OIMA - Capítulo 23 - Traição

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"A pior traição sempre vem daqueles em quem mais confiamos, se eu tiver alguma culpa pelo que nos aconteceu, foi por ter confiado fácil demais". David Clark.

Esse era o sentimento que eu estava vivenciando naquele momento. Como o homem que eu estava amando poderia ter me traído daquela forma? Eu me sentia enganado, exposto, violado. Eu confiava a minha vida à ele e como me pagou? Vigiando-me. Isso era a prova mais do que irrefutável que primeiro: eu não o conhecia e segundo: que ele não confiava em mim. Mesmo depois de todo o tempo que nós conhecíamos.

― Sim ― disse ele ― Mas eu posso explicar.

― Não chega perto ― disse colocando a mão no ar quando ele fez menção de se aproximar ― Não chega perto de mim, como você pode Linkin?

― Amor, me deixa explicar, por favor ― disse ele aflito. Pela primeira vez ele usava aquele termo para se referir a mim. Se fosse em qualquer outra ocasião, isso me levaria as lagrimas de felicidade, mas naquele momento só me levava as lagrimas de tristeza.

― Não me chama de amor Linkin ― disse enquanto as lagrimas começaram a cair ― Vai explicar o que? Que não confia em mim? Que me deu um carro para me vigiar? Você não tem nada a explicar, eu vou embora ― disse pegando minha carteira e indo em direção a porta, mas quando estava quase na saída ele me agarrou pelo pulso.

― Você não vai sair daqui até conversamos ― disse ele, uma lagrima caiu dos seus olhos. Eu fechei os meus respirando fundo para suportar o toque dele.

― Nós não termos nada para conversamos ― disse puxando meu braço, mas não consegui me soltar, tentei de novo, mas sem sucesso ― Linkin, me solta. AGORA ― ele apenas fez que não com a cabeça, tentei de uma forma mais violenta, mas ele apenas me virou e me prendeu ao seu corpo, minhas costas ficaram coladas no peitoral dele enquanto ele cruzava meus braços em X na frente do meu corpo. Ele era bem mais forte e seus músculos trabalharam bem.

― ME SOLTA ― gritei pra ele, mas ele foi me puxando até o sofá da sala.

― Sophia, SAIA e não deixe ninguém entrar aqui ― disse ele pra sua assistente, a pobre ainda estava chorando e agora assustada, ela fez o que ele disse, nós deitamos no sofá enquanto eu me debatia e exigia que ele me soltasse, mas tudo que ele sussurrava era "Calma amor, vai ficar tudo bem". Tentei me soltar de todas as formas, mas não teve jeito, então comecei a chorar por causa de toda a situação, eu soluçava como uma criança, ele por sua vez só chorava calado, podia sentir as suas lagrimas pelo meu pescoço. Ficamos ali um bom tempo, meu celular começou a tocar, mas não ligamos. Fui me acalmando até chegar ao estado de serenidade. Respirei fundo e disse.

― Linkin, você pode me soltar por favor? ― perguntei a ele.

― Você vai me deixar explicar? ― implorou ele ― vamos conversar?

― Só me solta, prometo que vou te ouvir ― disse sereno. Ele foi me soltando e eu senti o sangue fluir pelo meu braço novamente que já estava quase dormente. Meus pulsos estavam com uma marca, mas nada comparado com a marca que eu sentia no meu ego. Me sentei no sofá que estávamos, limpei as lagrimas no meu rosto e ele fez o mesmo.

― Estou ouvindo ― disse, mas sem olhar pra ele. Olhava para a parede de vidro, para os grandes caminhões que entravam e saiam da empresa.

― Oliver, eu passei a ser dependente de você, eu já disse isso. Na minha viagem de férias eu ficava todo tempo pensando em você. Aonde você estava, com quem você estava, se estava bem. Eu sempre fui muito controlador, e quando assumi isso aqui ― Ele fez um gesto com as mãos englobando a empresa ― Eu fiquei pior, eu sei que deveria trabalhar nisso. Só que não ter noticias suas, isso me deixava louco. Agatha e Lucy quase nunca saibam onde você estava e eu ficava cada vez mais distraído com isso. No dia que eu perdi o controle do meu carro e bati no seu eu estava pensando em você, eu iria fala com você naquele dia, mas eu estava tão distraído que não vi que fiz besteira e causei o acidente, fiquei muito mal, quando comprei o carro pra você eu não pretendia isso, mas quando a empresa que presta serviços pra Chevrolet me mandou por e-mail a sua rota, já que o carro estava no meu nome, ali surgiu a oportunidade que eu precisava. Isso me deixava mais tranquilo, saber onde você estava, por isso fiz questão de trocar os documentos, assim eu poderia pedir para manter o serviço. Mas isso com o tempo se tornou insuficiente quando notei que você só usava o GPS para saber como estava o transito para ir a escola. E quando você esqueceu o celular no meu carro no dia que formos levar o seu para a revisão, eu não pensei direito e o meu impulso me fez fazer aquilo. Pedi para um dos meus técnicos de segurança colocar um app no seu smartphone para compartilhar a sua localização comigo. Quando nós começamos a namorar eu achei que não seria mais necessário. Mas eu sempre esquecia, ou não queria. Meu plano era conseguir seu celular de volta e retirar o app oculto de lá.

O Irmão do Meu Aluno  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora