A mãe do Linkin não tinha apresentado melhoras, mas estava estável. Eu fui até o hospital naquele dia e por incrível que pareça meu nome ainda estava na lista de pessoas que podiam visitá-la.
― Olá dona Martha ― eu disse sentando ao lado do leito dela ― Martha, eu acho que posso chamá-la assim. Eu não sei se o Linkin falou, mas o Edu passou de ano. Ele está mais alegre, voltou a ter uma boa relação com os colegas de sala. Enfim está bem. Ele é um bom garoto, os seus dois filhos são (dei uma risadinha), eu vim aqui contar um segredo. Eu não sei bem como dizer isso, mas, enfim, eu gosto do seu filho de um jeito diferente. O Linkin é uma pessoa incrível. Eu meio que estou apaixonado por ele, na verdade eu estou muito apaixonado por ele. Não sei qual sua opinião sobre o assunto, mas eu espero que entenda. Contudo ele vai casar com a Patrícia
"Eu não ia chama a putiane de vadia na frente da mãe dele, mesmo ela em coma".
― Eu acho que a senhora já deve saber disso ― fiquei pensando um pouco e por fim disse ― Apesar de todo o meu sentimento por ele, eu não vejo futuro nessa relação por uma serie de fatores. Não entenda isso como jogar a toalha, mas é uma luta desleal. Eu sou muito bem resolvido, e não quero uma pessoa do meu lado cheia de incertezas. Bem eu só vim aqui mesmo dizer isso e ver como você está.
Continuei conversando com ela. Falei dos momentos maravilhosos que passei com os filhos dela, contei como no começo eu achei o pequeno estranho, e por isso chamei os pais, e isso resultou na minha amizade com o filho mais velho dela, e assim a angústia do meu coração foi diminuindo. A conversa me fez bem, e a vida continuou.
***
Eu seguir com a vida. O Rafael me procurou uns dias depois que fui visitar a mãe dos garotos, e disse que estava trabalhando com o pai e que iria voltar para Universidade, e entre outras coisas. Enfim ele tinha tomado jeito e eu resolvi dar uma segunda chance pra ele, pra nós, pra mim.Janeiro passou assim, eu curtindo o meu namorado que realmente estava ajuizado, e isso me fez tão bem que nem pensava mais "Naquele que não deve ser nomeado".
Eu tinha até postado em uma rede social três fotos com o Rafa no período das férias em uma viagem que fiz com ele para o litoral e no final o "Naquele que não deve ser nomeado" acabou curtindo todas as fotos, pensei em bloqueá-lo, mas no final decidir que seria muita infantilidade da minha parte.
Eu continuava a visitar a mãe deles, contudo sempre ligava para o hospital para saber se ele não estava lá. Nossas conversas eram variadas. Eu contava do meu dia, da minha relação com o Rafael e os meus planos, ou as vezes eu apenas ia ler um livro pra ela ou ouvir musicas. Era a minha terapia para mim.
Fevereiro chegou e pra minha felicidade foi ótimo. Eu já estava com muitas saudades dos meus alunos e dos meus colegas de trabalho. Lecionar é o que eu amo fazer. Ensinar aos meus alunos a descobrir um mundo novo, nossa, isso não tem preço. O primeiro dia de aula chegou e eu encontrei o Edu, que estava maior, mais corado e mais feliz.
Em uma sexta feira eu estava na sala dos professores, quando ouvimos um estrondo muito alto que lembrava algo sendo esmagado, as luzes se apagarão e um segundo depois meu smartphone começou a tocar, na tela pude ver que os alarmes de colisão do meu carro tinham disparados. Eu tinha me atrasado naquela manhã e por isso deixei meu veiculo na frente da escola. Assustado, eu corri para a entrada para ver o que estava acontecendo. Quando cheguei à portaria principal eu desci as escadarias eu vi um Sonata preto completamente enterrado na traseira do meu carro. Que por sua vez estava debaixo de um poste que pela manhã se localizava em pé ao lado do meu veiculo.
― O que aconteceu aqui? ― perguntei ao porteiro.
― O carro preto estava descendo a ladeira quando perdeu o controle e bateu no seu carro professor, ele ficou imprensado com o poste e depois caiu em cima dele ― disse o senhor Augusto.
― Oliver ― Eu me virei e vi Linkin com um corte na cabeça, próximo à falha em seu cabelo militar que por sua vez sangrava um pouco. Ele estava pálido e com alguns hematomas por causa da colisão com o airbag. Vendo a destruição que ficaram os carros e o estado de Linkin. Eu fiquei paralisado.
― Você...o que aconteceu?... Você está bem? ― perguntei. Mas tudo que ele fez foi se aproximar de mim e me puxar para um abraço.
***
Ele foi para enfermaria da escola para uma irmã cuidar dos ferimentos dele a primeira instância. A escola estava vazia devido ao acidente que derrubou o poste principal, deixando a instituição sem energia, todos tinham ido embora, com exceção de poucos funcionários. Eu ainda não tinha falado nada com o irmão mais velho dos Guimarães depois do abraço, pois assim que ele me soltou uma multidão apareceu para ver o que estava acontecendo, e não tivemos tempo de falar nada, já que as irmãs o puxaram pra dentro para saber do ocorrido e fazer os curativos. Eu fiquei esperando a pericia chegar para avaliar os danos, e no final eles constataram que era perda total. Carro de Linkin tinha acabado com a traseira do veículo e o poste tinha feito o resto do serviço. Fui até a enfermaria para fazer um pequeno curativo no corte que fiz enquanto retirava alguns pertences do carro, foi quando cortei a mão. Nós estávamos sentados há uns dez minutos, e nenhum dos dois tinha falado nada ate que ele rompeu o silencio.
― Você não vai falar nada? ― perguntou ele.
― Sim ― disse virando a cabeça para encara-lo ― O que foi que você fez com o meu carro? ― perguntei muito puto da vida.
― Não quer saber como eu estou? ― disse ele indignando.
― Não, eu quero saber porque o seu carro que você ama tanto estuprou a traseira do meu ― disse. Ele e por sua vez começou a rir.
― Qual é a graça? ― perguntei ficando ainda mais bravo.
―Você tem noção do que acabou de falar? ― perguntou ele ainda rindo.
― Linkin Guimarães eu não estou brincando com você. O meu carro não tem nem um ano, tem noção que eu fiquei economizando dês do inicio da faculdade para comprar ele? ― disse ficando vermelho.
― Eu pago o concerto ― disse ele ainda sorrindo.
― Que concerto? Aquilo foi perda total garoto ― disse.
― Eu compro outro ― disse ele ficando de pé mas sentou logo em seguida depois de um desequilíbrio.
― Eu não quero outro, muito obrigado ― disse me dirigindo a saída.
― Oliver ― ele me chamou.
Eu parei, porém não me virei. Permaneci ali esperando o que ele queria dizer. Depois de um tempinho ele soltou.
― Eu estou com saudades de você ― Ouvir aquilo despertou sentimentos em mim que eu pensei que já estavam esquecidos, mas eu fui mais forte.
― Eu não ― disse saindo.
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Amo vocês demais!
X.O
Oliver Porscher
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O Irmão do Meu Aluno (Romance Gay)
RomansPrimeira Fase Oliver é um rapaz recém-formado em licenciatura que vai ministrar aula em uma escola particular de renome na sua cidade e lá se depara com o seu primeiro problema com um aluno. Eduardo que sempre foi um ótimo aluno começa a decair em...