousada e ficou de nos reencontrar no dia da volta para Recife. Até lá, estávamos realmente por nossa conta desbravando Armação de Búzios. Após um banho rápido, fomos curtir o pôr do sol no píer. Foi tão gostoso caminhar pelas ruas cheia de pessoas lindas, alegres... E a gente tagarelava e gargalhava igual adolescente, achando graça em tudo e aproveitando cada minuto como se o tempo fosse acabar.

Já no famoso píer, sentamos num banquinho todas juntas e aproveitamos para fotografar os barcos que chegavam ou partiam. Cada um com uma frase ou nome diferente e cheios de cor. Aos poucos, ancoravam e deixavam a praia com cara de vila de pescador. Só que uma vila chiq. Depois que a noite caiu, fomos passear pela Rua das Pedras e aproveitar para fazer compras. São muitas lojas e cada uma mais linda que a outra. E entrávamos em todas! Comprei algumas bijuterias e um vestido pra minha mãe. Saídas de praia e saias coloridas e com renda para presentear minha cunhada e camisas para meu padrasto e irmão. E foi quando eu estava escolhendo camisas para os " homens da minha vida" que minha memória traidora trouxe o rosto do André.... Sacudi a cabeça com força para esvaziar os pensamentos. Voltei pra realidade com o berro de Betina:

- Olha, meninas! Uma sorveteria! Lembra que aquele moço lá do aeroporto falou pra gente provar os sorvetes? - olhou pra mim e piscou. - Vamos entrar! - e gargalhou.

- Betina... Lembra que te falei pra não ficar insinuando nada pra mim? - falei sem jeito.

- Mas o que eu disse, florzinha?

- Piscou e riu, insinuando coisas!

- Não, não... E vamos provar os sorvetes!

A sorveteria estava lotada. Cada sabor mais diferente que o outro. Provei alguns e me encantei pelo Romeu e Julieta.  "Não é que o tal moço tem razão! Isso é divino! Pronto! O melhor sorvete do mundo!"

- Como é o nome dele? - perguntou Maitê.

- Romeu e Julieta - respondi com a boca cheia.

- Gabi! - gargalhou Maitê - Eu pergunto daquele homem lindo que foi falar contigo lá no aeroporto. Como é o nome dele?

Renato.

- Não lembro. Acho que é Marco... Sei lá. - respondi me fazendo de desinteressada.

Na verdade eu estava mesmo sem interesse nenhum em qualquer homem que aparecer na minha frente nem que estivesse pintado de ouro. Mas é claro que cega eu não era e tão pouco sofro de amnésia. Renato era lindo e tinha os olhos brilhantes e um sorriso de derreter um coração. Mas o meu tava moído e eu pretendo o congelar.

E assim os dias em Búzios foram passando. Passávamos as manhãs na praia, tomando caipirinha, bronzeando a pele, mergulhando nas águas geladas e jogando conversa fora e terminávamos o dia no píer, olhando o sol baixar devagarinho e o céu ganhar tons dourados. E nossas noites era de passeios e compras nas muitas lojinhas e feirinhas de artesanato. E nesses dias junto com minhas amigas, conversando sobre tanta coisa, descobrindo sobre tanta coisa e desabafando medos e contando sonhos, eu fui entendendo que eu precisava seguir. De um jeito ou de outro, meio cambaleando, meio sem jeito e sem saber como e por onde, mas eu tinha que seguir. Decidi que cuidaria de mim e apenas de mim. Retomaria meus planos de vida, deixados pra trás no dia que me casei. Enfrentaria os dias com mais coragem e mesmo quando o coração baqueasse e as nuvens escuras encostasse na minha cabeça, eu lembraria de cada promessa que fiz em cada Pôr do sol que vi em Búzios. E que o vermelho dos flamboyants, presente nas ruas alegres dessa cidade tão cheia de vida, seria minha motivação para seguir firme e crescer além do que um dia eu pensei chegar. Eu criaria asas e voaria até onde eu desejasse.

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