OIMA - Capítulo 02 - Julgamentos Precipitados

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Existem mais de sete bilhões de pessoas no mundo, mas é incrível como poucas têm um efeito tão avassalador sobre nós. Não digo que foi paixão à primeira vista, por que não foi, mas não posso negar que aquele rapaz tinha um grande efeito sobre mim.

"Cara eu estou viajando demais" pensei.

― Oliver Porscher ― disse o cumprimentando.

― Oliver... Pache? ― ele tentou dizer. Eu apenas dei uma risadinha e ele também riu.

― Não, Porscher, eu sei que é complicado a pronúncia, mas a minha mãe é louca por nomes duplos e tem um senso de criatividade horrível ― nós rimos e com isso voltamos à sala de pais e mestres.

― Bem senhor Guimarães ― Eu disse para ele logo em seguida fazer uma cara feia ― Algum problema?

― Prefiro que me chame de Linkin ― disse ele sorrindo. Eu retribuir com um sorriso na mesma intensidade. Então contei a ele toda a situação do irmão, contudo deixei claro que ele era um ótimo aluno. Ele por sua vez apenas ouviu e no final eu perguntei.

― Você não sabe o que poderia está acontecendo com ele? Algo que pudesse explicar esse comportamento? ― perguntei.

― Sim eu sei, porém não é um assunto fácil pra mim ou pra ele ― disse olhando pra baixo. Foi nesse momento que percebi que algo muito grave tinha acontecido na família Guimarães.

― Nossos pais sofreram um acidente de carro há dois meses ― ele disse enquanto inclinava o rosto para cima e fechava os olhos, era notório o quanto falar aquilo era difícil para ele ― Por enquanto somos só nós dois.

Ele disse as palavras com um tom de voz que fez meu coração parar com tanta tristeza, um sentimento tão ruim que contaminou todo o ambiente. Foi nesse momento que eu pude sentir o quanto ele estava sofrendo. Aproximei-me dele e toquei seus ombros.

― Eu sinto muito ― foi tudo que pude dizer, contudo nunca estamos preparados para isso, perder alguém assim, principalmente a família de forma tão trágica, isso é desolador. Ele ficou um tempo calado, mas logo em seguida ficou de pé e disse:.

― Bem! Eu tenho que ir, não sei bem o que posso fazer pelo meu irmão, mas eu espero que você possa ajudá-lo. Eu ainda estou meio perdido ― disse ele com um sorriso amargo.

― Claro, sei que a perda dos seus pais deve está sendo difícil para os ambos. Irei fazer tudo o possível para ajudá-lo ― disse levando ate a porta. Ele fez um aceno com a cabeça, e eu fiquei lá... Caidinho por ele.

Fui para casa naquela noite pensando neles, se estavam bem, se precisavam de algo, perder os pais tão subitamente deveria ser algo muito doloroso. Eu sentia muitas saudades dos meus, pois com o trabalho e vida na cidade é difícil vê-los, principalmente depois que me formei e contei a eles sobre a minha bissexualidade. Era algo que eu queria muito, porém meus amigos diziam que se desejasse eu não precisava falar nada, que isso não era da conta deles, contudo eu não queria viver escondendo algo tão importante sobre mim para os meus velhos, não queria que eles tivessem uma idéia sobre mim que não era verdade.

Enfim, eles não me condenaram, apenas ficaram surpresos, pois eu já tinha levado umas duas namoradas em casa no tempo da graduação. Fora uns comentários de alguns tios, a minha família aceitou de forma muito boa, mas quando eu apareci pela primeira vez em uma foto com um rapaz em uma rede social eu logo vi que não poderia continuar morando com eles. Um clima estranho em casa se instalou. Então decidi comprar com duas grandes amigas um apartamento, a cidade estava cheia deles em construção e nós achamos um bem legal. Era de um casal que antes da entrega tinha se divorciado e nós compramos o AP por um bom preço. Meu primeiro sonho realizado.

O Irmão do Meu Aluno  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora