Rosinha

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Subimos pro quarto do Zé e ele já veio me encostando na parede, me beijando. Não sei se esse fogo todo é por termos estado dois anos separados. Confesso que sempre achei o Zé meio, lento. Mas sempre tentei não mostrar a minha impaciência. Sempre dava um risinho sem graça. Mas agora eu tava cansada, pode até parecer que eu não fiz nada. Mas eu me cansei sim. Afinal viajei ontem, fui pra talismã hoje, peguei umas horinhas de trânsito caótico e agora eu queria mais ficar agarradinha com ele, debaixo do cobertor, curtindo aquele momento. Então me soltei dele empurrando ele de levinho com as duas mãos. Ele me olhou meio ofendido e confuso então eu expliquei a ele tudo. Ele entendeu e colocou um filme na tv, ligou o ar condicionado, tirou os seus sapatos e disse que eu podia deitar, que ele só ia pedir pra a Maria, a empregada fazer algum lanche. Tirei meus sapatos e deitei puxando o cobertor pra mim. Aquilo estava um clima muito bom, confortável. Logo depois o Zé chegou e deu play no filme desligando a luz. Ficou tudo bem escurinho, ele deitou do meu lado e eu dei o cobertor pra ele. Se aconcheguei mais nele e acabei tirando algumas informações sobre o filme. Descobri que o filme era Uma ladra impossível. E era de comédia.

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Acabamos pegando no sono e quando acordamos já era de manhã. Nós assistimos vários filmes depois de Uma ladra impossível e só pegamos no sono mesmo 2:00 da manhã. E agora já são 12:30. A televisão ainda estava ligada, mostrando os créditos. Peguei o controle e desliguei. Me aconcheguei mais do lado do Zé, não quero sair daqui agora. Tá tudo tão bom. Fechei os olhos quando senti um carinho na minha cabeça. Murmurei baixinho. Ele beijou minha testa e disse:

-Nem me lembro a hora que fomos dormir ontem a noite - ele disse se espreguiçando

-Umas 2:00 - eu disse

-E já são 12:30 - ele disse pegando o celular e checando o horário - seria cedo caso eu não tivesse compromisso. Tenho que ensaiar o repertório do cd. 14:00 hs.

-Tudo bem. Então acho melhor você levantar, comer algo, tomar banho pra não sair na rua com essa carinha de sono - eu disse alisando o rosto dele e beijando logo em seguida - eu também já vou. Meu irmão veio comigo pra cá. E tá no hotel.

-Ei eu não tô te dispensando não - ele disse me beijando e levantando

Tomei coragem e levantei também. Comecei a arrumar a cama quando ele pegou minha mão.

-Não precisa. Num passe de mágica ela se arruma. SOZINHA - ele disse dando ênfase ao sozinha

-Sei o sozinha... Mas é que eu já estou acostumada a arrumar minha cama. A não ser quando eu tô em hotéis. Que as camareiras fazem isso.

-Ok. Tudo bem. Cê que sabe. Mas tem certeza que não quer ir comigo?

-Sim. Eu vou ficar um pouco lá. Meu irmão é ciumento.

-Hm. Chama ele pra jantar aqui hoje de noite. Aí cês dormem aqui. No caso você aqui comigo, seu irmão no quarto de hóspedes né - ele disse rindo me abraçando

-Tá - eu disse dando um selinho nele - mas deixa eu me arrumar primeiro, lavar o rosto que você tem mais tempo que eu.

-Deixa eu abrir uma escova pra você - ele foi no banheiro e tirou uma escova rosinha da embalagem.

-Rosinha? Então quer dizer que já tem meninas que vem aqui? Você não compraria uma rosinha pra você. Provavelmente né - eu disse levantando as mãos em sinal de rendição

-Primeiro, quem compra é a Maria. Ela que faz compras aqui. Tem mais outras empregadas só que elas estão em escala. E ela compra rosa por saber que VOCÊ vem aqui, dorme aqui. Não é pra meninas. Eu não levo outras garotas pra cá e nem sou viado - ele disse explicando tudo calmamente

Eu ri alto e disse:

-Se você diz. Tenho que me lembrar de agradecer a Maria por ter se lembrado de mim - eu disse colocando a pasta na escova

-Impossível não se lembrar dessa menina linda, com seu tom único de cabelo, com seu sotaque paulista mais lindo, com seu charme - ele disse em pé na porta

Olhei pra ele de canto de olho e devolvi o sorriso. Escovei os dentes, lavei meu rosto com água mesmo (eu costumo lavar meu rosto com sabonete da Dove. Mas como aqui não é minha casa, eu não iria abrir as gavetas que aliás são de vidro, dá pra ver tudo que tá lá dentro, nem se o Zé tivesse dado as costas eu iria bisbilhotar.) Olhei pra trás e ele tinha dado as costas. Me abaixei e comecei a olhar as coisas. Tinha produtos de pele, claro, o Zé é vaidoso. Não um metrosexual, mas ele se cuida. Graças a Deus. Ia olhar mais o fundo quando ele chegou e eu tomei um susto me levantando bruscamente. Tentei pensar numa desculpa esfarrapada de eu estar ajoelhada e eu pensei:

-Tô procurando o meu brinco. Acho que caiu aqui - eu disse tapando o brinco com a mão. Ele pediu pra ver como era o brinco e eu ofereci a outra orelha. Enquanto ele gravava o outro brinco, eu tirei o outro cuidadosamente e joguei no chão.

-Aqui! Bem no meu olho e eu não vi! Sou lerda viu - eu disse sem graça me ajoelhando

Ele riu e me puxou pra um beijo. Ele já ia me sentar na pia quando lembramos que era de vidro. Eu terminei de arrumar meu cabelo e dei um último beijo nele pra se despedir quando ele mandou eu esperar só tomar um banho. Eu disse que não, menti dizendo que ia passar na biblioteca ainda, pegava um táxi mesmo. Ele meio relutante aceitou. Então eu desci e fui procurar a Poliana pra me despedir. Ela devia estar na academia. Então eu estava indo pra academia quando o Zé gritou meu nome de lá da escada.

-Mais tarde te mando uma mensagem pra buscar vocês. Aí você me dá o endereço - ele disse e eu balancei a cabeça.

Vi a Poliana já na esteira e assim que ela me viu, ela parou de andar e veio me cumprimentar. Dei um beijo nela e me despedi.

Apaixonada Por Um Famoso Onde histórias criam vida. Descubra agora